XXXII -

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MIA-LENA

– Eu tenho certeza que você vai gostar...

A voz de Edgar falava ao fundo, distante de mim, embora ele estivesse longe o suficiente para que eu não pudesse vê-lo, eu sabia que ele estava sorrindo. Era incrível o seu entusiasmo quando falava sobre a sua família.

Eles vão amar você! Você vai fazer parte da família agora! – disse ele, aparecendo de repente a minha frente, me assustando.

Ele estava parado, segurando um galho grosso e com espinhos, para a minha guarda, disse ele. Sorriu para mim, e alguns raios solares circulavam a sua cabeça, como uma áurea. Edgar parecia um anjo, um anjo travesso.

– Estamos longe? – perguntei, pela quinta vez desde que saímos de casa.

– Não!

Disse ele, pela quinta vez desde que saímos de casa. Engoli a seco ao olhar para trás, agora eu não podia mais ver minha casa, ela havia ficado para trás definitivamente e eu juro que queria correr de volta para ela mas não podia, não podia fazer isso com Ed, ele estava tão feliz!

– Edgar, você falou isso há... Sei lá – paro para analisar –, uma hora atrás?

– Estamos chegando, relaxa. É que para você parece longe, eu preferi vir por dentro da mata, por incrível que pareça, por aqui é mais seguro e eu acho que não conseguiria enfrentar nenhum coiote ou outro lobisomem com essa mochila pesada nas costas. O que tem aqui? Pedregulhos?

– Outros lobisomens? Tem outros por aqui? – foco apenas nessa parte, minha pele treme me causando calafrios.

– Claro, no entanto, alguns preferem ficar afastados dos humanos, então não devem estar por perto e óbvio, minha matilha está por todo canto vigiando.

Matilha. Por que essa simples palavra causou um alvoroço em meu peito? Fazendo-me transbordar de ansiedade?

– Você acha que eles irão me aceitar? – decido perguntar, sem olhá-lo mas sei que ele me olha.

– É claro! – ele respondeu depois de minutos em silêncio e isso não foi nenhum pouco reconfortante, ele teve que pensar para responder.

– Então por que você parou para pensar?

– Não estava pensando no que te responder – riu, olhei para ele, estressada –, estava olhando para você, ficou linda com esse pintiado...

Sorri sem graça. Dessa vez eu havia feito uma trança em meu cabelo, para esconder um pouco o volume do mesmo.

– Mas eu ainda prefiro quando ele está totalmente desgrenhado, eu amo.

Merda, Edgar. Pare de tentar me deixar envergonhada! Preciso ter forças para andar.

– Edgar! – soco seu ombro, ele rir mais ainda, segurando meu pulso, me puxando para perto. Quando achei que ele fosse me beijar, o mesmo me prendeu embaixo de seu braço, me dando um cascudo – Edgar! Isso dói!

Bufei, alisando o topo da cabeça.

– Desculpa. – pediu, desconfortável – Foi mal, eu esqueci que você ainda deve ter molheira...

Dois CompanheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora