Capítulo 26-Ela estará vulnerável. Com a guarda baixa

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NICOLE SCHILER

— Socorro! — Eu gritei e num instante, tudo se desfez.

Acordei com um sobressalto, meu corpo coberto de suor frio. Ofegante, eu tentava controlar minha respiração enquanto meus olhos vasculhavam freneticamente o ambiente para dar a certeza ao meu cérebro que eu fui empurrada de volta para a realidade e não estava ainda dentro do pesadelo.

Outro maldito pesadelo.

Era o quinto só hoje, dormir tinha se tornado um desafio. Meu sono é constantemente perturbado, e tenho um pesadelo atrás do outro. Eu não consigo me sentir confortável, entrando e saindo, confusa com o que é real e o que não é. Mesmo acordada quando eu fecho os olhos as imagens confusas aparecem repetidamente, sem ceder. Eu me via perto de um colapso, e mesmo sob efeito de medicação os pesadelos vem, e aquele maldito homem está lá. Eu poderia até mesmo ouvir o som falso de sua risada.

— Ei, está tudo bem. Você está segura —  A voz em tom suave atravessa o quarto.

Bruno.

Direcionando meus olhos para o dono da voz, encontrei ele aos pés da cama. Os sulcos da sua testa estão evidentes, e preocupação dominando suas feições enquanto seus belos olhos investigam minha expressão.

— Pesadelos?
— Não foi nada. Eu estou bem—Minha mentira faz com que suas sobrancelhas
se levantem.

Mas Bruno não força uma resposta verdadeira minha. Ele somente estica a mão para tocar meus pés em uma óbvia tentativa de trazer conforto, mas eu me afasto. O movimento, no entanto, me faz estremecer quando minha costela pulsa.

— Droga!— Eu xingo.

As sobrancelhas de Bruno se juntam enquanto ele continua a me avaliar.

— Você precisa que eu chame a enfermeira?
— Não, eu preciso da minha mãe. — Eu estalo — Onde ela está?
— Sua mãe foi tomar um café com seu pai.
— E o que diabos você está fazendo aqui?— Pergunto a ele com a minha voz firme.— Eu fui clara quando disse que não queria ver ninguém além da minha mãe.
— Não queríamos deixar você sozinha— Ele diz com sua voz cada vez mais baixa.
— Pois eu preferia ficar sozinha.

Bruno não fala de imediato, mas sua mandíbula range enquanto ele cerra os
dentes e aqueles olhos azuis penetra em meus olhos, pesquisando e indo além da superfície.

— Saia, Bruno. Eu quero ser
deixada sozinha. — Eu digo antes que as lágrimas forçando em meus olhos finalmente se libertem.
— Nicole...
— Se você não sair eu vou chamar por  ajuda para te tirar— Eu ameço alcançando o botão de chamada.

Ele se encolhe em resposta.

— Não faça isso, — Diz ele, em tom quase suplicante. — Não me afaste, Nicole. Não quando você está machucada e eu só quero  te ajudar.

Enquanto falava, Bruno se aproximou de mim. E sua aproximação fez minha garganta se contrair e eu precisei juntar todas as forças para sufocar o soluço que ameaça me rasgar. A tensão no quarto é espessa. Nenhum de nós fala mais nada. Eu encaro ele que está ao pé da minha cama, os braços cruzados sobre o peito. Seu cabelo está em várias direções diferentes, e há círculos escuros embaixo dos seus olhos. Seu olhar é de alguém cansado, alguém que parece visivelmente sufocar suas emoções. Vendo o que eu causei a ele, lágrimas quentes rolam dos meus olhos quando eu deixo escapar um soluço de derrota.

Isso desestabiliza Bruno e ele recua, culpa preenchendo seu semblante.
— Eu sinto muito, não queria te aborrecer. Vou chamar sua mãe.
— Não vá — Eu digo com emoção borbulhando em minha garganta— Sou eu quem precisa se desculpar. Eu estou sendo tão injusta. Você me salvou.

O Abismo dos Desejos ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora