3 - Um encontro ao acaso

4.9K 433 229
                                    

- Foi só uma torção, ficará inchado por um ou dois dias. Vou prescrever uma pomada e um remédio para dor. Pode usar essa luva ortopédica durante três dias se quiser, irá ajudar na recuperação.

A médica residente do hospital Sírio Libanês informou enquanto observava o raio X do punho da modelo e recolhia uma luva da embalagem em seu armário.

- Obrigada, Lívia. Desculpe incomodá-la no seu dia de folga. Sabe que eu só confio em você. - Luiza sorria gentilmente.

- Imagina, Luiza, estou sempre à disposição, quando você precisar. - a médica foi sucinta ao afirmar aquelas palavras. Era perceptível por qualquer um ali sua dedicação com a CEO.

Luiza sabia do interesse da doutora mas não correspondia às suas recentes investidas. Desde que a conheceu durante as idas e vindas ao hospital no tratamento de sua patroa, elas criaram um vínculo de amizade sútil que logo fez a moça se confundir com os sentimentos ao longo dos anos. Acabaram se envolvendo em um lance de uma noite só nesse meio tempo, estremecendo um pouco a relação das duas.

A médica entregou a receita para a modelo e se despediram gentilmente para se afastar da sala de consulta. Valentina observou de longe a empresária interagir sorridente com a médica um último momento antes de avançar pelo corredor alcançando a modelo na porta de saída.

- Que bom que não é nada grave, não é? - a executiva diz, recebendo o aceno da modelo

Luiza parecia mais tranquila, não tão reativa e mais comunicavel. Valentina se aproveitou do momento descontraído.

- Sim, eu disse que não precisava se preocupar. - sorriu gentilmente - Mas... obrigada, de verdade. - Luiza olhou no fundo dos olhos da modelo e sentiu a sinceridade que eles passavam.

Sorriu sutilmente em resposta e acenou em concordância.

- Onde você mora?

- Luiza... eu agradeço tudo o que fez, mas não precisa me levar, eu moro longe e esta tarde. Eu posso pedir um uber...

- Vou ter que insistir? - a CEO ja demonstrava impaciência novamente.

- Ninguém nunca dá a última palavra com você, não é mesmo?

- Não, e não vai ser você a primeira a conseguir.

- Tudo bem, eu tinha um compromisso com meu irmão e ele mora aqui perto, você pode me deixar lá.

O caminho até o hospital tinha sido um silêncio constrangedor, mas agora já havia certa tranquilidade no ar. Valentina arriscou uma nova aproximação.

- Posso confessar uma coisa?

A executiva não respondeu, olhou de relance inexpressiva dando permissão para que a modelo continuasse a falar.

- Estou com medo... - Luiza a olhou confusa, e a mulher continuou - medo dessa lesão ter sido em vão, medo do que vai acontecer quando nos separarmos. Não te conheço Luiza e não sei dos seus motivos, mas por favor, não faça nenhuma besteira, não desperdice tudo oque você conquistou até aqui. Pense quantas pessoas se inspiram em você, eu convivo com jovens que te admiram cegamente e se espelham no seu poder. Você faz bem para muita gente, você não sabe, mas essas pessoas sabem o que você representa para elas. Não importa qual seja seu problema, elas acreditam que você é capaz de superar qualquer coisa. Independente do que for, muita gente tem fé em você.

Luiza encarava o borrão de luzes vermelhas do congestionamento em sua frente. Seus olhos marejaram por segundos e ela desviou o olhar observando a janela lateral. Se recompôs rapidamente enquanto a modelo esperava por qualquer sinal de êxito em seu objetivo.

LILACOnde histórias criam vida. Descubra agora