Beatriz Pires, uma adolescente que sempre foi passar o verão na casa dos seus amigos de família, os Neves, está prestes a completar 18 anos, o que fará do verão de 2023 um verão especial. Ou será especial por outros motivos?
À medida que o tempo ava...
— Bia! - ouvi o meu pai chamar-me da sala. — Já tens tudo pronto, rapariga?
— Já pai! - gritei. Os meus pais já estavam à minha espera lá em baixo. Eu estava atrasada por causa do cabelo.
— Então despacha-te! - a minha mãe completou. — Anda lá, tens de chegar a Tavira antes do meio dia!
Ah sim, isso. Um pouco de contexto: O meu nome é Beatriz. Toda a minha vida passei os verões na casa dos melhores amigos dos meus pais. Eles têm dois filhos, um chamado João e outra chamada Maria, e dou-me super bem com eles, por isso sempre gostei do verão.
Estava super ansiosa para os ver. Eu vivo no Porto, por isso raramente nos encontramos. Este ano eu vou para Tavira e quando o verão acabar vou para Lisboa, para a universidade. Ia ser o meu primeiro ano. Por causa disso, meio que hoje ia ser o último dia em que ia ver os meus pais durante um bom tempo.
Acabei de espalhar o creme hidratante pelo meu cabelo e peguei na mala. Desci as escadas à pressa e encontrei-me com os meus pais na sala.
— Tudo pronto? - a minha mãe perguntou enquanto me olhava de cima a baixo.
— Tudo pronto. - respondi. — Vamos?
A mais velha assentiu e saímos de casa. Guardámos as coisas no porta-bagagens e o meu pai começou a conduzir até à estação de autocarros.
•••
— Vou ter tantas saudades tuas, amorzito. - a minha mãe abraçou-me como se nunca mais me fosse ver.
— Mãe, calma. - ri-me. — Vou-te ligar sempre que puder.
— Espero bem que sim! - respondeu.
— Beatriz? - o meu pai interrompeu o nosso momento de mãe e filha. — Tenho de te lembrar do que podes fazer e o que não podes fazer?
— Não pai, eu sei. - reclamei. — Já ouvi várias vezes ontem. Nada de diversão a mais, e ajudá-los a limpar a casa quando for preciso.
Ele sorriu.
— É melhor ires, querida. - apontou para as portas do autocarro, que já abriram.
Abracei os meus pais e despedi-me deles. Estava triste, claro, mas tão ansiosa que não conseguia chorar.
Em questão de minutos, o autocarro já estava em movimento.
Próxima paragem: Tavira.
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