28 - O começo do fim

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Sexta-feira, 15 de abril de 2022.

Covarde.

Eu não acredito que ela iria mesmo fazer aquilo! Eu até posso estar muito enganada, mas sua atitude só demonstrou que ela tem sim muita culpa no cartório. Repasso cada momento das últimas horas....

-Flashback on-

Fazia pouco mais de duas semanas que eu frequentava a Lilac frequentemente. Era final do dia quando eu percebi uma movimentação no elevador. Eu me certifiquei de esperar até um horário que não teria mais ninguém naquele prédio. Já tinha estudado por dias a movimentação de saída de todos. Às 18:45h não havia mais ninguém por lá. Igor conseguiu acesso às câmeras de segurança da fachada e do hall apenas, ele também analisou as entradas e saídas para conseguirmos chegar aos números corretos. O porteiro já era meu parceiro, eu conseguia ingressos de camarote para ele assistir o time do coração na NeoQuímica Arena e ele simplesmente ignorava as minhas idas ao terraço ou a lugares não tão acessíveis.

Para ele, apenas uma amante da fotografia tirando retratos da cidade em caos ou de caixas e caixas de arquivos. Eu mostrava empolgada para ele as fotos que eu tirei para despistar, alegando que montaria quadros e venderia na internet, até ofereci, mas ele não dava muita importância, apesar de sorrir simpático.

Para mim, subir até lá era uma forma de pensar e elaborar um acesso fácil até a sala daquele último andar. Eu descobri que não teria muito sucesso com os papéis arquivados ou conversando com funcionários que trabalhavam ali a pouco tempo. A rotatividade deles ali era impressionante, aparentemente a executiva só aceitava profissionais muito bem capacitados. Então eu decidi que a sala dela era o meu ponto principal. Ali em cima, com o meu drone praticamente imperceptível a olho nu, eu gravava e avaliava tudo o que havia através das janelas do décimo quinto andar, a posição das câmeras e tudo mais que existia naquele ambiente.

Por fim, hoje foi o dia escolhido, eu estava apenas esperando o horário para poder subir até aquela sala. Igor iria controlar o drone remotamente. O pequeno objeto voador miraria um laser na câmera principal, deixando a tela do vídeo branca. Combinamos dez minutos para que a segurança não suspeitasse de nada. Seria só um "erro na matrix", dez minutos era o suficiente para eles nem avaliarem nada e considerar subir até lá. Eu estava confiante que daria certo.

Mas o movimento no elevador me tomou a atenção. Havia alguém ainda lá. Mando uma mensagem para meu irmão. Peço que aguarde o meu sinal pois uma possível intercorrência poderia estar acontecendo.

Ainda no quinto andar, encaro a pequena tela com os números em led.

A pessoa subiu ao terraço. Seria ela? Estaria pegando o helicóptero para algum local?

Eu não me lembro de ter visto o piloto pela empresa hoje. Eu guardei bem seu rosto. Guardei bem o rosto de todos ali. O dela eu ainda não havia presenciado pessoalmente. Mas eu a reconheceria de longe.

Se ela estava partindo, essa era a melhor chance para acessar aquele computador. Chamo o elevador e a expectativa já crescia percorrendo todo o meu corpo. Eu adorava aquela adrenalina, aquele momento de empoderamento que eu me sentia capaz de tudo. Capaz de controlar o mundo.

Dou o sinal para Igor assim que o elevador abre. Na recepção, caminho em zigue zague, sabendo exatamente onde eu mal apareceria na única câmera daquele ambiente, eu teria que ter a sorte dos seguranças do monitoramento não estarem tão atentos. Mas Igor deu um jeito nisso também. Uma mulher bem exótica estaria parada na frente do prédio, sua amiga a encontraria segundos depois e elas, vestidas com pouquíssima roupa para chamar a atenção, começariam a discutir.

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