Obsessão

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Capitulo 93

Obsessão

Já dizia o sábio_ A liberdade é um cavalo desgovernado correndo para o lado contrario da vida. Há quem se jogue em sua frente, tentando o parar, todavia, é atropelado por ele. Há quem se desvie e salva a sua vida, porem, se frustra sabendo que não tentou...

Há ainda aqueles, que não se importam para que lado o cavalo vai, continuam caminhando e seguindo sem perspectivas.

E o cavalo "liberdade" segue desgovernado, se alimentando dos sonhos daqueles que deixaram às rédeas soltas... sempre seguindo seu próprio caminho.

Pensão

Ayana e Catarina, descem do Bonde algumas ruas da pensão onde estão hospedadas, estão tristonhas e cabisbaixas. Dona Zulmira que está varrendo a calçada da pensão; como ainda se faz cedo para que elas retornem, vem ao encontro delas e pergunta:

- O que aconteceu? Não encontram o pequenino?

- Não o encontramos, dona Zulmira. Encontramos o traste do pai dele e quase acontece um desastre. Diz Catarina se assentando em um banquinho que fica ao lado da parede.

- Que miséria é essa? O pai não é o tal fazendeiro que matou seus filhinhos, Ayana?

- O próprio. Minha vida está se desmanchando, primeiro, perco meus três filhos, assassinados pelo monstro do pai do Gabriel, após, sou levada para longe do meu amado marido e... agora, perco meu bebezinho e quase perco minha vida novamente nas mãos daquele demônio!

Ayana chora compulsivamente e dona Zulmira deixa a vassoura e abraça a mulher que soluça e maldiz de sua negra sina.

- Fica calma menina Ayana, Deus a de te ajudar. Você vai encontrar seu marido e seu filhinho, você vai ver! Serão felizes vocês três.

Ela abre seus braços grandes e gordos e acena para a menina Catarina que se levanta e às abraça também. Ayana soluça e pensa nas palavras da dona da pensão_ Serão felizes os três... E se Leôncio não aceitar o menino Gabriel por ser filho do homem que tirou a vida de todos os seus filhos. E se não encontrar nem Leôncio e nem Gabrielzinho?

A mulata chora mais ainda após estes pensamentos.

- Venham para dentro meninas, venham que vou fazer um chá para acalmar às duas... vê se pode! O tal destino pegou você para Cristo! Não é possível que tanto sofrimento recaia sobre uma pessoa só... ô destino, tenha dó...

Fala gesticulando e olhando para o alto.

Dona Zulmira às arrasta para à cozinha e faz um chá calmante de erva doce.

No sitio

Lá pelo cair da tarde um carroção de bois vem vagarosamente cantando pela estradinha estreita que conduz até o sitio do senhor Damião. No carroção está nhá Jacinta, Manuela e o doidinho Juvenal, que está eufórico com a mudança para o sitio e com a viagem de carroção de bois. Juvenal não se contem, gesticula e fala sem parar. O paiol foi limpo e reformado para receber os novos moradores. Dona Alma está feliz por ter ajuda para o serviço da casa e para cuidar do seu neto. Selma se alegra pelo mesmo motivo e ainda por ter companhia, pois, a vida no sitio tem sido deveras solitária depois que Catarina partiu com Ayana para à capital. O sitio do senhor Damião é um lugar a ermo, distante da civilização o que torna seus habitantes solitários. Perto da porteira, não tão distante da casa principal do sitio o senhor Damião está construindo um rancho de pau a pique, onde uma família de italianos, que vira trabalhar na porcentagem, irão morar. O carroção chega e a família da Nhá Jacinta desce e se instala rapidamente. Manuela ' Manu" está ansiosa para a chegada definitiva de Castilho, o feitor da fazenda Esmeralda, em seu ventre, uma sementinha vem crescendo, isso lhe trouxe um sentimento novo e a negrinha espoleta pensa seriamente em formar uma família com seu amado feitor. E esse novo lugar lhe parece propicio.
Juvenal sai andando para perto do rio e fica maravilhado com tudo que encontra pelo caminho:

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