O Abismo dos Desejos Proibidos

Capítulo 32- A distração é por excelência o obstáculo ao sucesso!

BRUNO  HUGHES 

Não foi preciso muito esforço para encontrar sujeira nos casos do promotor. O infeliz tinha merda por todo os lados, era participante ativo do sistema de corrupção, os subornos e as chantagens eram suas ferramentas,  e em menos de uma hora eu tinha uma lista com os principais processos dele. Um deles era um caso que havia repercutido em alguns tabloides, pois se tratava de um deputado acusado de assassinato de três prostitutas. Ferguson foi o promotor  encarregado de conseguir um julgamento justo e fazer com que o deputado pagasse por seus crimes. Olhando o caso eu posso ver que o mínimo de esforço e a vitória era garantida, havia provas demais contra o deputado. Mas incrivelmente o deputado conseguiu se safar.  Ferguson tinha refinado o caso de tão maneira que  poderia parecer um artista da corrupção. 

— Eu consegui a localização do deputado. — Dex diz quando atendo o telefone — Ele está morto.

Cerro os dentes e procuro profundamente dentro de mim mesmo por um fragmento de paciência. Não há nenhuma para ser encontrada. 

— Filho da puta! — Explodi.

— Estou te enviando o endereço. Acho que é bom você vim até aqui.— Dex diz do outro lado.

— Ok.

Desligo o telefone e corro para o meu carro. O GPS mostra uma das propriedades de campo conhecidas do deputado, que fica a mais de 40 quilômetros de distância. Dex e uma equipe dos Knights estão em frente a casa quando estaciono, e  dois deles estão segurando quatro cachorros.

— O que é isso?— Eu pergunto quando estou fora do carro.

Observando os cachorros mais de perto eu posso ver sangue seco cobrindo os focinhos dos animais.

— Os cachorros foram deixados  soltos na propriedade com um banquete na sala . E pelo estrago que fizeram, estavam famintos.— Dex diz,  estendendo um par de luvas na minha direção.— Venha ver o show maldito que Ferguson deixou.

Seguindo Dex, eu entro na casa. Logo na porta eu sou atingido pelo odor de cadáver, e não posso evitar cobrir meu nariz para tentar receber o minimo possível do cheiro que cobria todo ambiente. A cena é caótica, sangue e pedaços humanos espalhadas por toda parte. Os rastros de que alguma fera feroz esteve aqui era evidente. Ferguson era um maldito cruel, e cada vez mais eu sentia um frio na espinha ao pensar em Nicole na mira desse desgraçado.

— Eu já lidei com todo tipo de psicopata, e posso dizer que estamos em uma mão de merda. Ferguson é dos piores.— Dex diz enquanto chuta para longe o que aparentemente já foi uma mão.

Meu olhar se fixa no que restou do corpo do deputado, amarrado com uma espécie de fios em uma cadeira no centro da sala. Metade do seu corpo superior estava quase intacto, enquanto a outra metade era um estrago de ossos e restos sangrentos. A cena era grotesca, uma brutalidade difícil de digerir. A presença das embalagens de carne enlatada aos pés da cadeira só podia indicar um propósito: atiçar os cachorros.

— Como vocês chegaram até a localização? — Pergunto, mantendo-me atento aos detalhes da cena.

— Seguimos o rastro da última vez que ele foi visto em seu gabinete. Ontem à tarde.

— Então a morte se deu nessas 24 horas. — Constato, tentando encontrar algum encaixe que me leve à mente doentia de Ferguson. — Vocês conseguiram encontrar qualquer rastro dele?

— O porão foi estranhamente deixado cheio de rastros dele. 

— Estranhamente?

— Venha ver com seus próprios olhos.