Capítulo 40

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"Não funcionou porque foi eu quem não quis. Eu sei, eu sei, eu sei. Eu sei, eu sei. Tô com saudade, da nossa amizade. A gente se perdeu e não se encontrou mais. Talvez agora, se não fosse tão tarde... Não fosse tão tarde..." - Não fosse tão tarde - Lou Garcia.

Kirishima andava de um lado para o outro sem saber o que fazer.

Hinaki tinha sido sequestrada.

Sequestrada.

Ele sentia que poderia enfartar a qualquer momento se não recebesse uma mínima notícia de que ela estava bem. Bakugou tagarelava irritadiço ao seu lado sobre ele estar arrancando os cabelos atoa e que Hinaki era mais forte que isso. Kirishima não sabia se aquilo era algum jeito de tentar acalma-lo ou algo do tipo, mas não estava funcionando. Hinaki era forte, mas não era invencível e muito menos imortal. E isso era assustador.

Ele não se lembrava de já ter sentido tanto pânico na vida quanto sentia agora. A sensação de que a qualquer momento entraria algum policial pela porta dizendo que acharam o corpo dela não desaparecia e ele simplesmente não conseguia se acalmar.

— Kirishima-kun, você tem que se acalmar. — Mina disse, não tão animada como sempre.

— Eu não consigo me acalmar e... E talvez eu não queira me acalmar. — Kirishima socou a mesa. — Me sinto um inútil.

Mina desviou o olhar, triste, assim como Kaminari e Sero. Era óbvio que nada estava bem e que não tinha como eles se acalmarem e eles entediam um pouco Kirishima. Era a garota que ele gostava que tinha sido sequestrada, a garota que ele encorajou quando se sentiu para baixo, elogiou quando se sentiu feia e que se provou mais que digna do amor de seu amigo.

— Eu também...

Todos olharam para Bakugou, que permanecia encarando o chão, os punhos tão apertados que os dedos ficaram brancos.

— Eu também me sinto um inútil. Um idiota. — Bakugou disse, surpreendendo seus amigos quando lágrimas teimosas teimaram em descer. — Ela era minha amiga... Minha melhor amiga... Mas então eu... Eu achei que tivesse que ser melhor do que uma amizade infantil. Achei que me atrapalharia...

Kirishima não pôde evitar fechar um pouco a cara ao se lembrar do Festival de Esportes, de quando Hinaki perdeu seu tão precioso cabelo e ganhou aquela marca no rosto.

— E agora... Agora ela pode estar morta... — A frase fez o grupo paralisar. — Agora ela pode estar morta... E eu nem ao menos fui forte o suficiente para pedir desculpas. Nem ao menos fui a pessoa corajosa que eu sempre disse ser. Nem fui rápido o suficiente para impedir aquelas mulheres de levarem ela. Não fui forte, não a pessoa que eu sempre disse ser.

Mina suavizou o olhar, se sentando na maca de Bakugou ao lado dele e segurando sua mão, pensando bem nas suas próximas palavras antes de dizer.

— Você não é fraco, Katsuki. — Mina disse, tomando a liberdade de chama-lo pelo primeiro nome. — Está longe disso. Você tem um ego muito grande e as vezes isso te consome, mas isso não faz de você fraco. Você é humano, Katsuki. Apenas um humano. Não um Deus, não um ser perfeito. Você é humano e errar é normal. Você mesmo disse, Hinaki é forte. Logo ela vai estar de volta e então você pode se desculpar. Tenho certeza que se você for sincero ela vai te entender.

Katsuki não tinha muita fé nisso, mas o que lhe restava era acreditar nas palavras de Mina. Sim, ela estava certa. Bakugou não era fraco e Hinaki voltaria. E então... E então talvez ele pudesse se desculpar. Mesmo que isso ferisse profundamente seu orgulho, se ele não fizesse continuaria com aquela sensação de que ele não conseguia fazer porque era um maldito covarde. E ele não podia ser um covarde. Não se quisesse ser o herói número um.

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