32 - Adoro tudo nela

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Quarta-feira, 11 de maio de 2022.

Foram poucas horas até o dia amanhecer, mas eu não consegui dormir.

Eu só conseguia encarar seu rosto, refletindo sobre nós duas, sobre ela

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Eu só conseguia encarar seu rosto, refletindo sobre nós duas, sobre ela. Luiza era especial, única, mas claro, era uma mulher imperfeita como qualquer outra. Suas escolhas, seus erros, foram todos baseados em reflexos de uma vida que ela construiu. Não foi o destino, não foi a sorte. Ela quem construiu. E as divergências, foi ela quem lidou. Tudo sozinha. O que quer que ela tenha feito, eu sei no fundo do meu coração que não foi mal intencionado. Ela é uma vítima da sociedade em que vive, prisioneira em uma teia de ganância e ambição. Com certeza chegar tão perto do topo assim deve ter suas consequências. Ela pode ter se cegado algumas vezes nesse caminho, mas ela não era inocente, não era ingênua. Ela sempre prezou pelo bem.

Inquieta, eu me levanto. Ainda é bem cedo, provavelmente não haverá funcionários na casa. Eu decidi ir até a sala, enrolada em um lençol avulso, buscar as roupas que peguei 'emprestado'. Subo novamente indo em direção ao quarto de hóspedes, mas antes deixo as coisas dela em seu quarto. Dou uma última olhada apreciando a serenidade que ela transpassa ao dormir. Tomo um banho rápido e me visto com aquela mesma roupa na intenção de ir embora. Sei que é chato sair de fininho, mas eu precisava lidar com as minhas próprias consequências. A minha cabeça já doía meio a tantos pensamentos. Eu precisava pensar o que eu faria a partir de agora. Eu deveria abandonar essa investigação, eu sei. Mas outra poderia acontecer no futuro, Luiza ainda seria alvo da ONG. Era praticamente impossível ela se esquivar daquelas acusações e se livrar de um julgamento, eu não poderia fazer nada sobre isso. Foram escolhas dela. Talvez eu pudesse ajudá-la. Deveria contar a verdade para que ela se preparasse corretamente. O único problema é: Ela nunca me perdoaria por enganá-la.

Isso é uma missão suicida, Valentina. Você já perdeu.

- Señorita Valentina... - Carmen surge na porta assim que eu me aproximo para sair. A latina me convence a tomar café da manhã. A vergonha por ter sido pega saindo da casa de minha chefe na surdina após uma noite de amor quase ferve em meu rosto. Mas a funcionária parece não se importar. Vai ver era comum ela trombar com mulheres ali. O pensamento me incomoda. Além da doutora Lívia, será que Luiza teria outros contatinhos?

Acabo interagindo bastante com a governanta, ela era engraçada. Animada e extrovertida, contagiava qualquer ambiente. Fez eu me distrair daqueles pensamentos sombrios quando me chamou para ajudar no café, disse que Luiza sempre fazia os ovos para ela. Ela não sabia dar o 'ponto'.

Quando eu finalizava o prato, ela surgiu toda estonteante. Estava linda de cabelos amarrados em um rabo de cavalo no topo da cabeça, um top e um short de atividade física colado ao corpo. Seus olhos brilhavam e seu rosto tinha um tom rosado nas bochechas. Eu sorri ao notar seu olhar de surpresa quando me viu ainda ali.

Tomamos o café juntas, conversando sobre a rotina daquele dia. Luiza deu o 'seu jeitinho' de me fazer ficar mais tempo ao seu lado. Me incomodou um pouco a sua possessão, mas ela se redimiu direitinho. Confesso que eu ficaria o resto do dia, se pudesse. Sair do seu lado era desconfortável. Me trazia para a realidade que eu não queria aceitar.

LILACOnde histórias criam vida. Descubra agora