LILAC

29 - Big Boss

Depois daquele pequeno susto, Luiza me ofereceu uma nova oportunidade, sendo uma funcionária diretamente da Lilac. Agradeci aos céus por não perder a chance de estar ali dentro, agora, ainda mais próxima, eu conseguiria atingir mais fácil o meu objetivo.

Depois de uma breve explicação e uma rápida lida no contrato, percebo que aquilo era muito maior que o contrato da agência que eu estava antes. Os benefícios eram muitos e o salário quase o triplo. A primeira coisa que eu penso é que ela poderia estar tentando me comprar.

- Não está fazendo isso com alguma intenção subentendida, está?

Sua explicação foi convincente. Outro fato que me preocupou foi a sua 'pesquisa' sobre a minha carreira, será que ela encontrou algo suspeito?

Aparentemente eu estava tranquila, Igor tinha feito um bom trabalho. Aproveitei e joguei um charme para encerrar o assunto e acabei ficando encabulada com a sua resposta. Se ela soubesse o quanto o misterioso pode ser perigoso, não me acharia interessante. E o seu olhar foi intimidante e claro, eu o sustentei.

Era final da noite quando eu terminei de ler todo o contrato, tinha muitas cláusulas e artigos muito bem detalhados, dava para perceber que não havia nenhuma ponta solta ali. Não me impressiona que sua empresa se prezava muito bem no mercado, diante a qualquer problema Luiza se resguardava de tudo.

Era um valor muito alto e confesso que eu poderia sim aceitar. Mas eu precisava impressioná-la a cada momento, eu queria chamar a sua atenção para que ela pudesse confiar mais em mim. Precisava da proximidade, além disso, inconscientemente, eu queria aquela proximidade.

Combino com ela um horário, como sempre muito ocupada ela só estaria disponível dentro de alguns dias. Eu decido marcar um restaurante, algo mais intimista e pessoal, longe daquelas paredes frias e corporativas. Pensando claro na estratégia da aproximação.

Quinta-feira, 21 de abril de 2022.

Me aproximo do restaurante, alguns minutos atrasada devido ao uber que errou o caminho. Para facilitar eu desço duas esquinas antes, já que o trânsito nos dificulta chegar logo. É impressionante o quanto o destino pode ser surpreendente. Chegamos ao mesmo tempo, Luiza atravessava a rua um pouco mais a frente de mim e não notou minha presença. Também não notou que o sinal de pedestre estava fechado e eu acabo reagindo no impulso ao perceber que um carro vinha rápido em sua direção. Me joguei contra o corpo dela nos empurrando rápido em direção a calçada no mesmo instante que o veículo passa buzinando em resmungo.

Luiza se assustou e desequilibrou, caindo de bunda em um amontoado de areia e terra da construção ao lado. Analiso rapidamente seu corpo para conferir se houve algum machucado, mas ela parece bem, apesar de ter se sujado bastante.

- Uau... duas vezes em menos de um mês, na próxima eu já posso pedir música não é mesmo? - eu debocho, ela parece estar irritada. Ficava ainda mais linda quando se irritava e mantinha aquela pose de toda poderosa.

Ela ainda me culpa por deixá-la toda suja. Impressionante sua prepotência. Eu a ajudo a se limpar e me deparo com sua bunda toda empoeirada. Como queria poder limpar ali também, só para senti-la. Disperso esse pensamento, disfarço e convido ela para enfim entrar.

- É o Bela Sinta, Valentina. Não vou entrar aí desse jeito. Eu vou pra casa...

Merda! Mais dias para remarcar aquele encontro. Mais dias adiando a minha entrada oficial naquela empresa. Eu precisava de mais acessos, mais contato.

Ela ficou pensativa, seu cenho franzido pelo sol que ardia os olhos era encantador. Ela me convidou para acompanhá-la até a sua casa, me deixando extremamente surpresa.