Dois Companheiros

XXXVI - Segunda opção

EDGAR

Ora, seria essa a minha sina?

Me pergunto todos os dias, desde que soube que teria que dividir minha companheira com meu querido irmão. Merda, eu praguejei tanto a lua e esse foi o meu castigo? Cruel como o fogo.
Detestei a ideia de ter que dividi-la, embora Ivan tenha mencionado que minha Mia estaria metida com bruxaria. Em que mundo ele pensa que estamos? Bem, quando filhotes nós ouvimos bastante histórias sobre bruxas e feiticeiras mas isso eram apenas contos! Bruxas não existem e por que uma meio-humana estaria metida com bruxaria? Meu estômago revirou apenas ao lembrar do jeito que ele se referia a ela, Ivan não ama ninguém, nisso eu poderia ter certeza, no entanto, agora eu podia ver um brilho naqueles olhos frios. Eu até o vi sorrindo um dia desses.

– Merda!

Sussurro ao vê-la surgir no horizonte, sabia que ela estava me procurando mas por enquanto eu não queria vê-la, ela não tinha culpa, isso é um fato. Porém, meu lobo estava muito enciumado e não queria vê-la. Paro ao ver Ivan se aproximar dela, os dois não estavam próximos mas eu podia assistí-los de onde eu me encontrava.

Suspirei.

Me preparei para partir, quando senti um braço me puxar para o lado. Mia.

– Edgar, o que aconteceu? Por que você está assim comigo? – ela perguntou, ainda sem me soltar, fiquei ali, parado, vendo-a agarrar meu braço com certo desespero. Engulo seco.

Ivan parecia nos perseguir, ele já estava aqui, ao nosso lado, de braços cruzados, os olhos frios mostravam uma certa raiva. Eu o conheço muito bem, sei do que estou falando, Ivan está com ciúmes. Não evito sorrir.

– Vamos conversar em particular, Mia. – pedi, segurando em sua mão, ela assentiu olhando brevemente para o meu irmão, pude notar que ela revirou os olhos.

Talvez, Ivan não seja o seu favorito, isso era bom. Meu lobo agora pulava de alegria e balançava freneticamente seu rabo, parecia um apanador.

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– Eu pensei que você não gostasse mais de mim... – ela fungou, enquanto eu me sentia culpado por fazê-la chorar.

– Mia... Eu... – tentei dizer mas senti a presença de Ivan nos rodeando, meus pêlos se arrepiaram – Eu amo você, jamais deixaria de gostar de você!

Ela sorriu e ouvimos um Ivan zangado rosnar do lado de fora, sorrir satisfeito, já Mia, arqueou as sobrancelhas e grunhiu.

– Você está me usando para causar ciúmes nele? – ela perguntou, cruzando os braços, comprimindo seus lábios avermelhados.

Pisquei, tentando controlar a vontade de beijá-la e acabei sorrindo.

– Não. – menti

Ela realmente consegue me surpreender, como uma jovem retraída e calma como ela se transformou rapidamente em uma jovem corajosa e mandona?

"Efeito, Ivan."

Lembrei-me das palavras que mamãe sempre dizia quando éramos novos, Ivan sempre conseguia fazer o lobo interior dos jovens darem sinais de que realmente estavam ali. Então era isso? Ivan estava acendendo a chama lupina de Mia? Em tão pouco tempo ele conseguiu fazer isso? Talvez ela não seja para mim...

– EDGAR! – ela me socou, forte, parecia depositar toda a sua força no meu ombro, me atingindo em cheio, grunhi, levando a mão até o local. Olhei para ela, um pouco assustado. – Você não gosta mais de mim?

– O que? Eu já disse que amo você mulher!

– Então não se afaste mais de mim! – se aproximou – Muito menos deixe aquele seu irmão esquisito sozinho comigo, ele me dá nos nervos!

Sussurrou a última parte, me fazendo gargalhar. É, vale apenas lutar por ela, minha garota é fenomenal.

– Prometo que não irei mais deixá-la sozinha. Nem que para isso você tenha que me acompanhar nas próximas reuniões...

– Promete de mindinho? – perguntou ela, me estendendo a mão e balançando o dedo pequeno. Olhei confuso para aquela cena. Sempre me confundia com promessas humanas, para nós, promessa é promessa.

– Sim. De mindinho. – sorri, enquanto balançavamos nossos dedinhos – E você promete para mim que eu sempre serei o seu favorito?

Ela sorriu, me mostrando o belo sorriso que me fazia amá-la ainda mais.

– Você é o meu favorito, Edgar. Sempre será o meu preferido, acho que ninguém nesse mundo resistiria ao seu charme e esse cabelo totalmente bagunçado. – disse ela, bagunçando meu cabelo.

– Se você estiver mentindo, eu irei pegar fogo ...

– Que horror! Pare com isso! Não estou mentindo, você é o meu favorito, meu lobinho preferido...

Sorrimos um para o outro e, de repente a porta se abriu de forma abrupta. Um Ivan totalmente nu adentrou o local, sem se importar com nada, rosnei, puxando Mia para perto de mim, não queria que ela olhasse para ele, tinha certeza que ele estava se exibindo.

– Ivan! – rosnei, vendo o mesmo se jogar no pequeno sofá, sem nenhum pudor, enquanto bebericava seu chá quente. Ele me olhou de canto, eu podia vê-lo sorrindo. – Já conversamos sobre isso, você não pode andar pelado...

– A casa é minha.

Disse, sua voz grossa ecoou por toda sala, fazendo meu lobo entrar em alerta. Antes eu não me importava em como a voz dele era potente e autoritária, agora eu podia até mesmo sentir a sua dominância, era palpável.

– Sua? A casa é nossa e nós dois já decidimos as novas regras...

Ivan se levantou, cambaleando e andou até nós, sem tirar os olhos de Mia. O afastei assim que o vi próximo demais.

– Eu sou o Alfa...

Seu bafo fedia, ele estava bebendo.
Gostaria de saber onde Ivan havia conseguido bebidas, usávamos as mesmas apenas em comemorações e festividades.

– Você está bêbado. – Mia soltou, ainda abraçada a mim e sem olhá-lo.

– E você está de.tro da minha caasa! – respondeu, com a voz arrastada.

Eu queria bater nele até que o mesmo recobrasse a consciência, porém, se eu fizesse isso agora, iríamos assustar Mia, eu não queria isso. Teríamos que jogar o jogo dele.

– Tudo bem, essa é a sua casa, então... – puxei minha até a porta – Fique com ela, iremos embora.

E saímos, bati a porta com força. Já estava escuro e alguns pássaros noturnos cantavam sobre as árvores.

– Vamos caçar comigo? – perguntei a Mia, ela assentiu sorrindo.

É, talvez Ivan realmente tenha acendido a chama lupina da minha garota.

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CAPÍTULO SEM REVISÃO