Capítulo 18-E os fantasmas do meu passado se agitam em volta do meu presente.

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BRUNO HUGHES

Minhas sobrancelhas se erguem resistentes ao que meus olhos vêem.

— Olá, garotos.— O Almirante Carlson diz, estendendo a mão em cumprimento.
— O que o senhor está fazendo aqui?— Pergunto
— Qual o objetivo da visita?— Deive questiona ao mesmo tempo que eu.
— É um prazer revê-los também.— Ele alfineta

Eu suspirei, Deive também.

— Desculpe, senhor. — Dizemos juntos, a voz no mesmo tom de quando usávamos quando íamos nos portar ao nosso comandante.
— Quanto a finalidade da minha visita, embora seja realmente digno de admiração o sucesso de vocês no ramo de segurança corporativa, estou aqui por motivos maiores.— Ele adotou sua costumeira expressão austera, seus olhos profundos revelando uma intensidade concentrada.

Todos os três homens, seguindo as indicações que fiz com um aceno de cabeça, acomodaram-se em seus respectivos assentos. Com uma expressão de curiosidade, eu ocupei minha cadeira no centro da mesa, enquanto Deive puxou uma cadeira ao meu lado esquerdo, posicionando-se estrategicamente para estar próximo. A sala agora estava preenchida por uma atmosfera de seriedade, com todos os presentes prontos para mergulhar nos assuntos cruciais que seriam discutidos. Eu posso sentir minha própria curiosidade sendo substituída por preocupação diante dos rostos que exibiam linhas de tensão.

— Estamos com um problema. Precisamos de um pouco de ajuda.— O Secretário disse e uma pilha de papéis foram postos com força sobre a minha mesa.

Um calafrio percorreu minha espinha ao ouvir suas palavras. Meu instinto aguçado de anos de treinamento sabe imediatamente que a situação era grave, pois o governo não recorreria a ex-SEALs sem uma razão significativa. A necessidade de nos envolver após anos de nossa dispensa significava que algo terrível estava acontecendo, algo além do comum.

— Essa é Ava Anderson, senadora e líder da Minoria no Senado.— O Secretário vai falando e espalhando os papéis — Vocês provavelmente devem ter visto os noticiários sobre o sequestro dela.

Eu afirmo com um aceno enquanto tento entender os possíveis caminhos para essa conversa. Tudo que se falava nos noticiários era sobre o sequestro da Senadora Anderson ocorrido há dois dias. Ela estava voltando de uma viagem de negócios à Costa Oeste. Pegou um táxi no JFK mas nunca chegou em casa.

— Estamos correndo contra o tempo para garantir um resgate, e impedir que o sequestro dela acabe desencadeando uma série de eventos perigosos que ameacem a segurança nacional.

Estreitei meus olhos.
— Não consigo compreender como podemos ajudar. Os recursos do governo certamente são melhores que os nossos para localizar alguém.
— Certamente, mas não queremos uma equipe de rastreamento ou resgate, isso nós ja temos. No momento, a área do cativeiro já foi localizada. O que ainda precisamos é garantir que os criminosos por trás de tudo isso sejam neutralizados com precisão e eficácia.

A revelação desafia minha compreensão inicial da situação. Eles não estão buscando apenas resgatar a Senadora sequestrada, mas também eliminar os responsáveis pelo ato criminoso de forma cirúrgica, sem causar mais danos ou riscos desnecessários. E era isso que eu e Deive costuvamos fazer quando éramos parte da equipe Alfa. Um grupo seleto e altamente treinado, composto por indivíduos excepcionais. Éramos a carta na manga da Marinha, onde cada membro trazia consigo habilidades especializadas e um comprometimento inabalável. Eramos uma força formidável, prontos para enfrentar os desafios mais perigosos e proteger os interesses nacionais. Cada um do grupo passou por um rigoroso treinamento, onde fomos testados física e mentalmente para atingir o mais alto nível de excelência. A gente dominava diversas habilidades, desde combate corpo a corpo até táticas avançadas de infiltração e exfiltração. Éramos conhecidos por nossa discrição e capacidade de agir nas sombras. Trabalhávamos em operações clandestinas, onde a confidencialidade era primordial. Nos mantenhamos incógnitos, deslizando pelas linhas inimigas e realizando tarefas críticas sem deixar rastros. Nós matávamos os que os federais não podiam prender, matávamos os que o alto escalão da Marinha acreditavam que não pudessem fornecer muita informação útil e matávamos aqueles cujas mortes semearam mais medo nos corações e mentes dos inimigos.

O Abismo dos Desejos ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora