44. Tavira

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Eram nove da manhã e eu estava deitada ao lado do João acordada a mexer no telemóvel enquanto ouvia o seu ressonar leve e fofo.

Foi ali que me ocorreu uma ideia, uma ideia suficientemente boa para o acordar.

— João? - abanei o seu ombro calmamente e o rapaz bufou e abriu os olhos.

— Diz fofinha. - sorriu sonolentamente.

— Queres ir para Tavira? - perguntei e o Neves mostrou uma cara confusa. — Então, agora só tens jogo dia dezasseis e dia oito, da seleção, não?

— Mas porque é que queres ir? - perguntou-me ainda confuso.

— Quero ver os teus pais. - sorri-lhe. — Eles ainda não sabem de nós, ou já lhes contaste?

— Mais ou menos. - riu-se envergonhado. — Mas não fui muito óbvio.

— Mas queres ir ou não?

— Por mim pode ser. - concordou. — Voltamos para lá com a Maria e a Rita não é?

— Sim. - assenti. — Obrigada amorzinho, gosto muito de ti! - beijei a sua boca e logo me levantei. — Vais dormir mais?

— Claro, são nove da manhã Beatriz.

— Pronto, desculpa ter-te acordado. - disse enquanto vestia o outfit do dia. — Vê se descansas. - ele tinha tido jogo ontem.

O João sorriu e voltou a deitar a cabeça na almofada como uma criança que nunca quer sair da cama quando tem escola.

Caminhei em direção à cozinha e deparei-me com a Maria e com a Luz. Aproveitei para lhes explicar o nosso plano de ir para Tavira enquanto tomávamos o pequeno almoço.

— Eu não posso ir. - a Luz disse e encarámo-la. — Vou para Paris com o Gonçalo e não volto mais, é definitivo.

— Ohh. - respondi. — Então não te vejo mais?

— Desculpem não vos ter dito antes...

— Oh Luz, cá nada. - a Maria levantou-se para abraçá-la. — Fico muito feliz que estejam a dar esse passo juntos.

— Obrigada Maria. - sorriu. — Não sei se estou pronta, mas eu amo o Gonçalo.

— Vou sentir tanto a tua falta. - fui abraçá-la. — Ajudaste-me tanto neste verão.

— És uma querida. - a Luz aceitou o abraço.

— O que é que se passa? - o António e a Rita entraram juntos na cozinha. Estranho. — Tudo aos abraços porquê?

— A Luz vai viver para Paris. - expliquei.

— O quê!? - a Rita veio abraçá-la. — Por favor leva-me com vocês, adotem-me, prometo ser uma boa filha!

— Eu quero! - a morena riu-se ao retribuir o abraço da loira.

— Coitada de ti, vais ter de aturar o Gonçalo a full time. - o Silva riu-se. — Fico feliz por vocês.

— Quando é que vão? - perguntei.

— Já amanhã. - a Luz respondeu. — Já tenho as malas todas feitas.

— Mas então porque é que não arrumaste os móveis do apartamento?

— Tu e o João vão precisar.

— Espera, o quê? - perguntei confusa.

— A casa agora é vossa. - sorriu. — Enquanto eu estou fora, claro.

— Luz! - abracei-a novamente. — Adoro-te, obrigada obrigada obrigada!

Juntámo-nos todos na cozinha e continuámos a comer. Pouco tempo depois apareceu o João, que aparentemente não tinha conseguido voltar a dormir.

THE SUMMER I TURNED 18 • João NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora