XXXI - Minha decisão.

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MIA-LENA

– Mia? – escuto a voz de Edgar ao fundo, enquanto eu estava cozinhando alguns ovos e legumes.

– Hum? – balbuciei, sem olhá-lo.

– Por que você se chama Mia-lena? – ele perguntou, se aproximando, debruçado sobre o balcão.

Olho para ele, seus olhos pareciam estar mais "abertos", seus lábios estavam avermelhados e seu cabelo extremamente bagunçado.

– Bem, nem eu sei ao certo... – sorrio fracamente, agora lavando alguns pratos e copos – Lembro-me vagamente sobre uma história que meu pai me contava, ele dizia que minha mãe estava grávida de gêmeos e que, ao irem em um passeio ela acabou se assustando com algo e perdeu um dos bebês. Eram duas meninas, uma se chamaria Elena e a outra Milena. Papai gostava muito do nome Elena e mamãe do nome Milena, para ninguém ficar chateado eles decidiram juntá-los e aí nasceu Mia-lena.

– Eu gosto desse nome, ele combina com você. – ele sorriu, saindo do espaço, me deixando sozinha.

Ultimamente Edgar andava estranho, mais distante. Desaparecia pela noite e eu sempre o encontrava sentado em cima do telhado da casa, olhando para o longe ou as vezes para o céu, especificamente para a lua. Sinto-me angustiada, já haviam se passado dias desde o incômodo daquela mulher e eu ainda não tinha tomado uma decisão concreta, na verdade eu já havia decidido o que eu queria mas sentia medo. Estava assustada com o que poderia acontecer daqui para frente, medo de não ser aceita pela família de Edgar, medo de sofrer nas mãos deles como sofri nas mãos da minha madrasta, no entanto, Edgar garantiu que nada me aconteceria pois ele não iria permitir que ninguém tocasse em mim e bem, eu acredito nele mas não confio nas pessoas.

Termino de secar a louça, desligo o fogo e caminho até o quarto, precisava de um descanso, um tempo sozinha para refletir. Porém, ao entrar no quarto me deparo com um Edgar completamente molhado e seminu em cima da minha cama, faço careta, sentindo minhas bochechas arderem, sentia vergonha e ao mesmo tempo raiva, como ele podia ter coragem de molhar a minha cama? Onde eu iria dormir?

– Edgar! – jogo um dos travesseiros em sua direção, ele desvia rapidamente, como em um passe de mágica.

– O que foi? – acorda esbaforido, mostrando os dentes afiados.

– Você está totalmente encharcado, em cima da mesa cama! – brigo com ele

– Ah – coça a nuca –, me desculpe por isso, eu tinha ido caçar mas acabei caindo em um buraco cheia de água. Me senti tão acolhido dentro do seu quarto que acabei esquecendo que estava molhado. – sorriu sem graça.

Suspirei, tapando o rosto com as duas mãos. Contei até dez e voltei a olhá-lo.

– Tudo bem, Edgar. Agora você trate de tirar esses lençóis da cama e quero vê-los estendidos na corda e não se esqueça de colocar o colchão na varanda para secar. – puxo os lençóis, olhando debaixo da cama, notando o chão totalmente molhado.

– Certo. Irei fazer isso imediatamente! – ele puxa os lençóis da minha mão com força, me fazendo escorregar no piso molhado.

– Ei cuidado! O chão está molhado, cuidado para não se machucar. Por acaso você entrou aqui transformado? Está com um cheiro de cachorro molhado... – zombo dele, puxando o lençol de volta, Edgar por sua vez faz careta.

Dois CompanheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora