30 - Entrega

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Segunda-feira, 02 de maio de 2022.

- Valentina, você não vai anexar as fotos no dossiê? Cara, não avançamos nada faz dias.. O que está acontecendo?

- Me erra Igor. Tá esquecendo que eu que controlo as nossas investigações?

- Eu devia ter ido pra Irlanda naquela oportunidade. Você tá ferrando com a missão! Eu sei que tá... Nós vamos nos foder e feio nisso!

- Não foi porque você mesmo não quis. Ficou pelo rabo de saia que você arrumou, cadê ela agora? Te chifrou, burro! Eu não te obriguei a permanecer comigo.

- Você não me provoca...

- Fica na sua, é simples.

Estou de saco cheio dessa fiscalização. Eu sei que diminui o ritmo na busca por provas. Mas eu não tenho pressa mesmo, não temos prazo neste contrato. Uma investigação pode durar anos. Porém, sei bem o que Igor teme.

A minha aproximação repentina de Luiza.

É fato que eu não anexei as notas frias que encontrei no nosso dossiê. Eu ainda queria confirmá-las, por mais que estivesse explícito que tudo era real, ou não, eu ainda não queria deixar expostas para que ele visse. Com certeza ele percebeu que eu tentava esconder algo, mas eu não conseguirei por muito mais tempo.

O meu pensamento vai longe, mais precisamente nessa noite. Haveria uma confraternização em comemoração ao dia do trabalho e eu me questionava se ela estaria lá. Decidi enviar uma mensagem para saber se a encontraria. Não tinha o menor interesse em ir se não fosse para vê-la. Acabo instigando-a, torcendo para que tenha dado certo.

- Onde você vai? - Igor me pergunta ao me ver arrumada. Eu coloquei uma roupa atraente, no intuito de impressionar. Eu precisava ter uma boa aparência, as pessoas já estavam começando a criar curiosidade sobre o novo rosto da empresa, ainda que eu não tivesse sido apresentada.

- Trabalhar... - é só o que eu respondo.

- Esper.. - não escuto o final de sua frase. Estou cansada dessas repreensões. Eu sei o que estou fazendo e não é um moleque que irá me dizer como devo me portar na minha carreira.

Acabo me atrasando além do esperado, um percurso de vinte minutos durou quase uma hora. Espero que ela ainda esteja lá. Entro no grande café onde estive com ela naquele primeiro dia que a vi. Está obviamente diferente, sem nenhuma mesa ou cadeira, com um palco improvisado próximo à vitrine. Do lado contrário, onde ficava o balcão e as banquetas, eu vejo sua silhueta de costas entre os corpos na frente. A sua assistente se afastava dali com cara de poucos amigos e ela abaixava o rosto em direção ao próprio copo.

Dona de tudo, com metade do mundo aos seus pés, outra metade ao seu redor. Ainda assim, tão só. Ah, Luiza, se você soubesse o poder que tem de encantar qualquer um, não se fecharia tanto.

Disperso os meus pensamentos quando finalmente alcanço ela. A impressionei, pude perceber. Seus olhos percorreram o meu corpo inteiro e eu me sentia como se estivesse despida em sua frente. Ela era a única pessoa que me deixava tímida às vezes.

Esqueço tudo que me prende, ou quase tudo se não fosse o meu celular vibrando insistentemente, eu aposto que era o Igor. Entre conversas e provocações nós nos divertimos discretamente. Eu estava afim de ser quem eu queria ser ao lado dela, eu mesma. Danço, puxo ela para curtir a banda próximo ao placo. Mas acabo trazendo ela para o abate quando o cantor a convida para subir e dar algum discurso. Olho para ela com uma cara de culpada e de quem se desculpa ao mesmo tempo, ela revira os olhos ao ouvir a insistência.

LILACOnde histórias criam vida. Descubra agora