XIV - Deixe-me entrar...

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A jovem ficou impressionada ao notar que ele realmente havia encontrado sua casa e, os dois estavam parados, á dois metros de distância da mesma. Mia-lena estava confusa e sentia-se intimidada por Edgar, mesmo o homem não fazendo nada contra ela, a não ser o atentado ao pudor, ele ainda estava nú e isso causava uma insegurança na jovem de cabelos encaracolados. Ela decidiu dar o primeiro passo, tendo em mente apenas o futuro descanso que ela teria ao deitar-se sobre a cama e adormecer.

"Eu preciso muito disso..." Pensou a jovem, pulando o pequeno muro de sua varanda, pronta para adentrar o seu lar, quando lembrou-se de Edgar e o mesmo estava parado ao lado dela, com um enorme sorriso estampado no rosto.

– Vamos dormir agora? – ele perguntou, um pouco curioso.

Vamos? – ela repete como se sentisse enojada e surpresa. Ele realmente achava que eles tinham intimidade o suficiente para tal ato?

– Não vamos? – soou tristonho, encostando suas costas contra a pilate desenhada com azulejos azul cristal. Mia-lena negou, destrancando a porta, sendo seguida pelo homem de olhos castanhos.

– O que você está fazendo?

– Oras, irei entrar...

– Não, não vai...

– Deixe-me entrar, por favor, Mia...

– Mia-lena. – ela corrigiu em afronta. Deixando o homem acuado.

– Por favor...

– Adeus. – ela bateu a porta, desejando que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, um terrível pesadelo. E esperava que quando acordasse, Edgar tivesse sumido, junto com seus problemas.

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Ela abriu os olhos lentamente, tendo a visão da parede, minimamente distante dela, o que era estranho, tendo em vista que sua cama era grande e geralmente ela nunca se movia muito ao dormir. Sentiu-se apertada, ao olhar para baixo, em direção ao seu quadril, percebeu dois braços envoltos a sua cintura. Rapidamente suas bochechas coraram, levantou-se em um pulo espalhafatoso, fazendo Edgar virar-se na cama e cobrir-se totalmente. Ela quis gritar, principalmente ao notar que não era um sonho, que tudo era real. Tudo. Até a parte que ela viu o seu, até então, amigo transformar-se em um animal.

– Acorda! – ela gritou, empurrando o homem de sua cama, fazendo o mesmo cair e causar um enorme barulho. Ele levantou, assustado, rosnando e ... Vestido? Ele vestia uma anagua de sua avó, o que deixava a cena um pouco cômica para Mia-lena, ela desejava rir mas não podia.

– O que é? Por que você fez isso?

– O que é? O que você está fazendo aqui? Como você entrou? – perguntou exasperada, coçando as têmporas.

– Ah, pela janela. – desdenhou – Você deveria trancar bem, algum louco podia ter entrado, sabia? – por fim alertou, bocejando.

– Algum louco podia ter entrado? É sério? – questionou-se em descrença. Tentando descobrir o que fez de errado para merecer aquilo.

– Sim. E se eu não estivesse aqui, quem iria protegê-la? – indagou ele, sorridente.

– Caía fora da minha casa, agora mesmo! – ela aproximou-se, tentando empurrá-lo para fora de seu quarto, o que não surtiu efeito, já que ele pesava o triplo que a mesma e seu corpo não moveu sequer 05 centímetros.

– Não posso, tenho que cuidar de você. – ele cruzou os braços, sério.

Mia-lena grunhiu, irritada. Não era possível, com o desaparecimento de sua avó, quem poderia ajudá-la a se livrar desse cara?

"Krucis!" pensara ela, temendo em seguida. Não poderia mais contar com a ajuda de Krucis, aquele cara não era mais confiável. Então, ela apenas soltou um longo suspiro, cansada demais para discutir. Caminhou com pressa para fora do quarto, notando tudo fora do lugar, como se um furacão tivesse passado por ali, ela virou-se, olhando diretamente para Edgar, que mantinha um olhar de paisagem.

– Sobre isso... – ele coçou a nuca, despreocupadamente.

– Arrume. – ela ordenou, antes de se dirigir para a cozinha. Sendo seguida por um Edgar protestante.

– Veja bem, eu não sou o tipo de macho que arruma a bagunça que faz, entende? – ele sorriu, tentando soar galanteador. Falhando.

– E? – Mia-lena ergueu a sobrancelha, incrédula – Eu não me importo com o tipo de macho que você seja, querido. Apenas me importo com a minha casa e bem, não sei se você percebeu mas um intruso bagunçou tudo ao entrar, acho que para ser bem-vindo aqui, ele deveria pelo menos arrumar o que BAGUNÇA!

Edgar suspirou, derrotado.

– Ok, chefinha.

Ele tratou de arrumar tudo que havia bagunçado, inclusive coisas que ele não havia bagunçado. Pretendia cortejá-la e talvez funcionasse com o seu senso de limpeza. Porém, ele lembrou-se de algo, ao remontar um retrato de uma família. A família de Mia, ele supôs. Lembrou-se da sua família, a alcateia e... Lembrou do Alfa, seu irmão e em como ele estaria encrencado por ter deixado sua alcateia para seguir Mia-lena.

– Eu tenho que ir. – ele disse, apressado.

– Demorou... – Mia-lena zombou, revirando os olhos.

– Por favor, não saia daqui...

– Veja bem, eu não tenho muitos lugares para ir, entendeu?

Ele assentiu, com o olhar vago.

– Preciso ir. – diz novamente, sobressaltado. Escalando a janela, pronto para saltar para fora.

Vocês sabiam que existe algo chamado porta? – Mia-lena indagou, um pouco irritada.

– Até mais. Espere por mim, Mia.

E com isso, sumiu dentre as folhas secas da floresta. Ele era rápido, mais rápido do que Mia-lena imaginava.

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