XXXIV - Festa

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MIA-LENA

O dia começou a clarear, mesmo com as nuvens que cobriam o céu. Me prepararam um grande pedaço de pernil assado e eu estava adorando a atenção que me davam, menos de algumas mulheres que se mantinham afastadas. Elas me olhavam como se eu fosse um inimigo, o mesmo olhar que minha madrasta sempre fazia para mim e isso me impediu de ficar animada e, talvez isso afetasse Edgar.

– Está tudo bem com você? – ele parou ao meu lado, apoiando-se em meu ombro.

– Sim, só um pouco cansada. – sorrir, tentando parecer convincente.

– Relaxa, elas não irão te fazer mal – suspirou –, não comigo aqui.

Olhei para ele, como ele sabia? Edgar sempre me surpreende.

– Eu não gosto da forma que elas me olham, Edgar. – digo tristonha – Parece que estou fazendo algo errado, como se não fosse certo eu estar aqui...

– Não diga besteira! Se acalme, isso é mais comum do que você imagina, você é nova e elas sentem ciúmes de você. Ciúme dos companheiros que estão aqui te servindo. Entende?

Olhei em volta, realmente, eu estava rodeada de homens e não tinha percebido isso antes.

– Somos territoriais, não dividimos nossos companheiros – riu ele –, se você estivesse sozinha, talvez estivesse sem pescoço agora...

– Isso era para me confortar? – cruzo os braços.

– Não, é sério, não se preocupe com elas, se elas tocarem em você, eu faço questão de matá-las... – se aproximou de mim, me dando um beijo na bochecha. Me arrepio.

– Também não é para tanto, não precisa disso!

– Elas que ousem, não responderei por mim caso isso aconteça. – sua feição estava séria demais, demonstrando que ele realmente falava sério. Engulo seco.

Edgar realmente seria capaz disso?

Uma música alta começou a chamar nossa atenção, eu não entendia a letra mas a melodia era agradável. Edgar riu alto ao olhar para o lado e notar dois homens de aparentemente sessenta anos dançantes, eles dançavam em um ritmo acelerado, batendo com os pés no chão e se encarando, bufando e rosnando.

– O que eles estão fazendo? – perguntei, ao vê-los quase brigando.

– É a melodia dos Alfas. ‐ respondeu Edgar, balançando o corpo no ritmo da música – Não se assuste, eles apenas estão mostrando seus dons no ritmo da melodia, deixa seu corpo te dominar, você vai gostar!

Faço careta, deixar meu corpo me dominar? Eu não iria dançar como uma louca, me recuso.

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Estava suando de tanto dançar, Edgar parecia não cansar, ele descia até o chão e bebia um líquido roxo e gosmento, parecia vinho mas o cheiro era desagradável. Algumas mulheres se aproximavam e dançavam com ele, porém, ele sempre dava um jeito de afastá-las e me fazia dançar com ele. As pessoas em volta batiam palmas e uivavam, era muito barulhento e eu fico pensando em como as outras pessoas não escutavam esse barulho, como eu não escutava. Uma fina camada de chuva começou a cair do céu junto a uma nuvem escura e densa, todos sorriram e se despediram um do outro.

– Obrigado pela festa, Beta. Foi um prazer tê-la conosco hoje, Luna. Espero vê-la mais vezes por aqui. – um homem saudoso nos abraçou, sua mulher fez o mesmo, sorrindo de orelha a orelha.

– A festa foi incrível!

– Obrigado, Beta! Pena que o Alfa não está presente mas tenho certeza que ele adoraria a ideia de uma festa!

– Eu que agradeço, obrigado por não causarem desconforto em minha companheira. Fizeram desse dia um dos melhores da minha vida.

Edgar uivou, fazendo outros uivarem junto. A chuva começou a apertar, nesse momento as pessoas já haviam sumido e levado tudo com elas, apenas Edgar, 4 pessoas e eu estávamos pegando chuva.

– Vamos, chuva de inverno é uma das piores é gelada e ácida! – Edgar estendeu sua mão, sorrindo.

– Teremos que correr... – falo, olhando em direção a colina.

– Então vamos!

Edgar esquece de mim e sai em disparada, ele era rápido e em poucos segundos desapareceu da minha vista. Corri em direção as suas pegadas, ouvindo o mesmo gritando "Corre, quem ficar por último vira mulher de jacaré", corrir o mais rápido que pude, cheguei suja e com os pés cheios de barro.

– Você é louco me deixou para trás, estou toda suja! – brigo com ele, que rir da situação. Edgar já tinha se trocado.

– Você é um pouco lenta. – riu, jogando-se contra o pequeno sofá – Eu acho que irei dormir...

Diz isso ao fechar os olhos, caindo em um sono profundo em seguida, ele roncava alto ao mesmo tempo em que parecia rosnar. Sentei ao seu lado, fechando os olhos, sentindo a brisa gélida assoprar meu rosto, a janela aberta mostrava a imensidão verde ao longe, alguns cavalos pastavam e outros pássaros cantarolavam uma linda melodia. Olhei para Edgar, pensando em como ele deve ter se sentido mal estando em minha casa, tudo isso era incrível e se eu tivesse nascido aqui, jamais queria viver longe. Era lindo. O abracei, voltando a fechar meus olhos.

– Obrigado. – sussurrei em seu ouvido, fazendo com que ele me apertasse contra seus braços em resposta.

Depois de alguns minutos lutando contra o sono, adormeci.

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CAPÍTULO SEM REVISÃO...

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