XXXVI -

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MIA-LENA

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Eu não aguento mais.

Edgar prometeu que voltaria rápido, já fazem semanas desde a última vez em que nos vimos. Ele mentiu para mim. Agora tenho que aguentar todos os xingos, agressões e olhares tortos, estou cansada disso e não posso fugir, a última vez que tentei as agressões foram piores e embora eu me recuperasse rápido, por dentro o meu corpo doía e muito.

– O que faz?

Virei-me assustada, pensando que pudesse ser uma delas mas apenas vi Darla, parada, segurando uma bolsa.

– Eu... – tentei dizer mas nenhum som saiu depois disso.

Darla suspirou, deixando a bolsa em cima da mesa e vindo até mim.

– Edgar voltará hoje...

– Você disse isso semana passada e olhe Darla, ele ainda não voltou! – me estresso, voltando a guardar algumas roupas.

– Dessa vez é verdade, nós ouvimos seu uivo de aviso. – ela diz, risonha, me tirando um sorriso.

– É sério, ele voltará hoje? – perguntei, me aproximando, errando os passos.

Darla notou a minha dificuldade em caminhar e rapidamente tapou a boca, me olhando de cima a baixo.

– Seus pés estão inchados! O que elas estão fazendo com você, menina?

Olhei para meus pés, realmente estavam inchados e roxos. Suspirei.

– Edgar não pode ficar sabendo disso... – murmurou ela

Olhei para a mesma, confusa.

– Ele irá matá-las, você não pode permitir que isso aconteça...

– Mas Darla, você viu o que elas fizeram comigo, eu não desejaria nada do que eu passei a ninguém. Ninguém!

– Você não entendeu, ele vai matá-las, sabe o que acontece quando um companheiro morre? O seu par é fadado ao sofrimento, ao fracasso e nós não podemos permitir isso... – sugeriu ela, me fazendo engolir seco.

– Darla ... Eu ...

– Você não irá contar. – interrompeu – Isso será nosso segredo.

Olhei em sua direção, incrédula.

– Engraçado – soltei uma risada sarcástica –, você viu o que elas fizeram comigo, demonstrou sentir pena e mesmo assim não se compadeceu? Eu tive que sofrer calada, apanhei e fui humilhada! E você não fez nada, agora você vem aqui, na minha casa e diz que eu não posso contar? É isso? – me aproximo mais dela, sentindo uma onda de ódio me consumir.

Eu sentia meu rosto arder, meu corpo parecia estar em chamas, a dor que antes eu sentia havia desaparecido por completo, me deixando apenas com raiva.

– Se você fosse uma de nós, saberia lutar como uma de nós... – ela respondeu friamente.

Frustração. Raiva. Tristeza.

– Realmente, se eu fosse uma de vocês, já teria revidado tudo o que eu sofri, no entanto, Darla, eu não sou um monstro. – sorri satisfeita ao notar sua cara empalidecer – Agora suma da minha frente e não venha mais com essa história, senão contarei a Edgar que você foi a mandante...

– Mas o que... Como ousa mentir...

– Mentir? – ri – Você acha que Edgar acreditaria em quem? Olhe para mim – abri meus braços, deixando que ela me desse uma boa olhada –, estou toda quebrada e suja de sangue pela décima vez seguida. Em quem você acha que ele irá acreditar? Diga-me!

– Com licença... – a vi engolir seco ao se retirar.

Respirei fundo ao vê-la fechar a porta. Me joguei sobre a cama, sem me importar com a dor que os hematomas me traziam, eu ainda estava com raiva porém confusa. O que eu faria? Contaria a Edgar, ou não? Isso tudo é tão cansativo, Edgar me prometeu que aqui eu estaria protegida, vejo que nem nele eu posso confiar.

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É noite, o céu está estrelado e uivos cobrem a floresta, escuto gritos lá embaixo e risadas. Ele voltou. Corro até a janela, podendo vê-lo, o mesmo sorria e conversava com alguns homens e mulheres. Suspiro ao notar que ele havia me visto, ele acenou, vindo em minha direção mas eu fugi, me tranquei no quarto e lá permaneci.

– O que aconteceu? – perguntou ele, eu conseguia ver sua sombra por debaixo da porta.

– Nada.

– Nada? Tem certeza? Eu te conheço...

– Eu já disse que não aconteceu nada. – sou rude ao dizer.

Edgar as vezes me irritava, ele era muito insistente.

– Mia abra essa porta, ou eu arrombo ela! – ordenou, engoli seco.

– Não quero te ver, Edgar. – soltei, abraçando a manta com força.

– Por que não, o que aconteceu? – ele tentava abrir a porta, batendo na mesma com força.

– Você mentiu para mim. – respondi, sentindo um bolo se formando na minha garganta.

Ele parou de tentar abrir a porta.

– Me desculpa, eu não tive culpa. As coisas saíram do controle e tivemos que ficar por mais tempo, mais do que eu desejava. Eu juro que voltei o mais rápido que pude, eu não conseguia ficar sem pensar em você, no seu sorriso, nos seus olhos... – suspirou do outro lado – Agora abra essa porta e me conte o que aconteceu, seu cheiro está diferente, sinto cheiro de sangue seco, Mia. É melhor você abrir a porta...

Esse cara sempre consegue me surpreender.

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CAPÍTULO SEM REVISÃO

Dois CompanheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora