Capítulo 16-Às vezes, tudo que a gente precisa é de uma bebida forte.

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NICOLE SCHILER

Eu não gosto da ideia de ir para minha casa e ter que lidar com as perguntas de Jayden que me conhece muito bem e me faria afundar em melancolia, por isso peço para meu motorista me levar para algum bar.

Eu preciso de uma bebida forte.

Meu motorista me olha com dúvidas, mas me obedece. Em vinte minutos eu estou tropeçando em um bar, soluçando um pedido de uísque para o barman. Enquanto me ajusto em um daqueles bancos altos, eu agradeci pela bebida que foi deslizada pelo bar para mim. E enquanto tento me dar uma conversa interna, eu engoli o uísque como se fosse água. Eu senti o líquido amargo descer pela minha garganta, queimando cada ferida aberta. O álcool é meu refúgio, minha fuga temporária. Cada dose é uma tentativa desesperada de entorpecer a dor, de afogar uma raiva que me ameaça consumir por inteira. Então uma dose se tornou duas, e três, então quatro, até finalmente eu não ser capaz de contar. Estou absolutamente bêbada quando ligo meu celular. Ignoro meia dúzia de mensagens dos meus familiares, porque não desejo saber suas opiniões sobre o que eu deveria fazer com a minha vida e consigo chamar meu motorista. Quando chego na minha casa, tudo que eu desejo é da minha cama e de um banho quente. Mas parece que sou exigente com o pedido, porque assim que abri a porta eu me deparo com Jayden me esperando como um bom pai faria.

— Nicole, onde você estava?

Eu forço um sorriso.

— Eu apenas precisava de um tempo só. Estou bem.

Ela franze a testa para mim.

— Você poderia ter avisado. Eu liguei e mandei mensagens várias vezes.
— Oh. Me desculpe, meu celular descarregou.— Eu menti porque era mais fácil.
— Sua família também estava procurando por você. Vou ligar e avisar que você chegou.

Eu não fui capaz de segurar uma risada, que saiu esquisita por conta da quantidade de álcool circulando por meu corpo.

— Não se dê o trabalho, eles devem estar cientes de minha localização. Você sabe meu motorista? Ele é mais funcionário do meu pai e irmãos do que meu. Sem falar que eu devo ter um gps em cada maldito fio de meu cabelo.— Minhas palavras tropeçam umas nas outras, ecoando a confusão em minha mente embriagada.

Jayden me segue até o meu quarto enquanto eu vou falando e tentando fazer minhas pernas funcionarem.

— Você bebeu?
— Talvez algumas doses.
— Parece que foi mais que isso.— Jayden diz esticando o braço para me amparar quando tropeço.— Por que você se embebedou, Nicole?

Eu sacudi minha cabeça, não querendo falar sobre o motivo da minha bebedeira.

— Eu preciso ter motivo para ficar bebeda?
— Nicole? —Jayden gira em volta de mim, ficando entre mim e a porta do meu quarto  e que eu quero desesperadamente que se abra e me salve dessa conversa.

Não tenho essa sorte. Lágrimas quentes surgem pelas minhas pálpebras enquanto ele me dá um olhar preocupado.

— Você está péssima. O que está errado?

Eu encolho impotente enquanto penso na resposta verdadeira.

Eu percebi que o homem que eu amo nuca será meu. E até nossa amizade foi destruída.

Apenas o pensamento traz lágrimas quentes que ameaçam cair de meus olhos e eu os fecho, recusando-me a deixar que as
gotas espessas exponham a fraude que eu sou.

— Eu bati no promotor e fui presa... — Murmuro, minha voz arrastada e desarticulada.
— O quê? — Ele pergunta, parecendo perplexo.

Desvio o olhar, tentando encontrar algum ponto fixo para me apoiar, mas tudo parece girar e se distorcer ao meu redor. É difícil formar frases coerentes, mas ainda assim me esforço para continuar.

O Abismo dos Desejos ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora