IX - Reunião...

897 75 12
                                    

O dia amanheceu nublado e chuvoso, para piorar tive uma crise alérgica, minha garganta não parava de arder e parecia que algo estava preso nela, eu não sabia o que fazer, até que vovó me pediu para enfiar o dedo na guela e tentar vomitar o que quer que estivesse dentro dela. Fiz o que ela pediu e deu certo, vomitei ...

Um osso de galinha inteiro. Dá para imaginar isso? Um osso de galinha enorme estava entalado na minha garganta e eu lembro de ter comido galinha há vários dias atrás. Isso era muito estranho!

- Deu certo?

Vovó abriu a porta do banheiro, me assustando, dei descarga rapidamente.

- Sim...

- E o que era?

- Um pedaço de carne - minto -, deveria estar preso e eu não conseguia engolir.

- Nossa, ainda bem que conseguiu vomitar, não é fácil ficar com algo assim preso dentro da garganta. - sorriu para mim, me confortando.

- Obrigado vó, pela dica.

▪️▪️▪️

Meu coração acelerava todas as vezes que eu lembrava do osso de galinha preso na minha garganta, arrepios percorriam meu corpo, me fazendo coçar, muito, em uma histeria. Estava nervosa, o que foi isso? Que merda, então... As penas, tudo aquilo, fui eu? Não pode ser, algo está errado, eu não faria isso, nunca e se fizesse, me lembraria. Ou não?

- Mia-lena.

Olhei em direção a janela, podendo ver Krucis encostado nela, ele estava estranho, o sorriso que era sua característica mais marcante parecia não existir mais, ele andava sério demais.

- Sim. - disse eu, tentando me convencer a não contá-lo sobre o ocorrido

Ele poderia zombar de mim, me chamar de louca!

- Fomos convocados para uma reunião, venha para o portão. Sua avó, o caseiro, David e eu estamos esperando. - avisou, saindo em seguida.

Convocados? Reunião? Do que eles estavam falando?

Decidi ser rápida, calcei minha sandália e segui em direção ao portão, curiosa, porém, algo me avisava que a coisa seria séria. Uma aflição esquisita me atingiu, principalmente ao me aproximar e ver minha avó me olhar, séria.

- Dez galinhas d'angola sumiram, Mia-lena. - falou, séria, ajeitando o óculos sobre o nariz. Olhei para os outros, estática.

- E?

Foi apenas o que consegui dizer, meu rosto ardia, eu estava muito constrangida. Sei que uma dessas galinhas foram devoradas por mim - eu acho - mas e as outras noves, quem foi?

- Você sabe de algo? - perguntou o caseiro, me olhando feio - No seu primeiro dia aqui, você assustou os animais, lembra?

Fiz careta, eu apenas assustei os animais pois quase fui atacada por um vira-lata, ele queria que eu fizesse o que?

- Sim mas isso não significa que eu vá ferir as galinhas! - protestei - Podem ter sido raposas, ou sei lá, não fui eu!

Fico brava, uma raiva descomunal me consome, me fazendo suar.

- Tudo bem, ela tem razão, podem ter sido raposas... - David diz, ajeitando a posição do chapéu, enquanto olhava para o galinheiro, onde restavam apenas 3 galinhas.

- Havíamos esquecido das raposas... - Krucis comenta, olhei para ele, vendo o mesmo sorrir.

- Raposas? - o caseiro, cujo o nome eu não lembrava, perguntou.

- Sim, raposas! Ou coiotes, sabe que nessa floresta tem até onças pardas, esqueceu-se? - era vez da minha avó comentar.

Todos ficaram em silêncio, olhando na mesma direção, a floresta.

- E o que faremos para assegurar ainda mais o galinheiro? - o caseiro coçou a nuca, cansado.

- Você e David irão me ajudar, amanhã entramos em contato. Quero que vocês me acompanhem na ida a cidade grande. - vovó suspirou.

- Quando? - David questionou, curioso.

- Sexta-feira, iremos voltar no domingo...

- Não poderei senhora, minha mulher irá ganhar neném, esqueceu-se?

- Verdade, David! Me perdoe, esqueci completamente, então, te dou esse fim de semana e a próxima semana de folga. Fique com sua mulher e cuide bem dela, ela merece. - vovó abraçou David, parecia ser bem apertado, pois vi os olhos do homem se arregalarem.

- Obrigado! Mas prefiro trabalhar esse fim de semana, temos muita coisa para fazer. - sorriu, animado.

- Ok. Amanhã vemos isso, vãobora hoje não temos mais nada a fazer. Apenas pedirei que protejam bem as galinhas e já estão liberados! Rumo!

Todos se despedem e, vovó e eu voltamos para a casa, meu coração ainda estava acelerado, enquanto minhas pernas estavam fracas. A noite seguiu perfeitamente bem, embora eu tenha dormido cedo, acordei muito cansada e sonolenta, como se eu tivesse corrido por horas sem parar.

━━━━━ • ஜ • ❈ • ஜ • ━━━━━

Dois CompanheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora