Capítulo 7Dizem que a decepção é o começo para liberar seu caos interno. É fato

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NICOLE SCHILLER

Era começo da tarde quando finalmente comecei a me sentir humana, e tomei um banho. Estava nos meus planos cozinhar algo rápido para o almoço e deitar no sofá como um vegetal, e assistir algo na televisão. Mas tudo cai por terra quando resolvo ler as mensagens no meu celular e encontro uma de Bruno.

Sinto muito, princesa.

Ele está arrependido.

Do que? De quase fazer sexo comigo? De estar noivo? Por ser o maior babaca do mundo?

— Aargh!

Um acesso de ira pulsa dentro de mim. Eu apago a mensagem e
jogo meu telefone na parede. O aparelho cai no chão e se junta aos pedaços do quadro quebrado.

— Você está bem?

Eu levanto meus olhos para ver Deive de pé na porta.

— Mmhmm. Eu estou bem. Apenas com ressaca— Eu forço um sorriso.

Ele toma o assento ao meu lado no sofá.

— Eu imagino que sim. Você parece que se divertiu muito ontem com Luana.
— Me desculpe não ter ficado para o evento. — Eu enrolo minha mão em seu braço e descanso minha
cabeça em seu ombro.
— Tudo bem. Não aconteceu nada diferente dos anos anteriores.—Ele deixa escapar um longo suspiro. — Na verdade, apenas Bruno resolveu trazer uma surpresa. Mas isso você já está sabendo.

Aí está. O motivo real dele ter vindo aqui.

— Sim, estou sabendo.
— Vocês discutiram.— Ele fala, a tonalidade de sua voz começando a se tornar dura.

Eu ergo minha cabeça e olho em seus olhos.

— Foi uma discussão boba como tantas outras.
— Mas ainda quero ter certeza de que você está bem.

Ele olha para mim, e eu sinto que ele pode ver através de mim. Ele
sempre foi capaz de saber quando algo está acontecendo comigo.

— Estou bem. Bruno e eu somos apenas amigos.
— Mesmo?

Eu penso sobre ontem.

— Nossa relação nunca passará de algo fraternal.

Outro longo olhar, e em seguida, ele parece se contentar.

— Eu só me preocupo com você, abelhinha.
— Eu sei que sim e eu aprecio isso, mas está tudo bem. Eu prometo.

Só que não está, e no fundo Deive sabe disso.

Ele deixa escapar um longo suspiro.

— Eu não sou cego pra isso, abelhinha. Eu não sei em qual momento algo mudou entre vocês, mas eu sei que desde pequena você é como uma mariposa às chamas com ele. E você está começando a se perder nisso. Mas use a sua cabeça, você sabe tão bem quanto eu que você não pode lidar com ele. Você sabe disso, certo?

Eu concordo. Não seria preciso um cientista para saber. E a certeza disso faz o caroço na minha garganta tira o meu fôlego. Apesar de querer deixá-lo ir e soluçar incontrolavelmente, eu mantenho o controle.

— Sim. Mas nao se preocupe, eu não estou a ponto de deixar isso me queimar.

Deive acena com a cabeça. Ele pensa que sabe, mas ele não sabe. A verdade é que, se ele soubesse da missa a metade a amizade dele com Bruno estaria ameaçada.

— Eu sei que você é capaz de resolver suas próprias situações conflituosas, mas me deixe saber se algo sair do controle, tudo bem?
— Claro.
— A noite, você quer jantar comigo? Ou você está com humor lixo para isso?

O Abismo dos Desejos ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora