Capítulo 4-Na vida todos temos um segredo inconfessável

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BRUNO HUGHES

Na quarta-feira eu ainda não decidi sobre o que vou fazer para concertar a besteira que eu fiz com Nicole. Eu ainda estava confuso com tudo.

Maldição, o que eu tinha na cabeça para fazer aquilo?

Okay que ela é tão curvilínea, quente e doce e eu era um idiota egoísta. Mas eu deveria ter pelo menos tentado guardar para mim os meus pensamentos em relação a ela. Se eu fosse capaz de fazer isso, talvez agora não precisaria me preocupar com o destino da nossa relação e não teria Deive respirando no meu pescoço.

— Idiota!

Eu solto uma respiração profunda enquanto abro meu computador. Quero acessar meu email para responder algumas pendências, mas sou distraído quando minha porta é aberta. Olho para cim para encontrar meu sócio e melhor amigo. Eu normalmente gosto das visitas dele, ninguém sabe resolver problemas de negócio de Nova York como Deive.
Dito isto, ele também não é um homem para parar o trabalho para fazer visitas casuais, e isso me deixa  cauteloso porque sei que se ele está aqui, é porque minhas tentativas de tentar evitá-lo não passaram despercebida. E agora mais que tudo estou começando a pensar que cometi um grande erro em concordar com Nicolas que deveria esconder de Deive a besteira que eu fiz com a irmã deles. Quanto mais segredo em volta disso mais atrai probabilidades de ser descoberto de formas pouco sensíveis.

— Entre. —Eu digo.

Deive fecha a porta e caminha alguns passos e senta na cadeira de couro em frente à minha mesa e solta um suspiro que é algo entre um suspiro e um rosnando. Os seus olhos azuis claros são alertas e afiados como o inferno. E agora eles estão
focados em mim.

— O que posso fazer por você, Deive?— Eu me inclino para trás na minha cadeira, querendo parecer despreocupado.
— Bem, você pode me pegar uma bebida, para começar.
— Macallan?
— Há mais alguma coisa que valha a pena beber?

Eu rio. — Absolutamente não.

Levanto-me e sirvo-nos um pouco de uísque em alguns copos de cristal. Eu
entrego a Deive o copo dele e levanto o meu ligeiramente. Ele toma um gole enquanto eu sento e solto um suspiro satisfeito.

Ficamos em silêncio por um minuto, saboreando o uísque. Eu decido deixá-lo falar primeiro. Afinal, ele está aqui por um motivo. Eventualmente, ele vai sair com isso. E com certeza do que pretende falar, depois de outro gole lento, ele coloca seu copo na minha mesa.

— Ouvi dizer que você e Nicolas discutiram no casamento de Dandara.

Eu aceno devagar.

— Sim, tivemos um pequeno desentendimento — Eu digo, projetando uma confiança que não sinto.
— Alguma razão para isso?

Eu dou de ombros.

—  Muita bebida na cabeça e discordância de opiniões. — Eu não elaborei mais.
— Esse "pequeno desentendimento" foi capaz de deixar Nicolas em seu colarinho? — Ele pergunta,  como  se pudesse ver através da minha mentira por omissão.
— Como eu disse, muita bebida na cabeça. — Digo simplesmente.
— Ah— Ele não diz mais nada, mas seus olhos estreitam enquanto ele está me olhando astutamente.

Tomo outro gole de uísque enquanto penso sobre o quanto ele ouviu. Eu sei que os seguranças da massão de seus pais gostam de fofocar como velhas aposentadas, mas eu me certifiquei de ter uma conversa com aqueles que interferiram na discussão com Nicolas. Eu pedi a cada um deles que não levasse o acontecimento para Deive, mas parece que segurar a língua é um qualidade em falta nos nossos funcionários, que precisam passar por uma nova avaliação.

— Se foi algo pequeno, por que vocês dois estão me evitando?

Ele continua seu questionamento enquanto dedilha as linhas gravadas no vidro de cristal.

