BRUNO HUGHES
A primeira imagem que eu tenho ao atingir o ponto alto de uma montanha é do clarão alaranjado que começava a iluminar o céu, revelando gradualmente a paisagem ao meu redor. A atmosfera silenciosa da montanha contrastava com a tensão que eu sentia. Eu estava a pouco menos de um quilômetro e meio de distância da estrada onde possivelmente os meus alvos passariam.
Rastejando o mais rápido possível, eu empurrava meu equipamento à frente. Quando senti que estava apropriadamente invisível, eu abri o estojo amarronzado onde dentro havia um Barrett calibre 50. Aquele era um fuzil que disparava projéteis do tamanho de pequenas garrafinhas de frigobar, imprimindo às pesadas balas uma velocidade de quase nove campos de futebol por segundo. E depois que eu encaixei o carregador pesado no fuzil, eu virei a mira para a estrada, me certificando que o potente aparato ótico tinha um bom alcance. Ajusto a mira por causa da elevação, vento e outros fatores que poderiam influenciar a queda da bala durante a distância. Só então quando eu tinha tudo preparado, eu dei um leve toque no pequeno dispositivo de comunicação preso à minha orelha.
— Águia para Montanha. O passarinho tem a visão, over— Informei, ultilizando códigos para informar que eu estava em posição.
— Montanha para Águia, recebido alto e claro. — Do outro lado da linha, a voz do comandante respondeu, firme e assertiva— Gavião, solicito status da situação no ponto X, over.O Almirante aciona Deive que responde prontamente.
— Gavião para Montanha, a situação no ponto X é estável , over.
— Recebido, Gavião. O ovo está prestes a ser aberto. Manterei vocês informados. Montanha, over e out.Silenciei o dispositivo de comunicação e concentrei minha atenção novamente na estrada enquanto eu esperava pacientemente pelo sinal que desencadearia a ação. Cada segundo parecia uma eternidade, a tensão no ar era palpável. O amanhecer iluminava gradualmente o cenário, revelando detalhes antes ocultos nas sombras. Eu me mantive imóvel, focado e pronto para agir no momento exato. Permaneci em minha posição, imerso na tensão e na espera, por pouco mais de vinte minutos. O silêncio era opressor, apenas quebrado pelos som sutis do vento e pelos pássaros distantes. Mas então, sem aviso prévio, um som inconfundível rasgou o ar e chegou até meus ouvidos. Era o estrondo ensurdecedor de uma bomba explodindo.
Meus sentidos se aguçaram instantaneamente. Olhei na direção do som e vi um rastro de fumaça negra e espessa se erguendo no horizonte, indicando o local da explosão. Um turbilhão de pensamentos e emoções percorreu minha mente, enquanto a adrenalina finalmente invadiu minha corrente sanguínea. A explosão indicava que o local do cativeiro havia sido invadido, e eu sabia que provavelmente seria apenas uma questão de minutos até eu ou Deive precisar entrar em ação. Cada segundo contava agora, e a pressão aumentava à medida que o momento crucial se aproximava.
— Montanha para Águia. Você me ouve?— O Almirante chamou e eu sabia nesse momento que eu fui o premiado.
— Águia ouve alto e claro, over.
— Você é o maestro desta sinfonia. As notas dançam no véu esquerdo a bordo de um Land Rover.
— Entendido, over.
— Irmão, garanta que dessa vez ele estará morto.— Deive diz através do aparelho, ignorando os códigos que precisamos usar para evitar vazamento de informações sensíveis para os inimigos ou outras partes indesejadas.Ele estava disposto a quebrar o protocolo para me lembrar de garantir que Owen não representasse mais uma ameaça para nós. E eu entendia Deive. A notícia de que Owen estava vivo foi como um soco no estômago, era como se todos os nossos medos e pesadelos tivessem se materializado na realidade, trazendo de volta um inimigo que pensávamos estar derrotado. O passado sombrio que tentávamos deixar para trás havia ressurgindo com força total
— Pode deixar que eu vou garantir a morte desse desgraçado.— Eu respondi.
Então finalmente tiro meu dedo da peça que circunda o gatilho e ultilizo telêmetro para que o laser calcule a distância. As árvores se agitando na brisa me deram uma noção da velocidade do vento e quanto tempo exato eu precisava para disparar. Após colocar os tampões de ouvido para proteger minha audição, eu reuni toda minha capacidade de concentração. Conseguir uma boa mira enquanto a porra de um veículo ondulava na estrada de barro seria do outro mundo, mas eu já atirei em situações piores. Quase sempre, a chave era parar o veículo primeiro antes da execução dos alvos. Então quatro minutos depois eu tenho o sinal de poeira e em seguida a visão da Land Rover. O mundo parecia diminuir diante de meus olhos, a familiar ansiedade percorria meu corpo e aguçam meus sentidos. O carro se aproximava cada vez mais, e eu podia distinguir os ocupantes dentro do carro, suas formas borradas envolvidas-se em figuras mais nítidas à medida que a distância diminuía. Além do motorista, identifiquei claramente Al-Mazari no assento do passageiro e mais duas pessoas nos bancos traseiros. Uma delas era, sem dúvida, Owen.
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O Abismo dos Desejos Proibidos
RomanceBruno Hughes é gostoso, elegante, engraçado, e tem um olhar que pode derreter aço. E Nicole Schiller tem uma queda pelo melhor amigo de seu irmão desde que se lembra. No aniversário de dezesseis anos dela ele faz uma promessa, e ela espera pacientem...