E por falar em amor.
Estávamos na casa onde a maior história de amor aconteceu. Bom, na verdade aquela construção era só uma referência à Julieta, a última romântica do mundo.
Que palhaçada esses dois fizeram. Elevaram o romantismo a um nível extremo, se sacrificaram em nome do sentimento, como competir com isso?
Eu digo como. Se apaixone pela pessoa que você devia prejudicar.
É assim que se faz uma história de amor, Romeu.
Sim, eu me sacrificaria por ela. Pelo que eu sentia por ela. Porque eu sabia que aquilo era algo incrível, era único e especial.
Lembro do que ouvi alguns minutos antes, sobre uma tradição no local. Pego o bloco de notas e escrevo a minha súplica aos deuses do amor e a coloco ali, me certificando de que ninguém a encontraria. Cravando-o naquela parede na esperança que se solidifique e concretize.
Eu seria capaz de tudo pelo seu perdão.
Quando subimos para a sacada do local, Luiza acabou se declarando, assim como Romeu fez por Julieta. Ela se expôs, verbalizando seu sentimento, se abrindo e se colocando disposta a se tornar alguém melhor, por que ela pensava que não era merecedora.
Ela é fascinante. Como eu desejei poder alterar o tempo, eu apagaria aquele contrato da minha vida e viveria esse amor ao lado dela, sem amarras, sem culpa. A consciência tomou conta de mim...
- Vamos com calma, tá? Eu também tenho que te falar algumas coisas... Mas... - a verdade é que eu não tinha as palavras certas, eu não queria estragar aquele momento lindo - Me dá um tempo... - eu decido que precisava contar o quanto antes. Eu iria me preparar para isso.
O dia foi especial. Luiza dedicou uma música linda para mim através de um cantor de rua. Ela estava sendo tão incrível tanto quanto aquela viagem. Para encerrar o dia perfeito, nós assistimos um ensaio de um concerto esplendoroso. Eu carregava na bagagem momentos que eu nunca imaginei presenciar. Foi tão pouco tempo, apenas um mês que nós nos encontramos pela primeira vez. Mas parecia que Luiza me tinha a anos. Eu suspeitava até, que vinha de outras vidas. Nós já não nos importávamos em demonstrar todo o afeto e carinho que existia uma pela outra. Que a Itália presenciasse, que o mundo visse o quanto eu era dela e ela era minha.
Eu não via a hora de chegar naquele hotel e tê-la em meus braços. Eu conseguia sentir o calor de seu corpo emanando ao lado do meu, misturado ao seu perfume fino e delicioso que o vento da janela trazia em minhas narinas. Eu ofegava e suspirava impaciente com a demora daquele trânsito. Ela percebeu...
- Chega, vamos a pé...
Poucos passos e ela já tinha me pressionado contra seu corpo. Suas mãos me agarraram e apertaram firmemente minha pele, passeando pelas costas, quadril, bunda. Sua boca me domava e me invadia tão deliciosamente bem. Eu a queria ali mesmo, agora.
Mas ela teve consciência, nos separamos retomando o controle de nossos corpos e saindo em direção à rua. Foi o que pensei que faríamos, até sermos encurraladas por um babaca.
Uomo. Homem em italiano. Essa é a única diferença entre a raça de gênero masculino. Nem todos, mas sempre um. Por que esse desgraçado não poderia nos deixar em paz?
Não entendi certo o que Luiza dizia para ele, mas não foi o suficiente para afastá-lo. Eu teria que intervir. E por falar naquele tal sacrifício, olha ela se contradizendo. Ela queria que eu corresse para buscar ajuda enquanto ela se arriscava distraí-lo sozinha contra ele. Luiza era uma 'gentlewoman', mas eu nunca a deixaria só. Eu a protegeria de qualquer coisa.
Será que mesmo não tendo um cérebro, esse idiota entendia inglês?
- Last chance to walk away, you piece of shit - pronuncio com certa raiva. Eu não estava armada, não poderia arriscar trazer na bagagem com Luiza ao lado, mas eu daria conta de quebrar a cara dele. O suficiente para nós duas saírmos dali intactas.
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LILAC
Fiksi PenggemarLuiza abandonou tudo para ir atrás de seus objetivos na cidade grande. Conquistou o mundo com sua ambição e visão empreendedora. Criou um império invejável, mas ele estava vazio. Até o dia que alguém invadiu esse território instável desarmando todas...