—... Nicole também — Ele acrescentou com um tom amargo.

Eu resmungo um palavrão antes de terminar minha bebida. Então encaro Deive e sua expressão desconfiada.

— Porque ninguém quer enfrentar seu interrogatório. Infelizmente eu fui o sorteado.
— Talvez seja porque antes de meu parceiro de negócios, você é meu melhor amigo. A verdade é o que eu sempre espero de você.— Ele diz, tomando outro gole de seu copo.— Então vou te perguntar uma última vez. Qual a razão para seu desentendimento com Nicolas?

Engoli em seco e olhei para o copo vazio. Dizer a verdade para Deive significava admitir que quebrei minha promessa de nunca tocar suas irmãs, que eu ultrapassei o limite justamente com aquela na qual ele mais me alertou para ficar longe.
E embora parte de mim implore para eu acabar de vez com essa situação e enfrentar as consequências do meu erro, eu escolho me calar. Pelo menos por enquanto. Hoje não é o melhor dia para ter essa conversa, para fazer essa revelação. Deive e eu somos amigos há muito tempo, e construímos uma boa relação. Todos esses anos me ensinou a como agir com ele. Apesar de sua aparência polida, com seu terno personalizado e cabelo penteado para trás, Deive fica louco quando as coisas estão fora do seu controle. Ele é o tipo de cara que você ama se ele está do seu lado, e tem medo se não estiver. E eu sei muito bem como uma palavra dita no dia e momento errado pode iniciar uma guerra.

— Hoje não é o melhor dia para essa conversa, mas eu te dou minha palavra que você terá a verdade de mim.

Deive me estuda por um minuto, mas depois concorda. Levantando-se, ele se afasta.

—  Prepare seu discurso essa noite. Estou passando a bola rolando para você. Seja capaz de tentar me superar.
— Querendo ensinar o padre a rezar, amigo. Eu não preciso fazer esforço para superar você.— Eu revido e Deive me olhou com seu olhar meio arrogante e beirando o riso.

E eu esperava que ele fosse embora deixando meu comentário no ar, mas Deive ainda fica de pé má minha porta, como se esperasse algo mais de mim. Eu levanto as sobrancelhas, esperando que ele fale, embora meu eu interior esteja apreensivo.

— Você tem uma semana para tirar sua coragem do rabo e me contar a verdade. Não me deixe usar meus  meios para descobrir sozinho.

Deive ameaça, batendo os nós dos dedos contra o batente da porta uma vez antes de se afastar. Eu deixei minha cabeça cair assim que ele se foi.

Eu sabia que Deive poderia facilmente descobrir o que aconteceu, e uma vez que ele soubesse por conta própria eu e Nicole estaríamos na merda. Eu preciso agir rápido, preciso te uma conversar com ela. Eu vou ser um cretino mas vou culpar a bebida, vou dizer a ela que aquilo foi...errado. E eu sinto tão malditamente que isso vá machucá-la, mas eu não posso arriscar perder ela e sua família. Eles são muito importante, demasiado preciosos para mim. Eles são minha verdadeira família, me acolheram quando eu mais precisava. O risco que eu poderia estragar, dividi-los, causar discórdia porque eu não sei o que diabos deu em mim para começar a confundir as coisas com Nicole. Até mesmo a possibilidade de decepcionar Noemi e Adam  me aterroriza. E por mais que vá doer o inferno dentro de mim, eu preciso encontrar uma maneira de garantir que Nicole esqueça qualquer sentimento romântico que possa te por mim.

Lutando contra os alertas em minha mente, pego o meu telefone e ligo para o homem quase desconhecido por mim.

— Espero que essa ligação signifique que você tem uma decisão — Walt Hughes rosna em saudação.

— Sim. Eu aceito me casar.

Eu desligo logo em seguida, sentido como se tivesse levado um soco no estômago.  Mas não sinto arrependido. 

Eu preciso que Nicole me odeie para seu bem.

O Abismo dos Desejos ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora