40. Porto... Daniel.

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★★★

Abri os olhos e o Neves fez o mesmo quando ouvimos alguém bater à porta do nosso quarto. Eram oito e quarenta da manhã e pelo que percebi tinham de estar no autocarro às nove então fazia sentido que nos estivessem a acordar.

Levantou-se e foi abrir a porta. Quando voltou, começou a vestir-se.

— Quem era? - perguntei.

— O Chiquinho. - respondeu. — Tamos quase a sair de Braga. E tu quando vais? - perguntou enquanto vestia as calças de fato de treino pretas do Benfica.

— No autocarro das dez. - disse. — Não há mais depois já que hoje é domingo.

— Então vê se não o perdes. - riu-se. — Vou andando. - pegou na sua mochila e meteu-a às costas. Levantei-me e fui abraçá-lo.

— Vejo-te no Seixal, amor. - sorri-lhe e o mesmo beijou-me. — Até logo, amo-te.

O Neves sorriu e saiu do quarto. Despi-me e fui até à casa de banho tomar um duche para depois me preparar para ir para o autocarro.

•••

— Só pode estar a brincar! - ouvi uma mulher que ia no mesmo autocarro que eu brigar com o condutor, que mostrava uma cara de poucos amigos. — Eu preciso de estar no Seixal hoje à tarde, que falta de profissionalismo!

— Senhora, a culpa não é minha se o autocarro que me entregaram hoje de manhã apresenta uma avaria! - o homem retrucou e todos os passageiros ali olharam para o mais alto confusos, incluindo eu.

— Desculpe, o quê? - mais um homem juntou-se à conversa.

— Atenção a todos! - o motorista gritou. — Devido a problemas técnicos no autocarro, a viagem foi cancelada e todos serão reembolsados à entrada da paragem ao mostrar o bilhete!

Senti um aperto no coração ao perceber que sem aquele autocarro eu não tinha maneira de voltar para o Seixal. Só havia uma opção, ir no comboio que saía dali a uns minutos para o Porto e passar lá a noite à espera de um autocarro amanhã.

Apressei-me e sinceramente não quis saber do reembolso, apenas corri até à estação de comboios que para a minha sorte era ali perto. Falei desesperadamente com o senhor que vendia os bilhetes e o mesmo conseguiu arranjar-me um lugar.

Paguei a quantia necessária e entrei na estação mesmo a tempo quando o comboio abriu as portas aos passageiros. Entrei no mesmo e sentei-me, já a ficar mais calma. Até transpirava do tanto que corri nos últimos minutos.

A primeira coisa que fiz depois de entrar no comboio foi mandar mensagem ao Neves.

"O autocarro não vai sair hoje, tem uma avaria. Passo a noite no Porto e amanhã volto, não te preocupes cmg ❤️❤️"

Enviei-a e guardei o telemóvel na mala já que estava prestes a ficar sem rede.

•••

Levantei um mini vaso de plantas ao lado da porta de entrada da minha casa e peguei na chave suplente escondida debaixo dele. Abri a porta e gritei pelos meus pais, que logo apareceram confusos.

— Tu outra vez? - a minha mãe abraçou-me. — O que é que andas aqui a fazer?

— Eu fui a Braga ver o jogo do João, mas quando ia voltar para o Seixal o autocarro teve uma avaria. - expliquei. — Só tinha lugar para ficar aqui, no Porto. Não faz mal?

— Claro que não miúda. - o meu pai abraçou-me. — Esses autocarros são um desperdício de dinheiro, sinceramente. - reclamou.

— Oh Paulo, menos. - a minha mãe disse. — Tens fome filha?

THE SUMMER I TURNED 18 • João NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora