XI - Sangue...

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É sexta-feira, o dia que minha avó faria uma pequena viagem a negócios e claro, iria resolver a questão da falta de energia. Eu não mentiria, estava ansiosa, ficaria sozinha em casa. Seria estranho ficar sem a presença da minha avó mas eu teria que me acostumar e essa seria uma excelente oportunidade.

– Irei me ausentar por no máximo dois dias, Mia-lena. Tome cuidado e não saía do nosso território, cuidado para não se perder e caso isso aconteça, grite por Krucis, ele conhece essa fazenda como ninguém. – sorriu-me, a senhora com cabelos grisalhos – Deixei comida pronta na geladeira, você pode apenas esquentá-la quando tiver fome, outra coisa não ouse sair pela madrugada, ouviu bem?

– Sim, vó. Por que eu iria sair pela madrugada? – fiz careta, abraçando meus braços.

Naquela manhã de 07 de Agosto, o frio tomava conta do lugar, a neblina persistia em açoitar meu rosto e pescoço, me fazendo arrepiar. Minha avó me olhou sobre os óculos, erguendo uma das sobrancelhas.

– Vocês, jovens, tem cada ideia maluca, eu não duvidaria caso alguém me contasse que te viu pela floresta. Fique longe daquele lugar, Mia-lena, não vá de forma alguma, estamos entendidas?

Afirmei. Meio chateada por ela não confiar em mim mas também conseguia entendê-la.

– Krucis, cuide bem da minha neta mas não tão bem assim. Se eu descobrir que você tocou em sequer um fio de cabelo dela, garanto que arranco suas bolas fora!

Krucis apenas riu, alto, dando um leve abraço em minha avó.

– No que eu me interessaria nessa pirralha? Sou mais velho, esqueceu desse detalhe?

Minha avó deu de ombros, subindo na caminhonete, olhou uma última vez para mim e despediu-se. Observei a caminhonete sumir entre a linha do horizonte, um sorriso nervoso estava em meu rosto, eu queria chorar, estava ansiosa demais.

– Você tomou café? – Krucis pergunta, me tirando do transe, olho para ele, sem me importar com as lágrimas que escorriam dos meus olhos, neguei – Então venha, irei fritar uns ovos para comermos.

Olhei uma última vez em direção a estrada de barro e suspirei. Daria tudo certo, eu iria me virar bem e ... Krucis estava comigo, o que poderia dar errado nisso?

▪️▪️▪️

– Devolve! – gritei

Krucis havia pego minha pulseira favorita e estava correndo pelo quintal, me deixando angustiada. Como ele corria rápido, me dava nervoso apenas ao vê-lo.

– Vem pegar, baixinha...

Baixinha? Minha altura era muito boa, mediana para ser exata, Krucis que era um pouco alto mas não julgaria caso sua altura não passasse de 1,75 cm.

– Krucis não estou brincando com você, me devolva a droga da minha pulseira! – consegui alcançá-lo, e juntos fomos ao chão.

Mas como eu havia dito, ele era rápido e levantou-se no mesmo instante, jogando a minha pulseira dentro do seu bolso, sua bermuda tinha dois bolsos na frente. Suspirei pesadamente, sentindo a raiva me tomar.

– Vem pegar, magricela! – Krucis zombou, fazendo uma dancinha esquisita

Isso era demais para mim, ele iria ver, iria socar aquele rosto branquelo com toda a minha força. Corri até ele e agarrei sua bermuda, impedindo o mesmo de fugir, sua bunda esbranquiçada ficou à mostra, eu rir. Como ele era branco, a marca perfeita da sua bermuda deixava um ar de bronzeamento natural, eu ri ainda mais. Agarrei seu bolso e puxei a pulseira com tudo mas sem querer toquei em algo que não deveria. Me afastei rapidamente, me sentindo envergonhada o suficiente, Krucis parecia não se importar, deveria estar acostumado com essa situação. Ao invés de se envergonhar, ele correu atrás de mim e me abraçou por trás, presumo que fez de propósito, me abraçava com força. Algo dentro de mim parecia ter sido solto e uma forte dor se instalou na minha barriga, me soltei do seu abraço, estressada.

– Desculpa, te machuquei? – ele perguntou, preocupado.

– Não, minha barriga tá doendo. Vou tomar um remédio, Krucis.

Me afastei dele, andando com certa dificuldade. Fui direto ao banheiro, pois me deu dor de barriga, ao abrir o zíper e abaixar o short me assustei e fiquei surpresa ao ver sangue. Merda o que é isso? Krucis me abraçou com tanta força que foi capaz de me machucar? Que droga! O que faço agora? Se eu ligar para minha avó, ela ficará brava com ele e irá voltar para fazenda e eu não quero isso. Merda!

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