9. Bolachas

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NO VERÃO ANTERIOR - BEATRIZ

Acordei abraçada ao João, cheia de dores de cabeça. Isso provavelmente por causa da ressaca.

Eram onze da manhã então decidi levantar-me sem fazer muito movimento para que ele não acordasse.

Fui até à cozinha, onde encontrei a Maria a tomar o pequeno almoço.

— Bom dia. - disse-lhe. Ela olhou para mim com uma cara séria.

— O que é que te deu ontem? - pousou a caneca de café. — O meu irmão ficou bué magoado.

— Eu sei que fiz merda, mas já me resolvi com ele. - expliquei. — Não era a minha intenção, juro.

— Ele adora-te, Bia. - a Maria suspirou. — Não faças mais nada que o magoe assim.

— Prometo que não vou fazer. - respondi. — Nunca mais toco numa bebida alcoólica.

A morena riu-se.

— Boa ideia.

Depois de alguns minutos a conversar e a comer, o João apareceu na cozinha.

— Bom dia meninas. - sorriu.

Ao passar por mim, piscou-me o olho discretamente e senti borboletas na barriga.

— Olá maninho. - a Maria deu-lhe uma palmadinha no ombro. — Dormiste bem?

— Muito bem. - olhou para mim enquanto respondia e não consegui evitar sorrir envergonhada.

Aquela foi a primeira vez em que dormimos lado a lado. E foi aconchegante.

— Porra, que dores de cabeça. - reclamei, atraindo a atenção dos irmãos.

— É oficial. - o Neves riu-se. — A primeira ressaca da Beatriz! - ele parecia estar a levar a situação na brincadeira, e ainda bem.

— Querem ir às compras arranjar uns comprimidos para ti, Bia? - a Maria perguntou preocupada.

— Ya, pode ser. - respondi com uma voz fraca.

•••

Chegámos ao Continente e a Maria foi logo até à zona dos comprimidos depois de nos encarregar de comprar algumas coisas.

Eu e o João fomos atrás de cada ingrediente que ela pediu, de mãos dadas.

•••

Estava sentada em cima da ilha da cozinha enquanto o João me beijava depois de me ter sujado com farinha. A Maria, por sua vez, estava a cozinhar umas bolachas.

— Vocês ainda me fazem vomitar. - reclamou.

— Tens é inveja de não ter ninguém. - o Neves provocou-a.

— Desculpa Maria. - pedi. — Deixa-me ajudar-te. - afastei o João da minha frente e consegui perceber ele ficou ironicamente indignado. — Não faças essa cara, parvinho.

— Ao menos um de vocês tem senso. - a Maria riu-se. — Ainda bem que não és como o tolo do meu irmão. - sussurrou-me. Já estava ao lado dela.

— Eu consigo ouvir-vos. - o mais velho reclamou.

— É esse o objetivo. - mandei-lhe um beijinho pelo ar.

NO PRESENTE - BEATRIZ

Estava parada à frente do armário da cozinha a olhar para as bolachas que a Maria cozinhou antes de eu chegar do Porto. Iguais às do ano passado. Tantas lembranças.

THE SUMMER I TURNED 18 • João NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora