ᵘᵐᵃ ᶜᵃᵘˢᵃ ᵈᵉ ᵃᵐᵒʳ ⁻ ᵇᵉᵃᵘᵃⁿʸ

ᵃᵐᶦᵍᵃˢ

O caso de Any era simples de resolver.

Provavelmente o tal ex namorado dela descobriu algo importante em relação a filha. Não tenho muitas ideias do que possa ser, mas sei que ele não quer a guarda para cuidar dela.

O Conselho Tutelar vai fazer a visita para avaliar as condições que a pequena garotinha é cuidada pela mãe. Se for notificado alguma falta de higiene, cuidado ou mais tratos, Any perde a guarda praticamente no mesmo instante. Mas, em poucos minutos, eu vi que a causa já está ganha.

São hipóteses que criei em minha mente, mas acho que são reis. Pelo que reparei Any estava brincando com a garotinha minutos antes de eu chegar. A televisão da sala estava ligada no YouTube, mais especificamente na música "Sorry" do Justin Bieber. Any estava suada, seu cabelo e roupas bagunçados e a pequena dormindo, deduzi que elas estavam em um tipo de "festa".

A sala era arrumada. Notei alguns protetores nas tomadas e nas pontas da mesa de centro para evitar que sua filha se machucasse, mesmo ela tendo apenas um mês de vida.

Any, mesmo com a minha presença e com a garotinha dormindo levou o bebê conforto junto com ela para pegar uma água na cozinha e ainda trouxe mais coisas equilibrando tudo com cuidado.

Ela claramente cuida de sua filha com toda a vida. Com toda a energia que lhe resta, é perceptível. Porém um problema que precisa ser resolvido é a solidão de Any.

O ex namorado dela deve ter amigos e familiares para depor a seu favor no tribunal, algo que Any não tem e possui um peso gigante para o juiz e o Conselho Tutelar.

Para eles, um ambiente saudável de se criar uma criança é com várias pessoas juntas. Nem sempre é verdade, mas não posso mudar isso.

Minha ideia inicial é fazer com que Any crie laços com algumas amigas próximas a mim. Assim ela terá testemunhas ao seu favor e companhias em casa para o Conselho ver.

Eu sei que você deve estar pensando: "como um advogado pode estar planejando enganar o tribunal? Não seria contra a lei?". Bom, sim!

Se em minha visita Any tivesse se mostrado uma pessoa incapaz de cuidar da filha eu não iria ajudar ela, mas não posso ver uma mãe perdendo a guarda de sua filha para um progenitor covarde. Não mesmo.

Ela sabe de meus planos...por alto, mas sabe.

E é por isso que neste exato momento estou indo até a casa de uma das minhas amigas: Sabina.

Sabina é jornalista. Crescemos juntos em Oregon. Nossas mães se conheceram na maternidade quando eu e Noah, seu primo, estávamos para nascer. Uma história meio louca, mas a tia Ale, mãe de Sabina, estava com seis meses na época e acompanhava a irmã na hora do parto. Desde aquele dia elas não se separaram mais e nós, Noah, Sabina e eu, crescemos juntos. Sabina é como a irmã mais nova que nunca tive e detalhe importante: ama crianças.

Aposto que quando ela ouvir a palavra "bebê" vai dizer "sim" sem ao menos saber do que se trata.

Assim que estacionei em frente ao prédio que Sabina mora dei de cara com ela e seu namorado Pepe. Ele estava encostado em seu carro conversando com ela e um tanto desesperado.

Respirei fundo e saí do carro.

Assim que bati a porta a atenção de Sabina se voltou para mim.

- JOSH! -ela gritou correndo até mim com seus braços abertos-

Nos abraçamos e Pepe caiu na risada com a cena. Digamos que Sabina seja um pouco...escandalosa? É isso aí.

- seu safado! -me empurra- finalmente encontrou um tempo na sua vidinha corrida de advogado pra ver a amiga? -fala com um sorriso no rosto-