3 - Adolescente inconsequente

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Hugo fez questão de acompanhar a linda jovem até a portão do casarão. Pra ele não era esforço algum, pelo contrário, era até bom admirar mais um pouco a beleza de Maraisa.  — Obrigada, Hugo. - Ela agradece abraçando-o. — Até mais.  

— Até mais!

Maraisa entrou na casa rapidamente ouvindo um certo burburinho vindo da sala de jantar. Caminhou até lá não reconhecendo certas vozes que se sobressaltavam na conversa.  

Estancou ao ver rostos novos sentados à mesa junto com seu pai e sua irmã.  

— Maraisa, filha. - Marcos levantou-se sorridente ao pronunciar o nome da filha. — Esses são Mário, líder da alcatéia Crescente e uma amiga de sua futura esposa, Bruna. 

Maraisa totalmente sem graça, fez um cumprimento com a cabeça meio desajeitado e sorri. Estava diante do seu futuro sogro, o pai da sua futura esposa.  

— Então você será minha nora... - A voz de Mario fez a garota tremer levemente. — Um prazer conhecê-la, senhorita Pereira. Sente-se conosco, por favor. 

Bruna, já que estava mais perto da garota, puxou a cadeira em cortesia e Maraisa senta-se graciosa. Era desconfortável estar na presença de pessoas desconhecidas, principalmente as pessoas que por obrigação terá que conviver. 

Mário serve um pouco do vinho encarando a futura mulher do sua filha. Pensou se por ela, talvez, sua filha tomasse mais juízo. Mesmo a intenção do casamento sendo outra, poderia tirar proveito disso. 

— Diga-me Maraisa, está ansiosa para o casamento? 

Mário fez aquela pergunta com a intenção de saber qual a opinião de Maraisa sobre o matrimônio.  

Marcos suspira temendo ouvir uma resposta que não agradasse ao novo amigo. 

Maiara, pouco se importando com o assunto, tratou de focar apenas na comida e fingir estar interessado no assunto. 

— Bom, confesso que é difícil opinar sobre isso já que é algo recente. Talvez esteja curiosa, sim, curiosa pra saber quem é o minha futura mulher. A partir daí posso dizer a minha opinião sobre o casamento. 

Sorriu finalizando sua resposta, mas queria chorar. Tentou não transparecer seu pânico sobre o assunto bebendo um pouco de água. Logo começou a ser servida pela Elisa, serviçal da casa. 

— Quando iremos conhecer sua filha, Mario? - Marcos tenta suavizar o clima.  

— Marquem um jantar e ela virá conhecê-los, garanto. Minha filha hoje andou ocupada mas estará livre amanhã. 

— Então diga que a convidamos para um jantar amanhã. Temos que apressar as coisas, afinal temos um assunto pendente pra resolver.   Mario engoliu seco torcendo pra encontrar sua filha em casa hoje.  

Agradeceu aos céus a fama dela não ter chegado aos ouvidos de Marcos. Seria o fim de uma aliança próspera. 

Bruna, que só ouvia atentamente cada palavra dita à mesa, pensou no que sua amiga acharia de Maraisa. De fato ela é bonita ao extremo mas será que ela a encantaria a ponto de fazê-la mudar? 

O almoço correu tranquilo. Vezes ou outra, Mário e Marcos puxavam uma conversa pra não deixar o clima tão pesado.  

Claro que não adiantava muito.  

Ao findar a sobremesa, os convidados alegaram precisar voltar pra casa logo.  

— Precisamos ir. A alcatéia ficou aos cuidados do minha filha mais nova. - Mario levanta da mesa. — Foi ótimo conhecer sua família, Marcos. Espero recebê-los logo em minha casa. 

— Foi um prazer recebê-los. Sintam-se a vontade para nos visitarem sempre que quiserem.  

Mario e Bruna foram acompanhados por Marcos até fora do casarão. Maraisa fingiu ainda estar concluindo sua sobremesa pra não ter que forçar ainda mais algo que ela recusa.  

Mario e Bruna, já transformados, saem do vilarejo Nascente em rumo as suas casas.

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Ao chegar em suas dependências, Mario volta a sua forma natural. Para na frente da sua grandiosa casa sendo interceptado por um lobo de sua alcatéia.  

— Sua filha acabou de chegar, líder.  

— Vou matar aquela garota. - Resmunga enraivecido. — Obrigado, Justin. 

Bruna tinha ficado pelo caminho tendo como missão andar pelo vilarejo anunciando o futuro casamento entre uma Pereira e uma Mendonça.  

Mario, possesso, se direciona até o quarto da filha vagabunda que tinha.  

Bate na porta insistentemente sem nenhuma resposta. Totalmente sem paciência, entra no quarto de uma vez.  

— Adivinhei que estaria dormindo, vagabunda. - Ele puxa as cobertas da filha. — Isso lá é hora de você estar dormindo, Marília. E ainda mais de ressaca! 

— Me deixa, pai. - A jovem afunda o rosto no travesseiro. — A mamãe me deixou dormir. Não vai ser o senhor que vai impedir... 

Ainda mais enraivecido, Mario pega no pé de Marília e a lança contra a parede. O estrondo é tão grande que deu pra ser ouvido na casa inteira.  

Gemendo de dor, Marília se levanta com dificuldade. 

— Não precisava disso. - Diz ela arrastando-se. — O senhor tem que se divertir mais, sério. Vamos um dia desse beber em um bar ótimo não muito longe daqui. Juro que não vai se arrepender. 

Mario controlou o impulso de esbofetear a filha. Se viu perguntando onde errou na criação de Marília. 

Praguejou algo inaudível e deu no máximo quarenta minutos para ela estar em seu escritório ou iria bater nela até ver seus ossos saindo. Encontrou sua esposa no corredor, aflita. 

— Mas o que foi isso, Mario? 

— Sua filha mimada que me irrita, Ruth. 

Deixou sua esposa falando sozinha e retirou-se.  

Ruth reconhecia que mimou demais as filhas mas a única que não tomou juízo foi Marília.  

Entrou no quarto dela observando um imenso buraco na parede.  

— Custava você ter ficado em casa e ter ido ver sua noiva juntamente com seu pai?  

— Eu não quero noiva nenhuma, mãe. Que droga! - Marília, totalmente tomada pela ressaca e um péssimo humor, revira suas roupas. 

— As vezes não parece que tens 25 anos, minha filha. Prefere agir que nem uma adolescente inconsequente e revoltada. Isso me entristece muito, Marília. 

Dando razão a sua mãe, Marília estanca ao ouvir tais palavras. Olhos castanhos claros, corpo atlético e um sorriso cafajeste, Marília é um tipo de mulher que ninguém gostaria de estar casada. 

Raramente assiste uma reunião da alcatéia, sai quase todas as noites e há quem diga que de tanto pular as janelas das donzelas esteja jurada de morte.  

Ela jamais desejou ter compromisso com nada, mas sabia que isso não podia ser evitado por muito tempo.

Prometida à alfa - Malila g!pOnde histórias criam vida. Descubra agora