Capítulo 37 - Às vezes, a distância é o único escudo contra o perigo iminente.

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NICOLE SCHILLER 

Quando eu encontrei minha consciência, me sentia ainda meio grogue. Piscando furiosamente, me esforcei para abrir os olhos. No momento em que minhas pálpebras finalmente abriram, tudo que tinha acontecido desabou em cima de mim como um edifício em ruínas. Um grito rasgado saiu de meus lábios quando um carretel de imagens começou a se desenrolar na minha mente, me agredindo. Os braços e pernas que eu não tinha tido energia para mexer antes agora se debatiam violentamente na cama. Meu corpo tremia e convulsionava até que ouvi uma voz calmante à minha esquerda. 

— Shh. Está tudo bem, querida— Disse minha mãe enquanto pegava minha mão na dela.

Bile subiu na minha garganta, e quando eu engoli em seco, minha garganta se enfureceu em agonia. Mas não foi o grito que a deixou áspera e como se tivesse sido cortada por lâminas de barbear. Foi a combinação das mãos fortes do meu agressor ao redor da minha garganta antes que Bruno tivesse chegado para me resgatar. 

Oh Deus, Bruno. Deive.

Meus olhos percorreram o quarto descontroladamente à procura deles.

— Eles stão bem. Só precisavam receber atendimento médico.— Minha mãe me tranquilizou.

— Quanto tempo fiquei fora?— Mumurrei 

— Cinco horas — Ela disse.

No meu tremor, minha mãe apertou mais as cobertas ao meu redor. Quando a encarei, ela segurou meu rosto com ternura.

— Você está com dor em algum lugar?

— Minha garganta é onde mais incomoda— Quando me mexi na cama, alguns pontos nas minhas costas gritaram em agonia, e eu fiz uma careta. — Também estou dolorida nas costas.

— Eu vou avisar aos médicos que você acordou.

— Não.— Eu pedi.

Eu ainda estava consciente o suficiente para me lembrar da equipe de médicos e enfermeiros que me picaram, cutucaram, e inspecionaram cada polegada minha. Eles confirmaram que o que Aaron aplicou em mim foi muito provavelmente um calmante, dado os efeitos. E então eles decidiram que eu deveria ser mantida em observação severa por algumas horas. Presumo que é mais uma avaliação mental do que qualquer coisa relacionada a meus ferimentos físicos. Não posso culpá-los, eu estava uma bagunça. 

Ainda estou. Não importava o quanto eu tentasse empurrar a memória para longe, os eventos horríveis fazia voltas macabras na minha cabeça. 

Choque é o que os médicos chamam enquanto os ouvia garantir a meus pais que estavam extremamente preocupados se eu ficaria bem depois que descansar. 

— Eu não quero ser sedada de novo— Eu recuso. 

Já basta o que ainda corre em minha corrente sanguínea, não posso estar drogada ou dormindo quando Bruno e Deive e finalmente vir me ver.

— Tudo bem — Minha mãe não insiste.— Você quer tomar um banho agora?

Pisquei algumas vezes para tentar limpar meus olhos do inchaço do choro. Quando trouxe o cobertor até meu colo, vi o sangue manchando minhas mãos. Não era meu sangue.

Era sangue dos homens.

Minha garganta travou e senti a sensação de querer vomitar. Com as pernas tremendo, tentei colocar meus pés no chão e testar meu equilíbrio. Não era dos melhores, minhas pernas pareciam pesadas e me puxavam para baixo, fazendo difícil se mover. Mas me apoiando nos móveis eu poderia chegar até o banheiro.

— Sim. Eu preciso de um banho. 

Minha mãe seguiu atrás de mim e ela liga o chuveiro e estabelece uma temperatura quente. O vapor começa a encher o banheiro quase imediatamente enquanto olho no espelho. Estremeço como se recebesse uma bofetada pelo meu próprio reflexo. Justamente eu que sempre trabalhei detalhadamente em minha aparência, sinto pavor do que vejo.

O Abismo dos Desejos ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora