NICOLE SCHILLER
Duas semanas se passou e minha mente está tão bagunçada quanto estava a alguns dias atrás. Precisei vim para casa dos meus pais, tem sido dias difíceis, de pesadelos e incertezas. Minha família fica me perguntando se eu estou bem a cada segundo e eu já me tornei mestre no disfarçar. Tem ficado mais fácil conforme o tempo vai passando, mas temo que em algum momento minha mentira irá consumir e já não serei capaz de fazer isso menos doloroso. Por isso estou buscando me manter ocupada. Quando não estou trabalhando, eu tenho testado uma diversidade de pratos na cozinha.
Hoje é quinta-feira, e a minha viagem será amanha. Eu não vi Bruno nenhuma única vez desde que meu pai comunicou que seria ele a me acompanhar no Alaska.
Eu não tenho notícias dele desde então, não tentei entrar em contato com ele também. Escolhi não tentar pensar sobre os possíveis motivos dele estar afastado, mas estou confiando que hoje ele apareça aqui e tudo esteja bem entre nós.— Você está pronta, abelhinha?— Minha mãe surgiu na porta do meu quarto.
Ela organizou um jantar com toda a família hoje. Uma espécie de despedida antes de haver essa separação temporária.
— Ele já chegou?
As palavras saem sem meu consentimento, eu nem mesmo lembro de ter pensado elas. Mas a ansiedade em vê-lo tomou conta de mim e fui incapaz de segurar
— Ainda não, mas eu falei com ele mais cedo. — Minha mãe diz com um meio sorriso — Tenho certeza que ele chegará em breve. E você sabe, Bruno é pontual.
— Sim— Minha voz sai parecendo um pouco estrangulada. Eu cubro-a com uma tosse.Estou preocupada que ele não venha e isso seja a indicação de que a notícia da viagem o fez começar a levantar uma barreira entre nós. E se isso for verdade eu sei que vai doer mais do que qualquer coisa.
— Vamos lá? — Minha mãe estende a mão em minha direção.
Com um sorriso eu aceito e me levanto da cama. Seguindo ao seu lado em silêncio e um barulho alto na mente, chegamos ao topo da escada. Eu já posso ouvir toda agitação lá embaixo. E estou perto de ter a vista de toda a sala de jantar quando eu ouço Deive começar a assobiar, e o restante a participar, então eu sei que Bruno chegou.
— Finalmente a Rapunzel saiu de sua torre.
— Vá se foder, Dex. — Eu ouço a voz que causa borboletas em minha barriga.Ansiedade desliza como uma mão em volta do meu pescoço e aperta forte, me fazendo puxar um pouco rápido a respiração.
Eu posso fazer isso. Vai ficar tudo bem.
— Tudo bem, querida?— Minha mãe me encara.
— Sim.Mentira. Eu sinto que estou prestes a sair de minha pele, e minha cabeça está girando. Mas eu só preciso vê-lo, então eu sei como as coisas estão entre nós.
— Então vamos lá.
Meu estômago e cabeça se enchem com borboletas, fazendo-me sentir um pouco tonta. Dou meus próximos passos com leveza, tentando agir indiferente. Quando finalmente adentrei a sala de jantar, sinto que levo um tapa no rosto com um tijolo.
Ele está afastando a cadeira para que uma garota se sente. Eu não tenho uma visão do seu rosto, mas não me resta dúvidas de quem é.
Ayla Andrez
— Obrigada, amorzinho— Ela agradece.
E aquelas borboletas que eu estava sentindo viram poeira, e eu sinto apenas um vazio. Eu não posso acreditar que ele trouxe-a com ele. Para um momento íntimo de nossa família.
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O Abismo dos Desejos Proibidos
RomanceBruno Hughes é gostoso, elegante, engraçado, e tem um olhar que pode derreter aço. E Nicole Schiller tem uma queda pelo melhor amigo de seu irmão desde que se lembra. No aniversário de dezesseis anos dela ele faz uma promessa, e ela espera pacientem...