Erva daninha

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Erva daninha

Capitulo 97

A escravidão plantou uma semente no coração do negro, uma semente espinhosa que crescia rápido feito erva daninha.

Através dos longos anos de cativeiro foi-lhe semeado no coração e em sua mente ensinamentos de submissão, submissão essa, que preservar-lhe-ia a sua vida e a vida de seus descendentes.

O silencio, obediência e cabeça baixa seriam seus aliados para uma existência suportável, ante a injustiça que o destino lhes obrigou a carregar sobre os negros ombros.

Pois para aqueles que não se dobravam ao carrasco destino; restavam lhes os castigos e maus tratos imposto-lhes por seus senhores e donos.

Seus choros eram lhes abafados por suas parteiras e mães desde a hora do nascimento, nem mesmo a dor mais intensa saia lhes como forma de grito e lamento...

A dor do parto e o choro do rebento não podiam ser ouvidas por seus senhores e senhoras, trapos abafavam lhes a garganta e às lagrimas silenciosas eram lhes o único consolo.

A liberdade sobreveio lhes como uma lamina cega que não consegue cortar a erva daninha que teima em crescer cada dia mais.

E a voz segue engasgada na garganta negra da escravidão, o silencio e submissão são a herança deixada aos que receberam liberdade...

O cadeado foi lhes aberto, todavia, os ferrolhos continuam soldados em sua negra cor.

Seguindo para o palacete

O céu está parcialmente nublado e a lua nova garante que a noite seja escura e sombria.

A carruagem balança a cada imperfeição que encontra nas ruas de paralelepípedos da Capital da província, a baronesa esta silenciosa e seus pensamentos não conseguem sair dos acontecimentos deste dia que se passa. Jose Jeronimo segura sua mão e observa seu lindo rosto que se mostra à cada lampião aceso nas calçadas.

- Um diamante pelos seus pensamentos.

- Eles são todos seus sem que pagues um vintém se quer.

- Então, diga-me no que estais à pensar?

- Estou em um turbilhão de sentimentos: feliz por ter encontrado rastros da mãe do menininho que encontrei, porem, triste por tê-lo que entregar...

Não me tenhas por boba ou sentimental, sempre quis ser mãe de muitos filhos e o destino não foi meu amigo...

Jose Jeronimo a estreita em seus braços, beija lhe a mão e a testa e sussurra no ouvido:

- Não a tenho por boba ou sentimental, a tenho por uma mulher que sonha e que poderá realizar seus sonhos quando quiser, pois é merecedora de toda felicidade e amor do mundo.

Dizendo isso, a carruagem chega no pátio do palacete frente à porta de entrada.

Ao entrarem pela porta, o menino salta do colo da governanta e corre sorrindo para os braços da baronesa:

- Mamãe, mamãe!

Jose fica deveras admirado com a expressão de amor que o menino tem por Octaviana, não fazendo distinção entre ela e sua ama de leite, Ayana.

- Realmente, meu amor, tenho a dizer que você e a senhora Ayana devem ser muito parecidas. O menino não vê diferença e o senhor Samuel também não pode ver.

Octaviana estreita o menino em seus braços e diz:

- Para receber um abraço tão amoroso assim, quisera ser ela.

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