ᵘᵐᵃ ᶜᵃᵘˢᵃ ᵈᵉ ᵃᵐᵒʳ ⁻ ᵇᵉᵃᵘᵃⁿʸ

ᵐᵘᶦᵗᵒ ᵗᵃʳᵈᵉ

Observei pelo retrovisor interno do carro e Any estava dormindo, assim como Lena.

Com a cabeça e tronco inclinados para o lado, Any tinha um sorriso pequeno nos lábios.

Deve estar sonhando.

Voltei minha atenção outra vez para o trânsito tranquilo da madrugada e fiquei um tanto desapontado quando vi que já estava próximo da casa dela.

Não queria acordar Any.

O dia hoje foi agitado. Ela deve estar muito cansada.

Para começar o tal ex namorado surgindo louco para tirar a paz dela e depois um dia inteiro gravando e regravando cenas de um vídeo clipe com paradas curtas para alimentar a pequena e a si mesma.

Olhei mais uma vez pelo retrovisor interno e Lena estava com sua boca minúscula aberta. Sua respiração era calma.

Me permiti observar aquele ser humano pequeno por alguns instantes e, outra vez, voltei minha atenção para a estrada.

Cada dia que passa me sinto mais determinado a ajudar Any. Não posso e não vou permitir que separem ela e sua filha.

Quando estava a menos de 100 metros de sua casa decidi dar algumas voltas no quarteirão.

Aproveitei para pensar um pouco no que mais eu posso fazer.

— Josh? —Any questiona com a voz rouca e eu olho pelo retrovisor—

— oi! —sorri para ela—

— onde a gente tá? —arruma a postura no banco lentamente— que horas são? —olha para a janela—

— perto da sua casa e...e são duas da manhã! —informo e ela vira bruscamente me olhando surpresa com a notícia— pois é! —ri fraco—

Any não falou mais nada. Parecia aérea demais para isso.

Resolvi deixar elas em casa e ir para a minha me jogar na cama.

Quando estacionei em frente a sua casa e me virei para falar com ela, Any dormia outra vez.

— poxa...—murmurei—

Soltei o meu cinto, desci do carro, peguei a bolsa de Lena e procurei pela chave da casa nos bolsos.

Assim que encontrei fiquei alguns instantes me perguntando o que iria fazer.

A ideia é levar as duas para dentro, mas não quero deixar a pequena sozinha no carro ou dentro da casa.

Alguns minutos depois decidi que a melhor opção seria colocar Lena no colo de Any, Any no meu colo e levar as duas para dentro ao mesmo tempo.

Se eu vou conseguir?

Espero que sim.

E espero que nenhuma das duas acorde.

Com a bolsa de Lena em mãos, fechei a porta traseira do carro e fui até a casa. Abri a porta, coloquei a bolsa no sofá e saí para buscar elas.

Fui até a pequena bebê e soltei seu corpo amolecido da cadeirinha. Soltei o cinto de Any e, cuidadosamente, peguei Lena e coloquei no colo de sua mãe.

Me assustei um pouco quando ela resmungou e se mexeu, mas logo ela se acomodou ali.

Fui para o lado de Any, coloquei o braço direito sob seus joelhos e o esquerdo em suas costas levantando seu corpo lentamente, sem ao menos piscar por um segundo.

Meus olhos estavam fixados na pequena Lena.

Devagar como uma preguiça saí de dentro do carro com elas no colo. Fechei a porta com o maior cuidado e, da mesma forma, caminhei com elas até a sala da casa.