Capítulo 15- O arrependimento é geralmente resultado da oportunidade perdida

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BRUNO HUGHES

Eu entrei no meu escritório e senti o cheiro do uísque que estava abandonado na minha mesa há duas horas, quando recebi a ligação de Deive informando sobre a bagunça de Nicole e eu não pensei duas vezes antes de correr até ela.

Um maldito cachorrinho.

Com sentimentos lavando meus nervos em banho gelado, eu bebi todo o conteúdo do copo em um movimento rápido. Eu estava ansiando pela queimação para me fazer esquecer os últimos acontecimentos. Acontece que o álcool só me deixou mais alerta para a raiva travada em minha garganta, faíscas de inquietação enviaram um ataque de fúria inflamada através de
minhas veias conforme as lembranças do motivo que desencadeou minha raiva foi chegando. O fogo pulsando como lava até que eu estava queimando de raiva de dentro para fora. Sem aviso, o copo na minha mão quebrou, estilhaços do cristal afiados perfuraram profundamente a carne macia da palma da minha mão.

Filho da puta! Jayden Morris era um grandíssimo filho da puta.

Vermelho intenso brotou do meu punho fechado e começou a escorrer pelo braço enquanto eu corria até a pia e colocava a mão sob a torneira. Eu assobiei conforme arrancava os pedaços maiores de vidro.
Sangue misturado com água descia junto na pia, o líquido vermelho escuro tornando-se rosa numa espiral antes de desaparecer pelo ralo. Em uma inspeção mais minuciosa, descobri um dos pequenos cortes que permanecia sangrando, e possivelmente tinha uma profundidade suficiente para precisar de pontos.

Foda-se. Eu estava muito cansado para me importar.

Peguei uma toalha pendurada nas proximidades, então eu a envolvi em
torno dos cortes e me inclinei sobre a pia, mãos apoiadas em ambos os lados, cabeça baixa. Meu corpo vibrava conforme eu fervia em fúria.

Não posso deixar a raiva tomar conta.

Respirei fundo, fechei os olhos e imaginei Nicole com seu brilho único e corajoso nos olhos azuis. Seu cheiro suave de baunilha, a impressão que suas mãos deixavam em mim, suas roupas chamativas, sua risada rouca que iluminava meu corpo. Mas de repente, o riso não era para mim, seu corpo estava ao alcance de outras mãos conforme ela entregava a outro algo que prometeu guardar para mim.

Maldição!

Arrependimento por ter ido até a janela da sua casa e presenciado Nicole prestes a se entregar para o fodido Morris perfurou meu coração, cortando milhares de vezes mais profundo do que os cortes na
minha mão. Eu nao tive controle suficiente para ficar lá e tentar impedir ela, eu não podia fazer isso quando fui o único responsável por empurrá-la para os braços de Morris. E então só me restou fugir como o covarde que eu era quando se tratava dela.

E agora raiva e remorso lutaram pelo domínio, correndo por minha espinha para picar na parte de trás do meu pescoço como se um fantasma estivesse respirando sob minha pele.

Mas que porra!

Eu deveria estar aliviado. Nicole estava seguindo em frente e finalmente deixando de lado sua fantasia comigo.

Isso foi sempre o que eu quis.  

Eu apertei meu queixo e me firmei contra a pia.

A quem eu estou tentando enganar?

Eu não sabia quando exatamente aconteceu, mas nos últimos tempos, tenho travado uma batalha interna comigo mesmo. O que sempre me impediu de ceder aos meus desejos foi o profundo respeito que tinha por Adam e Noemi. Eles me acolheram como um filho e me proporcionaram uma família amorosa quando eu mais precisava. Além disso, havia Deive, e uma maldita promessa de cuidar de todas as suas irmãs como se fossem minhas. Não que eu me arrependesse dessa promessa, eu definitivamente daria minha vida por cada uma delas. No entanto, quando se tratava de Nicole, tudo era sempre mais intenso. E à medida que ela ficava mais velha, essa intensidade triplicava.

O Abismo dos Desejos ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora