Capítulo 31-Na ilusão de um amor, ela viu um conto transformar-se em pesadelo

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ATENÇÃO: Este capítulo contém descrições explícitas de violência doméstica. Recomendo cautela ao prosseguir, pois os relatos podem ser sensíveis e perturbadores. Se você passa por uma situação semelhante, não hesite em buscar ajuda e denunciar. 


NICOLE SCHILLER 

— Só quando Aaron me trancou naquele buraco e me deixou para morrer que eu finalmente acordei de minha cegueira. E uma pergunta que não parou de me atingir foi: Como eu cheguei naquela situação? Eu estava numa névoa de atordoamento, perguntando-me como minha vida tinha se tornado aquilo.

Anna faz uma pausa para respirar e limpa algumas lágrimas.

— Eu fui filha única, criada por pais amorosos que me ensinaram muito. Mesmo após ter perdido eles em uma idade tão pouca, eu soube crescer forte e saudável. Era uma garota tão inteligente, todos ao meu redor sempre me diziam que meu futuro seria brilhante.

Ela ri com zombaria.

— Talvez tivesse sido se eu não topasse com Aaron Ferguson em meu caminho— Diz com amargor— Eu o conheci em minha formatura. Eu havia acabado de me formar em administração e ele era um jovem advogado que estava prestigiando um amigo que era da minha turma. Com seu cabelo escuro, olhos verdes e pele bronzeada, fiquei impressionada imediatamente. Ele me cativou em todos os sentidos. Aaron era bonito e divertido, e pensei que eu era a garota mais sortuda do mundo depois que ele todo sedutor me chamou para jantar.

Anna balança a cabeça, como se repreendesse sua versão do passado.

— Alguns meses depois nós estávamos namorando. E ele era tão atencioso e gentil que eu jurava que ele seria o marido perfeito. Por isso quando ele me pediu em casamento com apenas cinco meses de namoro, eu fui rápida em aceitar. Eu achava que era um milagre que alguém pudesse me amar e se preocupar comigo do jeito que ele fazia. Mas com o pedido veio nossa primeira discussão. Ele queria que o casamento fosse realizado em menos de um ano, mas eu tinha acabado de assumir a direção da empresa que meu pai fundou. Foi nessa briga onde, hoje eu percebo, ele demostrou os primeiros sinais de ser controlador. Eu estava irredutível em minha decisão, mas após a tempestade ter passado, no entanto, a paz foi totalmente doce. Aaron me fez uma surpresa romântica e eu acabei mudando meus planos. Nos  casamos pouco tempo após o pedido, e os  primeiros dois anos foram muito bom, era um verdadeiro sonho. Quando eu engravidei e Daived nasceu meu casamento pareceu atingir o pico de felicidade. Nessa época ele já havia conseguido se tornar promotor assistente do Bronx enquanto eu havia me afastado do trabalho por um tempo para me dedicar totalmente a maternidade. Aaron me ligava do trabalho pelo menos duas vezes por dia só para ver como estavam as coisas. Nós conversávamos o tempo todo. E ouvir tantas histórias sobre seu ambiente de trabalho me fez sentir saudades de exercer minha profissão. Deived já estava com dois anos, e havia  uma filial da empresa em Nova Iorque e eu pensei que seria uma boa ideia voltar a ativa por lá. Mas quando eu comentei isso com Aaron ele não pareceu se agradar. Ele chegou em casa muito bêbado, me acusando de querer assumir seu lugar de provedor da família. Eu achei difícil acreditar que estávamos tendo uma discussão sobre algo tão trivial, mas então ele arrumou uma mala e saiu de casa.

Não há lágrima à vista.

Suas costas estão retas.

Seus ombros quadrados.

Sua mandíbula apertada.

Raiva irradia dela

— Foi o ponto inicial do seu jogo psicológico porque eu fiquei com raiva por aproximadamente dez minutos. Depois disso, eu estava impregnada de medo. Eu não queria falhar no meu casamento. Por isso eu liguei para ele aos prantos e implorei por seu perdão. Ele voltou para casa somente com a condição de eu vender as ações que herdei da empresa.— Ela faz um barulho angustiado.

O Abismo dos Desejos ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora