NICOLE SCHILER
Uma médica que comumente atende minha família aqui em Nova Iorque chega na casa vinte minutos após meu chamado. E Anna foi checada por fraturas e hematomas.
— Você teve uma costela fraturada, mas seu maxilar está apenas machucado, não quebrado.— A doutora começa a explicar enquanto já começa a tratar dos ferimentos externos — Também tem uma leve concussão, mas não é grave o suficiente o para justificar uma estadia no hospital. Tudo que você precisa é descansar. Eu vou aplicar um analgésico potente para ajudar você a dormir.
Houve um tempo gasto enquanto a médica fazia cada procedimento em Anna, o que acabou levando o restante da manhã. E no primeiro momento da tarde as crianças estavam de volta. Anna ainda não havia sido medicada, então ela aproveitou para conversar com sua irmã e explicar que ela estaria indo para minha casa com o sobrinho. A garota parece contrariada, mas obedece e vai arrumar algumas roupas suas e do menino em uma mochila.
— Eu solicitei uma enfermeira para ficar com você.—Eu digo a Anna.
— Oh... Ok.... Obrigada—Ela responde lentamente em seu estado apático.O efeito da medicação começa a submeter seu corpo e eu observo-a deitada, lutando contra o fechamento dos olhos.
— Me ligue a qualquer momento —Eu digo.
— Certo— Diz ela, sonolenta.— E Nicole...Ela faz uma pausa, deixando o tempo vacilar, e eu acho que ela dormiu, mas
depois ela começa a piscar. Quando seus olhos vidrados me encontram, ela choraminga: — Me desculpe por ser fraca demais.Eu suspirei. Fraca definitivamente não era o adjetivo que um dia eu pensei que seria imposto para Anna. No ateliê eu conhecia uma versão sua totalmente diferente, lá ela sempre teve uma essência ousada e espirituosa. Mas hoje vejo que aquela parte dela era apenas uma lufada de liberdade para sua mente aprisionada. Anna era como um passarinho que se acostumou a ficar na gaiola, sendo o potinho de água seu único momento de ficar mais próximo da liberdade distante. E eu não poderia culpar ela totalmente. Eu já li em algum lugar que vítimas de abuso doméstico tem seu poder de julgamento desgastado até um ponto onde é quase impossível tomar decisões. Pequenas decisões são tão árduas quanto as grandes. Tudo parece cheio de perigo e a pessoa fica tão assustada com fazer a coisa errada e ser responsabilizado e punido por isso, que prefere agir com ações já programadas, fugindo de novas decisões.
Presa em uma ilusão de zona de conforto.
— Durma, Anna. Eu cuidarei das crianças.
Ela desenha uma sombra de sorriso no rosto e aos poucos os olhos se fecham. Quando sua respiração estabiliza em um sono profundo, eu escorrego para fora do quarto e permito que ela tenha o descanso que seu corpo desesperadamente anseia. Eu passo instruções simples para a enfermeira que ficará de olho nela, então juntamente com as crianças eu vou para meu carro e pedi que meu motorista me levasse para casa. Quando chegamos Jayden já estava me esperando.
— Como ela está?— Ele pergunta assim que eu saio do carro.
Eu liguei para ele porque sabia que na situação atual eu precisava de alguém que fosse me apoiar sem qualquer perguntas. E Jayden normalmente era esse alguém que me dava apoio sem qualquer necessidade de passar muitas informações.
— A médica disse que ela vai ficar bem.— Eu aguardo as crianças saírem do carro e Jayden me olha forçando uma pergunta silenciosa — Eu vou ficar com eles por algumas noites enquanto tudo se resolve.
— Oh, sensato.Eu respiro fundo quando entro na minha casa. Minha cabeça dói e meu coração está prestes a ter uma parada cardíaca conforme a raiva no meu sistema se espalha. Minhas mãos fecham firmemente em punho em uma tentativa idiota de controlar a minha agitação. Há tumulto em meus ossos, causando um suor frio.
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O Abismo dos Desejos Proibidos
RomanceBruno Hughes é gostoso, elegante, engraçado, e tem um olhar que pode derreter aço. E Nicole Schiller tem uma queda pelo melhor amigo de seu irmão desde que se lembra. No aniversário de dezesseis anos dela ele faz uma promessa, e ela espera pacientem...