Beatriz Pires, uma adolescente que sempre foi passar o verão na casa dos seus amigos de família, os Neves, está prestes a completar 18 anos, o que fará do verão de 2023 um verão especial. Ou será especial por outros motivos?
À medida que o tempo ava...
Chegámos a casa depois de passar o dia na praia e encontrámos a Maria e a sua amiga Rita na sala.
— Finalmente! - levantou-se do sofá. — Onde é que tavam?
— Na praia. - o João respondeu. — Olá Rita, há que tempos que não te via. - o moreno abraçou-a.
— Olá Joãozinho!! - ela sorriu.
— Bem, esta é a Bia. - a Maria apresentou-me.
A loira veio cumprimentar-me.
— Olá Bia. - riu-se. — És mesmo bonita!
— Obrigada. - respondi.
— Querem ver um filme? - o António perguntou.
— Ya, bora. - a Maria respondeu.
•••
Eu estava deitada na poltrona quando olhei para o lado e vi a Rita abraçada ao João.
NO VERÃO ANTERIOR
— Porque é que ela vai atrás dos barulhos!? - perguntei genuínamente asssustada. — Que gaja burra!
— É um filme de terror, querias o quê? - o Neves riu-se da minha cara. — Tá a chegar à minha parte preferida!
— Não quero ver, não quero ver! - gritei e enterrei a minha cara no peito dele como forma de não conseguir olhar para a televisão.
Senti os braços dele abraçar-me como se me estivesse a proteger. Enquanto isso conseguia ouvir o som dos gritos a vir do filme.
— Já podes olhar. - o moreno tocou-me na cabeça. Levantei-a e beijei-o.
— És um fofinho quando queres. - elogiei.
— Eu sei - sorriu convencido. — Não precisas de me lembrar.
NO PRESENTE
Ao ver aquilo decidi olhar para as horas e já eram duas da manhã. O Gonçalo já quase dormia e o resto estava muito atento ao filme.
Levantei-me e espreguicei-me.
— Vou para a cama. - sussurrei para que o Ramos não acordasse da sua transe.
— Já? - a Maria perguntou.
— Sim, tou bué cansada. - sorri-lhe fraca. — Até amanhã malta.
— Até amanhã. - o Neves respondeu.
Saí da sala e fui para a cama.
•••
Fui acordada pela Rita, que abriu a porta do meu quarto de tal maneira que era difícil não acordar.
— Bom dia Bia! - sorriu.
— Hm? Bom dia...? - respondi confusa.
— Eu e a Maria vamos dar um mergulho matinal, queres vir? - perguntou.
— Pode ser, vou só vestir-me. - respondi com um sorriso.
— Ficamos à tua espera lá fora então. - ela disse. — Leva alguma cena para comeres pelo caminho.
— Tass bem.
•••
O caminho foi silencioso. Consegui sentir o olhar da Maria, que ia a conduzir, sobre mim algumas vezes.
Quando chegámos à praia estendemos as toalhas e preparámos as coisas.
— Uma corrida até à água? - a Rita provocou-nos.
— Não me ganhas! - a Maria respondeu a rir.
Enquanto elas corriam que nem crianças, fiquei a encher-me de protetor. Levantei-me e fui ter com elas. Entrei com dificuldade pois a água estava gelada.
— Tás bem? - a Maria perguntou e senti o olhar das duas sobre mim. — Tás meio estranha.
— Tou só cansada. - sorri enquanto boiava no mar. — Vocês acordaram-me bué cedo. - ri-me.
— Desculpa! - a Rita riu-se. — Já agora, aquela sweat que tavas a usar para dormir não é do João?
— É. - respondi. — Porquê?
— Não sei, só reparei. - sorriu. — Não sabia que tinham cenas.
— Não! - olhei para ela bruscamente. — Nós não temos cenas.
— Eles já tiveram, no verão passado. - a Maria explicou. — Mas acabaram-nas no último dia de verão.
— A sério? - a loira parecia surpresa. — Porquê?
— Não ia dar certo. - respondi. — Mas não interessa, isso já passou. Tamos melhor como amigos. - ri-me. — Ele é todo teu.
— Meu? - ela riu-se. — Desde quando?
— Tavas abraçada com ele ontem. - expliquei.
— Não, não! - a loira continuou a rir. — Somos só tipo, super amigos.
— Ah, desculpa! - ri-me.
— Não faz mal! - riu-se.
— Wei! - a Maria gritou. — Tive uma ideia! Querem ir comer um gelado?
— Bora! - respondemos entusiasmadas.
•••
JOÃO
— Então, conta-me lá essa tua cena. - o Ramos sorriu ao dar-me duas palmadinhas nas costas.