2 - Aproveite a pausa

4.8K 454 355
                                    

...mas não caiu. Um abraço forte lhe impulsionou terraço adentro caindo de costas sobre um corpo menor que o dela. Sons de insatisfação saíram da mulher que lhe impediu de saltar no vazio da morte.

- Ai... merda... - A mulher reclamou ao apertar o punho. Tinha o torcido com o impacto que o corpo de Luiza deu contra ela e o chão.

- Quem é você? O que faz aqui? - Luiza levantou rápido e tinha uma expressão de raiva no rosto, indignada e frustrada por ter sido interrompida naquele momento. Envergonhada por ter sido pega no flagra. Reuniu tanta força e coragem para estar ali e sentiu que havia perdido a melhor e talvez única oportunidade. Ela estava possessa.

A mulher se colocou de pé e Luiza pode enfim reparar nela. Estava bem vestida com um cropped preto por baixo de uma jaqueta de tecido na cor bege, calça comprida do mesmo tecido e um mocassim social com plataforma. No breve momento que analisou todo o corpo da mulher, ainda não havia encarado o seu rosto. Alcançou seu olhar e só então percebeu tamanha beleza. Ficou impressionada.
Observou fixamente a imensidão verde que eram aqueles olhos, pareciam enxergar a imensidão negra de sua alma e se reconhecerem. Luz versus escuridão.

A mulher rolou o olhar pelo corpo da CEO buscando por algo, algum possível machucado. Salvou sua vida, era imprescindível que permanecesse intacta. Até que foi surpreendida pela voz firme e de tom grotesco.

- Não vai me responder? Quem você pensa que é para me impedir?

- Meu nome é Valentina. Eu trabalho aqui... Pra você.. Quero dizer.. quase isso. Será que podemos conversar, você ia mesmo se jogar?

- Não tenho nada para conversar com uma funcionária qualquer. Ainda mais intrometida como você, pode ir se retirando por favor. Já passou o horário do expediente...

Valentina não podia acreditar em tamanha arrogância e prepotência, quase riu de incredulidade mas achou melhor tratar daquela situação com delicadeza. Não queria presenciar a executiva correndo e pulando em direção ao abismo. Sabia exatamente o que fazer.

- Certo, olha só... - tomou a atenção da CEO - estou aqui porque tenho algo pra lhe dizer. Vim atrás de você e vi o que estava fazendo, você não notou minha presença e quando eu percebi o que você estava fazendo... eu agi. Será que podemos ir até o Káva?

Luiza se aproximou de Valentina encarando seu rosto, suspeitava que a mulher estivesse mentindo apenas para lhe fazer perder o foco. Nunca foi ingênua, mas por um segundo enxergou verdade naqueles olhos que lhe fitavam fixamente e não se intimidaram nem por um instante diante de sua aproximação sorrateira e ameaçadora. Só lhe restou o benefício da dúvida, mas ainda assim insistiu em saber.

- Que motivos eu teria pra te acompanhar até o café? Se tem algo a falar sobre seu trabalho é só relatar ao RH. Não tenho tempo para atender todo empregado que quiser reclamar...

- Não é sobre o trabalho. Você vai ter que descer comigo para saber.

A executiva sabia que aquilo só se prolongaria, sabia também que não seria capaz de continuar com seu objetivo diante daquela testemunha. Não iria envolver uma pessoa inocente naquela situação. Atravessou a lateral de Valentina em passos largos e bufadas, esperando que a funcionária entendesse o recado de que devia lhe acompanhar.

Valentina seguiu a CEO até a porta de emergência que entrava para o hall do terraço, esperou pacientemente ao lado dela o elevador atingir o último andar.

Observou Luiza entrar e se posicionou ao seu lado. Precisava pensar em algo bom o suficiente para que os planos da mulher fossem adiados. Não poderia perder a oportunidade de se aproximar e mudar seu destino.

LILACOnde histórias criam vida. Descubra agora