Dia do casamento, domingo.
Nesse meio tempo, Marília não teve contato algum com Maraisa. Era ritual dos lobos de depois do noivado não se verem. Um ritual a ser respeitado.
Depois da conversa com Larissa, Marília fez uma reflexão sobre sua vida. Estava com um comportamento autodestrutivo, deplorável. Não era dessa forma que ela iria ganhar a admiração do seu pai de volta e nem liderar uma alcatéia tão grande como a Crescente.
— Tenho que admitir que você está apresentável, irmã. - Lari diz ajeitando a gravata da irmã.
— Pode dizer que estou linda mesmo, eu sei. - Marília debocha fazendo as duas rirem.
Marília estava vestida como uma princesa, seus cabelos molhados emolduravam seu rosto. Lari não estava diferente, linda e sorridente como sempre.
— Me diz uma coisa, Lari. - Marília encara a irmã. — Maraisa me acha uma babaca, não é?
— Quem não acharia com aquele seu comportamento? Você levou a biscate da Lauana pra casa dela e ainda ficou com ela lá, pra ela ver. O que ela mais quer é se ver livre de você, aposto.
— Que seja! - Deu de ombros. — Vou procurar ser uma mulher melhor, mas não pra ela. Ela tem outros objetivos, outras metas pra seguir. Eu só iria atrapalhar... Vamos?
Larissa sorriu duvidando muito das palavras de Marília. Estava na cara que ela estava encantadíssima com Maraisa, mas de um jeito bem diferente.
E também sabia que por mais que uma viesse a sentir algo pela outra, nunca iriam admitir.
O jardim do casarão Mendonça estava extremamente elegante. O casamento estava marcado para começar às 17hrs, no finzinho da tarde. Era pouco mais que 16:20pm, Marília já estava pronta andando pela festa cumprimentando alguns convidados.
Mário conversava com alguns amigos e Ruth coordenava os empregados para servirem bebidas e petiscos.
— Os vampiros estão planejando algo, estão quietos demais esperando esse casamento acontecer. - Mario diz para um de seus amigos. — De certo que não esperaremos mais nada depois do casamento, atacaremos logo.
— Sim, isso.
xXx
Maraisa terminava de calçar os sapatos quando alguém bate na porta.
— Entre, pode entrar.
Marcos abriu a porta e com muita admiração encarou sua filha vestida de noiva.
Maraisa estava extremamente linda, de tirar o fôlego de qualquer marmanjo. Marcos sorriu beijando-lhe a face.
— Trouxe isso pra você colocar em sua cabeça.
Ao abrir a caixa preta que estava pesada, Maraisa arregalou os olhos ao ver uma coroa lindíssima de brilhantes.
— Ajude-me a colocá-la, meu pai.
Marcos pegou a jóia e delicadamente repousou o objeto na cabeça de Maraisa.
— Impossível não lembrar de sua mãe. - Soltou emocionado. — Sei que esse casamento não é da sua vontade, me sinto o pior dos pais por isso. Mas quero que seja feliz independente com quem for, Maraisa. Eu te amo, filha.
Maraisa sorriu diante das palavras sinceras do pai tentando evitar as lágrimas. Andressa teve um grande trabalho pra maquiá-la, ela não queria estragar tudo em cima da hora.
— Vamos, já devemos estar atrasados. - Marcos sai do quarto rapidamente tentando esconder uma lágrima que caiu contra sua vontade.
Andressa entra no quarto para ajudar Maraisa a descer as escadas por conta do peso do vestido e do risco dela cair.
— Gostaria de estar casando por amor, Andressa. - Resmungou ao passar pela escada. — Mas quem sabe o que a vida preparou pra mim. Deseje-me sorte, por favor.
— Seja feliz e boa sorte, meu anjinho.
Maraisa entra na carruagem separada apenas para ela e logo está a caminho da casa da sua futura mulher. Leva consigo duas malas com coisas pessoais necessárias, depois mandaria buscar o restante.
