25. Adeus, Ramos.

2K 76 9
                                    

Levávamos a Rita e a Maria à estação no dia a seguir e despedimo-nos delas. O António parecia tristonho com a partida da Rita para Tavira. Vi-os num cantinho sozinhos a falar sobre algo que parecia ser uma conversa profunda.

Elas prometeram que iam tentar vir ver os jogos do Benfica quando eles jogassem, então não levámos aquilo como um adeus.

Passámos o resto do dia fora de casa. Supostamente éramos só eu e o João mas decidimos chamar o resto do grupo. Durante a tarde consegui reparar que o Gonçalo não largava o telemóvel. Quando a Luz, o António e o João foram reencher as suas bebidas do BK pedi ao Neves para levar o meu copo e aproveitei para perguntar sobre isso ao Ramos.

— Oh gajo, porque é que não tiras os olhos do telemóvel? - perguntei a rir.

—Tou à espera de um telefonema importante. - respondeu com um sorriso. — Desculpa.

— Ah, ok. - assenti. — Desculpa, não sabia.

•••

— Sei que já ouviram falar disto, todos já ouviram. - o Gonçalo disse com uma feição séria depois de reunir o grupo. — Sim, eu vou para o PSG. - e foi ali que tudo se tornou oficial. — Vou para Paris de vez depois de amanhã.

Eu não queria acreditar que isto estava a acontecer. Eu já estava à espera com todos os rumores, mas quando o ouvi sair da boca dele, foi como um tiro no peito. O que seria do Benfica sem o Gonçalo? Estávamos todos sentados no sofá a ouvir o rapaz falar no meio da sala. A Luz, claro, a conter lágrimas enquanto eu a abraçava de lado a ouvir as notícias devastadoras.

— Puto. - o António foi o primeiro a pronunciar-se depois de segundos de silêncio já que todos estávamos sem palavras, ainda a tentar assimilar a informação. — Nós vamos sentir a tua falta. - levantou-se e puxou o Gonçalo para um abraço. O João fez o mesmo.

Conseguia ouvir uns soluços do Ramos como se estivesse a tentar não chorar.

— O PSG é um ótimo clube. - eu disse a olhar para ele. — Apesar de tudo, estou orgulhosa de ti Ramitos. - levantei-me para o abraçar. — Parabéns!

— Obrigado, Beatriz. - agradeceu e separámo-nos do abraço. — Luz?

A morena, cabisbaixa, levantou a cabeça.

— Sim, amor?

— Estás bem? - perguntou ao aproximar-se dela. Começaram a trocar alguns sussurros que nenhum de nós os três percebia. Senti o braço do João passar por volta do meu pescoço como se me tentasse consolar. Olhei para ele e sorri e o mesmo retribuiu.

— Ainda temos o dia de amanhã para aproveitar enquanto estás cá. - o António sugeriu ao interromper a conversa inaudível do casal. - Porque é que não guardamos as despedidas para quando estivermos no aeroporto?

— Ele tem razão. - concordei, ainda abraçada ao João. — Vamos combinar alguma cena fixe.

— Tipo? - a Luz tentou acalmar-se.

— Podíamos passar o dia no Colombo, que tal? - sugeri. — Comprávamos cenas para o Gonçalo levar, comíamos fora, porque não?

— Gosto da ideia. - o Neves concordou e sorri-lhe.

— O que dizes, Luz? - o Ramos virou-se para ela, ainda sentada no sofá sem muitas palavras para dizer naquele momento.

— Desde que esteja contigo, por mim é na boa. - respondeu por fim.

— Pronto, então descansem que amanhã acordamos cedo. - eu disse já pronta para ir para o quarto mas o João não me largou.

— Eu vou-te meter a dormir. - sussurrou a sorrir com uma carinha fofa. — Posso?

THE SUMMER I TURNED 18 • João NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora