Capítulo 96

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-Vamos, me conta. -Eu insisto quando não recebo nada além de seu silêncio. -Seu plano era me sequestrar, fazer eu me apaixonar por você e aí eu largava o Alfonso e por livre e espontânea vontade eu ficaria com você? -Questiono e conforme analiso seu rosto, vejo que se não acertei tudo, fora quase tudo. -É sério que era isso? Não pode ouvir o quanto soa patético?

-Olha, eu estou começando a repensar tudo. Você é extremamente irritante. -Ele me insulta.

-Irritante? Irritante é ter que ficar presa nesse quarto com nada mais além do meu próprio rosto para encarar. Irritante é eu ficar presa aqui sem ver a luz do sol, irritante é ter um MALUCO como sequestrador. -Eu digo elevando minha voz.

-Ei, abaixe o tom de voz! -Ele pede e eu reviro os olhos. -Você não tem mesmo noção do perigo, não é? Apesar de eu ter dito que não pretendia te machucar, você parece querer muito isso com o tanto que testa a minha paciência, e quer saber? Uma hora ela vai acabar.

-Você era quem deveria temer. Não sabe a merda que fez ao me sequestrar, eu quem estou lutando para ter paciência aqui. -Digo, desafiadora e não me importo tanto quanto deveria com as consequências que isso pode trazer.

-Jura? -Ele debocha. -E quem eu deveria temer? Alfonso? -Ele solta uma gargalhada divertida mas põe uma das mãos sobre o curativo improvisado na barriga.

-Não. Alfonso provavelmente ficará furioso quando souber disso tudo e então ele provavelmente te mataria muito rápido. -Eu digo. -Eu adoraria brincar com o seu psicológico antes.

-Por favor, você não assusta ninguém, Anahi. É adorável. -Ele debocha outra vez e eu sorrio mais que satisfeita.

-Eu adoro que pense assim, sério, eu adoro quando todos pensam assim. Acho adorável a surpresa nos olhos quando percebem onde se meteram e já é tarde demais para fugir. -Digo colocando uma das mechas do meu cabelo atrás da orelha.

-É mesmo, e qual a coisa mais aterrorizante que já fez? -Ele pergunta, mas ainda sinto o deboche em seu tom de voz.

-Quem sabe uma hora dessas eu te conto? -Jogo ao vento e dou de ombros.

Ouvimos a campainha soar e corpo todo se retrai na cadeira.

-Você, fique bem quieta aqui. -Diz antes de sair às pressas do quarto, claro que ouço ele trancar a porta antes. Eu volto a comer tranquilamente.

Minutos depois ele volta, eu já estou terminando meu suco e a comida toda já está dentro de mim.

-Era o síndico do condomínio, veio me entrar algumas correspondências. -Ele avisa.

-Eu sei, ouvi a voz do síndico. -Digo somente.

-Por que não gritou? Era sua chance. -Ele pergunta surpreso, posso ver em seus olhos que ele temia que eu fizesse isso.

Eu me levanto, recolho as embalagens de comida e o copo descartável de suco. Vou até ele e os entrego quando ele estende as mãos.

-Porque aí eu seria facilmente culpada quando encontrassem seu corpo morto. Eu prefiro que ninguém suspeite de que eu esteja aqui, aí mais uma vez, o meu rosto adorável vai fazer o trabalho por mim e me livrar de qualquer suspeita ou culpa. -Digo com um sorriso nos lábios, enquanto ele me encara quieto. -A comida estava boa, obrigada.

Eu deixo ele estático na porta, dou meia volta e volto a me sentar na cama.

Pov off

Os dias seguintes foram um completo caos, Anahi estava cada vez mais irritada e Bernardo estava igual. Era difícil saber quem perderia a linha ali primeiro já que os dois discutiam sempre que se encontravam, e a maioria das discussões eram iniciadas por ela.

Por Nossos Filhos - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora