XIII -

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O silêncio. Foi capaz de aterrorizar ainda mais a jovem, que manteve-se escondida embaixo da cama. Sua respiração ofegante fazia com que a mesma chorasse, suas costas doíam e a vela que estava em sua já havia apagado completamente. Então, ela decidiu criar coragem e quebrar de vez esse maldito susto, levantou-se do chão, sentindo todo o seu corpo estalar, olhou em volta do quarto, enxergando apenas o escuro e a tomada que era fluorescente. Engatinhou até a mesma e apertou os botões freneticamente, afim de tentar fazer a lâmpada sobre sua cabeça ascender. Falhando no mesmo instante.

Um arrepio percorreu sua espinha, como se algo ou alguém estivesse olhando para a mesma e, estava. Ao olhar novamente para a janela, ela viu, ali, parado, sobre a luz da lua. Uma criatura alta, mas não tanto, com dentes grandes e afiados, os pêlos cinzentos e ... Aqueles olhos vermelhos. Malditos olhos vermelhos. A jovem ficou estática, não conseguia correr, ou mover-se para longe daqueles olhos ferozes. Ficou ali, parada, olhando para ele, com o grito entalado em sua garganta, o suor percorrendo de sua testa até sua nuca, a boca seca e os olhos saltados.

A criatura parecia vigiá-la, como se estivesse analisando a mesma, cada movimento, cada respiração entre-cortada, prestes a atacá-la ao menor sinal de valentia.

– Você.

A fera disse. Fazendo a jovem estremecer, o medo tomou conta de seu corpo, agora não restava mais nada além disso, o medo. Mia-lena fechou os olhos com força, sacudindo a cabeça, tentando afastar o que quer que fosse aquilo, para ela, não passava de um pesadelo e nada daquilo era real.

– Você.

O humanoide decidiu dizer novamente, Mia-lena abriu os olhos, olhando para ele, que estava mais próximo da janela.

– Abra a janela.

Pediu ele, quase em um sussurro. Mia-lena negou, balançando a cabeça e afastando-se bruscamente, tropeçando nos próprios pés e caindo. A fera gritou, um grito horripilante e outros gritos foram feitos. Mia-lena olhou para além da fera, vendo algo passar por detrás da mesma e, de repente, a fera sumiu. Era como se estivesse sendo atacada por algo maior do que ela e mais forte.
Gritos agonizantes e rosnados horripilantes tomaram conta daquele lugar, o vidro da janela rachou, Mia-lena viu ali a oportunidade para fugir, correndo para fora de seu quarto, trancando-se no quarto de sua avó. Abraçando os joelhos, enquanto lágrimas quentes escorriam dos seus olhos, molhando completamente seu rosto. Ela ainda escutava os gritos, rosnados e vozes, essas que pareciam demoníacas, correu para a cama e deitou-se, cobrindo seu corpo por completo, orando para que tudo acabasse ali.

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O canto do galo despertou todos naquele lugar. O sol surgindo dentre o céu nublado, os pássaros cantarolando, o cachorro latindo e o telefone tocando, acordaram a jovem de cabelos encaracolados. O cabelo grudado no rosto da jovem e a saliva descendo rasgando a sua garganta, ela tremeu, lembrando-se do ocorrido passado. Levantou, calmamente e caminhou até o telefone, atendendo o mesmo com certa dificuldade.

– Alô.

Disse ela, meio grogue. Do outro lado da linha, ela ouvia chiados e um som de ambulância, seu peito doeu.

– Alô, senhorita Mia-lena? É você?

– Sim, sou eu. Aconteceu algo com minha vó?

Perguntou, sentindo as pernas fracas.

– Sim, senhorita mas não se preocupe, ela está bem. Acontece que a picape que a mesma estava capotou durante a noite e acabou colidindo contra uma árvore. Ela fraturou a coluna e quebrou as pernas...

– E ela está bem? Ela é uma senhorinha, moço! Como ela pode estar bem! – ela se desesperou, sentindo os braços moles e a visão ficar turva.

– Ela está bem sim, por incrível que pareça, ela está melhor do que os outros mais jovens que estavam com ela. O caseiro infelizmente veio a óbito no local de acidente. Sinto muito.

– Morreu... – engoliu seco – E onde ela está?

– No hospital estadual, no centro da cidade...

Os chiados aumentaram e de repente, a ligação caiu. A luz acabou por completo.

– Droga! Droga! Droga! – Mia-lena batia com o telefone contra a parede, furiosa.

Batidas com força foram depositadas contra a porta. Mia-lena abriu a porta, dando de cara com um Krucis totalmente ferido.

– O que aconteceu? – perguntou ela, curiosa.

– Fui atacado por uma onça, me desculpa por não ter passado a noite com você.

Mia-lena sorriu mas seu sorriso murchou ao lembrar de sua avó e suas lágrimas invadiram seus olhos.

– O que aconteceu?

– Vovó sofreu um acidente! Ela está internada Krucis, eu queria ir vê-la. Me leve até ela, por favor...

Pediu ela, abraçando o corpo do homem de olhos claros.

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Dois CompanheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora