Ele escutava tudo que sua amada dizia, calado mas a medida em que ela contava tudo o que passara nos últimos dias, seu coração acelerava. Ele sentia-se impotente, como se ele e o nada fossem a mesma coisa. Como puderam mexer com sua garota? Ele desejava matá-las, seu lobo uivava em desespero, principalmente ao notar o medo que ela sentia ao contar tudo aquilo. A forma em que ela apertava os dedos, estralando os mesmos, a forma em que olhava para os lados como se estivessem ouvindo o que ela dizia, a forma em que seus lábios tremiam e em como eles estavam rachados, secos e machucados. Tudo isso o matava por dentro.
– Elas entraram aqui?
Ele perguntou, cerrando os punhos, nesse momento já não conseguia segurar a raiva que o consumia.
– Sim...
Isso era tudo, aquela era sua toca, ninguém tinha permissão de estar ali a não ser ele, seu irmão e agora ela. Ninguém deveria entrar ali, era uma regra! Todos sabiam disso. Ele saiu do quarto as pressas, murrando a porta de entrada. Uivou tão alto que todos se assustaram e alguns correram para suas casas. A essa altura do tempo, as agressoras sabiam o que aconteceria, elas sabiam que erraram ao tocar na fêmea dele.
– Não, por favor... – Mia-lena conseguiu alcançá-lo e tentou fazer com que ele parasse de andar, se colocando em sua frente. – Edgar, por favor não faça isso...
Ela olhou em seus olhos, eles não estavam mais como antes, estavam escuros, quase negros e um arrepio percorreu todo seu corpo. A jovem sabia que teria que impedi-lo ou as coisas sairiam do controle, ela aceitaria ser odiada por um, ou três mas por todos? Isso seria impossível, ela não queria isso, não queria mais ser um estorvo.
– Saía da minha frente, Mia. – ele diz mas era como se não fosse ele, a voz estava grossa e uivante.
– Por favor, não faça isso, você vai machucá-las...
– E você não percebeu o que elas fizeram com você? Não percebeu? – ele se aproximou, olhando fixamente para a mesma, a deixando assustada. Agora ele tinha o mesmo olhar de Krucis. Um olhar distante e maldoso.
– Eu sei, eu sei! Se você fizer isso, o que os outros vão pensar? – ela o segurou, notando que ele estava se afastando dela.
– Não me importo com o que os outros irão pensar. Você é minha e ninguém além de mim deveria te tocar! Se alguém se opor contra o que eu irei fazer, não me preocupo, eu mato todos... – rosnou, transformando-se em um lobo grande e cinzento.
Mia-lena sabia que não tinha mais nada a se fazer, ela não deveria ter contado, não deveria. No entanto, ela não iria desistir, não deixaria que ele fizesse aquilo, sabia que Edgar teria problemas futuramente, ela não permitiria. Desceu a colina correndo, sem medo de tropeçar e cair, a adrenalina era tanta que ela mal conseguia escutar as pessoas em volta. Só a voz de Edgar captava sua atenção, ela o viu ao longe, próximo de uma de suas agressoras, a mulher estava sentada, segurando algo em mãos, ao se aproximar Mia-lena assustou-se. Ela segurava um bebê, um bebê peludo e muito fofo.
– Edgar... – Mia-lena cutucou o braço do homem enraivecido parado ao seu lado.
Porém, ele não deu atenção, olhava friamente para a mulher sentada a sua frente.
– Amor...
Mia-lena sussurrou, enfim conseguindo chamar sua atenção. O homem olhou para ela, confuso, porém alegre. Ela não costumava chamá-lo de amor.
– Por favor, não faça isso, por mim... – ela inspirou, tentando se convencer de que ele não faria aquilo, embora todas aquelas mulheres merecessem.
– O que aconteceu? Por que vocês estão aqui, parados em frente a minha toca? – um homem carregando dois baldes cheios de água perguntou, curioso mas ao notar sua companheira sentada, em posição de derrota, ele empalideceu.
– Sua companheira estava dentro da minha toca! – Edgar iniciou – E ela ousou tocar na minha companheira! Ela desrespeitou uma das únicas regras que todos vocês tem por aqui e eu pergunto agora, qual foi o motivo? Vocês acham que por Ivan estar longe isso tudo virou uma baderna? Onde vocês fazem o que querem e com querem sem pensar nas consequências futuras? Olhe! – Edgar puxou a jovem mais nova, fazendo-a ficar de frente para o homem – O braço dela está todo ferido, ela é uma recém transformada! Porra, e se ela não conseguisse se regenerar? E se eu não chegasse a tempo?
Os crinos olhavam para tudo aquilo com pena e desprezo, geralmente aquilo não acontecia, principalmente com uma Luna.
– Eu poderia matá-las, todas vocês! Uma por uma e faria com um imenso prazer, no entanto, a minha companheira mesmo depois de tudo que passou decidiu que vocês deveriam ser poupadas. Ela sim sabe como uma Alcateia funciona, mesmo nunca estando em uma antes! – o Beta rosnou alto, deixando todos assustados – Porém, não pensem que irão escapar da minha fúria, por um erro de três pessoas, outras irão pagar. Illa, Eva e Coral, vocês estão no exílio.
Todos se assustaram ao ouvir isso, faziam anos que não escutavam essa palavra. O burburinho começou, enquanto as mulheres pediam uma segunda chance.
– Mas senhor... Temos filhotes! – o homem, companheiro de Illa fala, tentando segurar as lágrimas.
– Hector, eu permito que você pense no que é melhor para você e sua pequena família mas ela – apontou para Illa –, não ficará aqui.
E com isso, retirou-se, deixando uma Mia-lena acuada para trás, ela sentia-se mal mas algo dentro dela sentia orgulho. Agora ela sabia que tinha alguém para defendê-la com unhas e dentes – literalmente.
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CAPÍTULO SEM REVISÃO
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Dois Companheiros
Hombres Lobo|Obra recomendada para maiores de dezoito anos| ❌️PODENDO CONTER GATILHO❌️ "Dois irmãos, idênticos. Mas com personalidades tão distintas. Um era como o sol, te queimava por inteiro e te deixava feliz. O outro, como a lua, silencioso, porém sempre...