XXXVIII - Beijo árduo

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EDGAR

  Como é difícil entendê-la, decifrar o que passa dentro daquela cabecinha. Mesmo que eu demonstre que aqui, ao meu lado, ela estará segura, parece que a mesma não confia em mim, não confia na nossa alcateia. Eu sei. Ela passou por momentos complicados quando eu tive que sair, mas, por que não confiar? O que ela escondia, quais medos ela escondia? O que ela sentia quando olhava para mim? Eu nunca tive problemas com mulheres antes, para mim, a única coisa que de fato importava era a sensação de recompensa que elas poderiam me oferecer. No entanto, com ela tudo é diferente, um diferente bom. Porém, confuso.
  E eu ... Bem, eu não poderia culpá-la por nada, talvez o que tenha ocorrido há um tempo atrás, pudesse tê-la trago um certo gatilho, eu sabia que ela sofreu no passado, era possível ver em seus olhos assustados.

– Beta.

Vejo Catleya adentrar a pequena sala de conveniências. Suspiro, até aqui essa desgarrada me segue.

– Sim. – falo, sem olhá-la, não queria parar de ler meu jornal enquanto degustava um delicioso café, o mundo humano estava bem interessante, tantas guerras e desavenças, eles conseguiam ser piores do que a gente.

Catleya suspira, consigo vê-la cruzar os braços – Soube que o Alfa está voltando.

Cuspo o café, assustado com a recente informação. Olho para Catleya, sentindo minha garganta arder, ela não parecia mentir, sua feição estava mais séria do que o normal.

– Que? Quando?

– Eu não posso garantir uma data, apenas sei que ele está próximo de retornar. – ela sentou-se a minha frente, batucando suas garras contra a mesa, fazendo um barulho incômodo.

– Bem... – respiro fundo – Estava realmente na hora de seu retorno, Ivan nunca demorou tanto em uma reunião.

Ela concordou, olhando para o chão e depois suspirando. – Ele não vai gostar nada do que você fez.

– O que eu fiz?

– Exilou três famílias.

Lembro-me do que havia acontecido, realmente, Ivan não estaria de acordo com isso, talvez ele me batesse ou me colocaria de castigo. Mas isso não me importa, elas tiveram o que mereciam.

– Ele não poderá fazer nada contra isso, sou o segundo em comando, também sei quando tomar decisões importantes.

– Eu sei, nunca duvidei de você. – ela me olhou, sorrindo mas aquele sorriso não era os habituais – Mas então, o que você fará quando o Alfa chegar e descobrir que tem uma fêmea humana, quero dizer, uma fêmea recém transformada na toca dele?

Volto a olhá-la, ela estava certa, eu não pensava mais sobre isso, havia esquecido completamente dessa questão, Ivan detestaria saber que alguém desconhecido invadiu seu espaço.

– Não se preocupe com isso, eu darei um jeito antes que ele volte. Aquela toca também é minha. – sem querer rosno, ela dá de ombros.

Saio da conveniência, carregando meu jornal embaixo do braço, pensando no que Catleya havia dito, com uma pulga atrás da orelha. Ivan odiava quando qualquer um invadisse seu espaço, mesmo que fosse da alcateia, ninguém tinha permissão para entrar, além de mim, claro. O que eu faria agora? Não queria arriscar o bem estar da minha companheira, não novamente. Antes que eu pudesse raciocinar, estava parado em frente a porta, meu coração estava acelerado e minhas mãos suavam.

"O que está acontecendo?" Penso, não costumava tremer, muito menos suar tanto assim, isso tudo era medo do meu irmão? Mas ao abrir a porta e vê-la sobre a mesa, eu percebi que não tratava-se dele e sim dela. Eu temia pelo que viria daqui pela frente, só não sabia o que seria, apenas sentia um medo de perdê-la, eu não queria isso.

"Ela é minha, somente minha e ninguém poderá dizer ao contrário." minha mente confusa me enlouquecia.

Caminhei a passos largos até ela, a mesma se assustou ao me ver mas logo sua feição suaviza, e ela relaxa.

– Você est...

Não deixo que ela termine, a puxo para um beijo, ela fica surpresa, posso sentir seu coração acelerado contra seu peito.  Seus olhos ainda estavam arregalados quando me afastei, queria olhá-la, eu precisava disso, apenas ela poderia me acalmar e ninguém mais. Ela tenta descer da mesa, porém, proíbo que ela o faça, pressiono meu quadril contra o dela, a pressionando entre a mesa. Mia me olha sem dizer nada, talvez não conseguisse, assim como eu. Acaricio seu rosto macio e contorno seus lábios com meu dedo, tão macios quanto penas de ganso. Volto a beijá-la, puxando-a mais para perto, não queria que ela escapasse dos meus braços, pois era aqui que ela deveria ficar para sempre, comigo. Mia retribui meu beijo e isso me deixa alucinado, afasto suas pernas, colocando-as em volta do meu quadril e enterro minhas mãos em seu cabelo, preso em um rabo de cavalo, antes perfeitamente alinhado. Eu queria mais, muito mais, queria fazê-la minha nessa mesa suja e desarrumada mas algo me impedia.

Por que eu sentia que faltava algo? Essa mesma sensação de sempre me machucava. Por que eu sentia que ela não era minha por completo? Mia-lena realmente era a minha companheira? Termino nosso beijo árduo, olho para ela, que respirava em descompasso, os lábios inchados e vermelhos, as bochechas rosadas. Sorrio para ela, que desvia o olhar, envergonhada. Eu sabia que ela sentiu ele, meu pau estava duro, latejando como nunca antes. E talvez essa fosse a resposta.

Você é minha. – sussurro perto o suficiente para senti-la arrepiar.

Não importa o que aconteça, Mia-lena será minha, mesmo que não tenha nascido para isso.

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CAPÍTULO SEM REVISÃO

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