Quarta-feira, 18 de maio de 2022.
- Será que a gente pode conversar?
- Igor... por favor. Não temos o que conversar. Eu não tô afim de brigar novamente.
- Eu só não consigo entender, cara.
- Trabalhos dão errado. Às vezes. É só você aceitar. - Passo as mãos pelos meus cabelos - Igor... eu... - queria que ele entendesse que eu a amo, mas eu não tenho total confiança nele nesse momento. Igor tem sido muito teimoso, ele costumava me idolatrar e me respeitar acima de tudo. Mas ultimamente se demonstrou uma pessoa diferente, impaciente, verbalmente agressivo. Eu cheguei a suspeitar de uma recaída mas não encontrei nada que pudesse provar. - Só me deixa contar para ela. E então decidimos juntos o que fazer, sei lá. Eu não posso entregar nada do que temos para a ONG, não mais. Mas talvez ela possa ir até eles, ela pode tentar se redimir do que tem feito de errado na empresa, ajudar os trabalhadores que estão se sentindo lesados.
- Você sabe que isso nunca vai dar certo. E esse não é o foco principal deles, eles querem a cabeça dela..
- Isso é um absurdo, eles estão motivados por algo, a pessoa da denúncia anônima possivelmente tem a ver com isso. Uma organização não se baseia em vingança, destruição, o foco principal deveria ser o bem estar e a qualidade de vida das pessoas de lá... Tem algo de errado e só você não quer enxergar.
- Independente de qual seja a motivação deles, Valentina. Eles não vão parar. Não é um mundinho perfeito que ela irá chegar lá e vender a imagem de boa moça arrependida. Nunca vai dar certo.
- Você não tem como saber, temos que tentar...
- Eu não tô com você nessa, Valentina.
- O que você quer dizer com isso?
- Que eu vou entregar o que temos pra eles. Eu vou continuar o trabalho sozinho...
- Você não vai. - eu digo firme - Você não pode - as palavras saiam pacientemente de minha boca, mas o sentimento era contrário, a raiva já estava dominando meu corpo - Nós somos parceiros, um não pode derrubar o outro... E se você fizer isso, você vai me derrubar, você sabe, Igor...
- Essa queda é inevitável, Tina. Você quem escorregou e caiu sozinha, eu tentei te segurar. Você sabe que perdeu. - suas palavras saiam como uma lástima. Ele não me deixou responder, saiu de nosso apartamento sem olhar para trás.
Me sento no sofá colocando minha cabeça entre as mãos. Encaro o tapete em meus pés e me entrego às lágrimas. Era tudo tão conflitante, tão doloroso. A incerteza de saber se ela estaria ao meu lado me angustiava.
Sei que o jantar de hoje era para algo bom, ela estava animada. Mas havia chegado a hora. Eu precisava me entregar. Irônico.
Quando me deparo com seu carro amassado, tudo se esvai na minha mente. Luiza estava bem? O que aconteceu?
Seu rosto tinha uma expressão de decepção, confusão. O meu sangue congela. Será possível? Não pode ser...
Era uma foto. A minha foto. Como ela chegou até Luiza? Alguém estava tentando algo. Eu imediatamente me alerto. Estavam tramando contra mim, ou contra nós. Igor é a primeira pessoa que me vem à cabeça. Não é possível que ele fez isso? Como ele teria acessado o meu drive naquela época? Era óbvio que ele teria capacidade, mas ainda estávamos super ativos na investigação e não teria porque ele passar por cima de mim. Ele ainda me respeitava completamente.
E agora eu estava exposta, no meio do tiroteio e sem coletes à prova de bala. Perceber que Luiza ficou extremamente decepcionada ao imaginar que eu teria tirado a foto para usar contra ela me quebrou por inteira. Eu sabia que seria assim, só não sabia que eu não suportaria lidar com sua frustração. Mais uma vez, naquele momento, eu desisto de revelar a minha verdade.
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LILAC
FanficLuiza abandonou tudo para ir atrás de seus objetivos na cidade grande. Conquistou o mundo com sua ambição e visão empreendedora. Criou um império invejável, mas ele estava vazio. Até o dia que alguém invadiu esse território instável desarmando todas...