Não demorou nada e já se podia ouvir o barulho de música e de vozes agitadas. Maraisa tremeu levemente ao sentir a carruagem parar.
A porta da mesma se abriu e então pode ver a mão do seu pai estendida.
— Vamos, minha filha. Estás atrasada uma hora.
Maraisa assentiu e então pegou na mão do seu pai descendo da carruagem. Encarou a beleza do lugar e a quantidade de pessoas que a olhavam. Tudo estava iluminado, elegante. No altar improvisado, encarou Marilia totalmente petrificada.
Uma música lenta apenas no violino começou a tocar, então todos levantaram.
Enlaçou o braço no do seu pai e em passos lentos caminha rumo a sua noiva.
Marília estava boquiaberta com tamanha beleza de Maraisa. Seria possível alguém ser mais bela que ela?
Ao vê-la mais de perto, não evitou sorrir recebendo outro sorriso em troca. Marcos beijou a testa de Maraisa, apertou a mão de Marília e se retirou deixando as noivas prosseguirem sozinhas.
Logo estavam frente a frente com Solér, o lobo vindo de longe que celebra casamentos de famílias líderes.
— Hoje, nesse dia tão especial, celebramos a união matrimonial entre Carla Maraisa Pereira e Marília Mendonça, filhas de dois líderes de duas alcatéias fortes e corajosas. Antes de darmos continuidade a celebração, pergunto se há alguém nesse lugar que é contra essa união. Dou-lhe permissão para que se manifeste ou se cale para sempre.
Maraisa encarou Marília e abaixou a cabeça ao lembrar-se de Lauana. Seria vergonhoso se caso ela resolvesse expor sua inconformidade com esse casamento. Marília, em um gesto meigo, alisou a mão de Maraisa tentando assim deixa-la mais calma. Ela sorriu.
— Já que ninguém manifestou-se, darei continuidade a cerimônia. - Solér segurava um símbolo de uma lua na mão direita e na esquerda uma grande taça. — O chá da erva de kandarrara purificará vossas almas e corações. Bebam.
Ele entrega a taça para Maraisa que bebe sentindo o gosto amargo do líquido. Logo ela passa a taça para Marilia que bebe e devolve para Solér.
— Segurem uma na mão da outra para unirem suas vidas e almas.
As duas enlaçam suas mãos de forma que parecem estarem brincando de "queda de braço". Solér amarra suas mãos com uma corda fina embebida no chá de kandarrara.
— Que os deuses abençoem essa união fazendo com que sejam felizes e tenham filhos. Que suas vidas nunca se percam uma da outra e que onde o coração de uma estiver, o outro esteja também.
Ele desata o nó e deixa as noivas frente a frente. Marília se perde nos olhos castanhos de Maraisa, tão meigos.
— Marília fará três promessas para Maraisa e vice-versa. Comece, Mendonça.
— Prometo zelar para que nossa união seja duradoura. - Marília respira fundo. — Prometo te fazer feliz e prometo ser uma mulher cada vez melhor pra você.
— Prometo te respeitar, prometo ser uma boa esposa e prometo te ajudar em tudo que precisares.
Solér incentiva a troca de alianças que é feita com calmaria e harmonia. Maraisa estranha o objeto pesado na sua mão esquerda.
— Diante de tudo isso eu, Solér Menuviv, vos declaro mulher e mulher. Podem se beijar.
Maraisa vê Marília se aproximar vagarosamente dela causando um tremor estranho em seu ser. Esperou ser beijada na testa, mas recebeu um beijo caloroso nos lábios. Palmas e assobios foram ouvidos demonstrando a alegria em saudarem o mais novo casal. Agora estavam casadas, oficialmente.
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Prometida à alfa - Malila g!p
FanfictionFilha do líder de uma alcatéia forte, Maraisa sempre dedicou-se a assuntos que não se referiam a lobos. Sabia que o que estava em seu DNA não podia ser mudado, mas preferia negar. Gostava de ensinar as crianças do vilarejo e ajudar quem precisava. ...