XXXV - SOCORRO...

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A chuva havia passado e algumas nuvens escuras desapareciam do céu, deixando-o acinzentado. Mia-lena estava sentada, na varanda, observando o vasto campo, as árvores chamavam sua atenção, principalmente os pássaros coloridos que cantavam ali perto. Edgar surgiu ao longe, chamando totalmente sua atenção, ele estava sem blusa e vestia apenas um short curto de lã, marcando totalmente sua virilidade.

- Você ficará bem sozinha?

Perguntou ele, pela décima vez seguida desde ontem. Já faziam semanas desde que Mia-lena chegou, as coisas andavam bem mas ela ainda não se sentia confortável para sair sozinha da cabana, como ela preferia chamar e há dois dias atrás Edgar avisou-a que teria que sair em uma tarefa complicada.

- Sim. Não se preocupe. - diz ela, calma. Porém sua voz demonstrava o contrário, Edgar sabia porém ele não podia deixar essa tarefa de lado, a qualquer momento Ivan voltaria e ele tinha certeza que Ivan e os lobos do campo não se dariam bem.

- Okay. - soltou uma lufada de ar, respirando fundo em seguida - Eu prometo que voltarei rápido, os lobos do campo precisam de ajuda, essa chuva castigou a mata, destruiu algumas plantações e eles ficaram sem recursos naturais.

- Tudo bem, Edgar, eu ficarei bem. - sorriu, abraçando seus joelhos. Edgar abaixou-se, olhando firmemente em seus olhos.

- Você fica muito bonita assim, sabia? - sorriu alegre, bagunçando os cabelos da mais nova.

- Edgar! - brigou ela - Vai logo antes que se atrase, olhe lá, estão te esperando!

Edgar olhou para trás, podendo ver seus crinos parados, esperando por ele.

- Eu vou mas volto rápido. Você terá tudo que precisar, certo?

- Certo...

- E com quem você deve falar caso precise de algo? - o de cabelos claros indagou, confiante que ela já havia esquecido.

Mia-lena o olhou, sem piscar. Tentando lembrar-se do que ele disse mais cedo.

- Esqueceu, né?

- Sim, desculpa, quem era mesmo?

- Darla. Fale com a Darla, ela é de confiança e não te fará mal algum...

- Estamos atrasados, Beta! Deixe para namorar na lua cheia! Tem crianças aqui em baixo ...

Eles ouviram, Edgar riu, levantando-se.

- Bem, estou indo. Cuide-se, já consigo ouvir os uivos do campo...

Suspirou, saindo rápido dali. Mia-lena observou seu corpo sumir entre as árvores da colina e respirou fundo, sentindo lágrimas queimarem seus olhos. Ela estava apavorada, sentia que algo estava errado ou daria errado.

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- Você está aí?

Mia-lena acordou assustada ao ouvir a voz feminina soar bravamente. Levantou-se da cama e caminhou em direção a porta, vendo três mulheres paradas a esperando.

- Oi, em que posso ajudar? - perguntou ela, confusa. Não esperava visitas, Darla já tinha passado por lá e conversado bastante com ela e as duas comeram carne de carneiro ao molho branco.

- Venha conosco. - uma das mulheres tentou puxá-la mas Mia-lena desviou.

- Para onde?

- Sem perguntas, venha. - outra fala, ríspida. Mia-lena afastou-se tentando fechar a porta mas foi impedida.

Foi puxada com força e arrastada para longe da cabana. Tropeçando nos próprios pés e arranhando o calcanhar nas pedras afiadas que vinham pelo caminho. Quando notou, estava longe de casa, no meio da floresta.

- O que estamos fazendo aqui? - perguntou ela, assustada.

- Queremos testá-la, precisamos saber se você não é uma impostora...

- Impostora? Como assim?

- Cale-se. - uma manda, acertando-a em cheio com um chute, fazendo a jovem cair.

- O que é isso? - Mia-lena grita assustada, sentindo ar faltar-lhe dos pulmões.

- Se ela for mesmo uma recém transformada, todos os hematomas irão desaparecer em poucos dias e ele não saberá de nada...

Ela ouvia as mulheres conversarem, acuada em um canto.

- Você vai ficar caladinha e nada do que acontecer aqui irá sair daqui, ouviu bem? - uma delas, a que parecia mais nova diz, aproximando-se e apertando o queixo de Mia-lena.

- O que vocês irão fazer comigo?

- Cale a boca!

Iniciou a sessão de tortura, com tapas, socos e pontapés, o pior eram os arranhões que ela recebia. Gritando por ajuda e socorro.

- Cale a boca, vadia! Irão te ouvir!

- SOCORRO... - Mia-lena gritou novamente, temendo por sua vida.

As mulheres se afastaram assustadas, vendo que a jovem não pararia de gritar e isso chamaria atenção.

- Se você contar o que te fizemos, da próxima vez será pior! É melhor contar uma mentira das boas e despistar a culpa da gente!

As três sumiram entre as árvores, deixando Mia-lena sozinha e assustada. Alguns crinos apareceram, perguntando o que havia acontecido.
Mia-lena estava em estado de choque e desmaiou.

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- Acordou... - Darla sussurrou, sorrindo docemente para a jovem.

- Minha cabeça dói muito...

- Você estava em uma situação deplorável, o que aconteceu?

- Eu não lembro... - Mia-lena mentiu, torcendo para que Darla não perguntasse novamente.

- Entendo... - Darla olhou para o outro lado, sabia que Mia-lena não diria a verdade e sabia muito bem o que havia acontecido, ela também houvera passado pelo mesmo no passado - O importante é que você se curou rápido! É impressionante!

Mia-lena olhou para seu corpo, procurando pelos hematomas, não os encontrando. Mas dentro dela, ela sentia a dor e tudo ardia por dentro. Ela queria que Edgar voltasse logo e protegesse ela mas ele não voltou e pelos próximos duas semanas tudo se repetiu, as agressões, as brigas, as intrigas, ela não aguentava mais, seu corpo não aguentava mais. O pior era ter que permanecer em silêncio e fingir que tudo estava bem, as mulheres diziam-na que ninguém iria acreditar nela nem mesmo Edgar que já havia se relacionado com metade das jovens fêmeas da alcateia. Mia-lena sentia raiva e queria ir embora dali o quanto mais rápido e faria isso.

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CAPÍTULO SEM REVISÃO

Dois CompanheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora