46 - Descrença

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Luiza

Existem momentos da vida que nós simplesmente precisamos decidir entre caminhos que devemos seguir. Quais batalhas devemos lutar, quais riscos devemos tomar. A antiga Luiza talvez tivesse uma atitude agressiva e reativa. Mas eu estava em paz. Calma e serena.

- Espera, vocês não podem levar ela... - Valentina dizia com certo desespero na voz - Isso tá errado, ela não é criminosa pra sair algemada dessa forma. Vocês sabem muito bem quem ela é. - Era perceptível que ela já se encontrava nervosa e tentava impedir os policiais de fecharem o objeto de metal contra meu pulso.

- Tá tudo bem Valentina, eu vou entrar em contato com os meus advogados assim que chegar lá. - tentei acalmá-la diante de seu olhar de dor.

- Não, espera... eu vou com você.

- A senhora é advogada dela? Caso contrário não pode acompanhá-la. - o policial cortou.

- Qual a DP que estão a levando? - ela perguntou conforme íamos em direção ao carro todo preto com apenas uma sirene azul e vermelha piscando no alto. - Lu, eu vou ligar para o meu pai, logo te encontro lá...



- Senhora Luiza, meu nome é Luiz Carlos, sou o delegado plantonista desse departamento, irei ler os seus direitos antes de efetuarmos a prisão provisória. A senhora tem algo a nos dizer em relação ao crime que é acusada?

- Só falarei na presença dos meus advogados. - o homem respirou fundo, como se estivesse impaciente com algo.

- O oficial vai acompanhá-la para o contato. - informou sem a menor vontade de dar sequência naquele interrogatório.

Entrei em contato com os diretores responsáveis pelo setor jurídico da empresa, devido ao fato de ter sido acusada como sonegação, eles seriam os melhores indicados para tratar do assunto. Pedi que viessem preparados para me tirar dali o quanto antes. Expliquei toda a situação desde o momento que fui abordada pelos oficiais em minha porta e eles prontamente ouviram e me tranquilizaram.

Demorou pouco mais de uma hora para que estivéssemos todos em uma sala de frente ao delegado novamente. Os dois advogados de minha parte já espalharam os papéis diante do homem que olhava desconfiado.

Era óbvio que eu sabia dos riscos desde a descoberta sobre Valentina e Igor, havia os deixado alertados para todas as hipóteses possíveis sobre os acontecimentos recentes. Os atos já estavam antecipadamente redigidos. Pelo andar da carruagem, eu iria pra casa antes do que imaginava.

- Doutor delegado, esse é o pedido de habeas corpus referente à prisão.

- Habeas Corpus? Parece que estavam preparados, não é mesmo? Sabe que isso não vai protegê-la por muito tempo..

- Estamos dispostos a provar a inocência de nossa cliente, assim como estamos dispostos a deixar claro o abuso de autoridade que a mesma sofreu ao ser abordada em sua casa, durante um jantar, após o horário permitido por lei. A mídia vai adorar saber o quanto a dona de uma das maiores empresas do país tem sido perseguida e acusada irregularmente.

- Não estamos perseguindo...

- Pode parecer que sim.

- Temos provas concretas da acusação.

- O senhor sabe como funciona a internet, se fizermos parecer que ela é inocente, nenhuma prova será páreo para o julgamento da sociedade. A forma que abordaram a cliente foi inescrupulosa e diria até suspeita. Tem alguma motivação por trás de tamanha incoerência na conduta policial?

LILACOnde histórias criam vida. Descubra agora