16 - Transformando

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Maraisa, após ter dito em voz alta a sua escolha, encolheu-se abraçando o corpo de maneira protetora. Marília correu até seu lado e abraçou-a. 

— Aconteceu algo, Mara? - Sussurrou passando a mão em seu cabelo. 

— É uma covardia o que ele fez comigo obrigando-me a escolher e conviver pra sempre com o fardo de assumir uma sobrenaturalidade tão rejeitada por mim. - Ela fraqueja. — Eu prometi pra minha mãe que não iria transformar-me, eu prometi... 

A voz de Maraisa foi ficando falha e então Marcos pediu pra Marília levá-la para o seu antigo quarto. Marília amparou sua esposa até o quarto ao lado, presumiu que fosse o quarto dela. Ela já chorava, lembrando que no dia do enterro da sua mãe tendo apenas sete anos, prometeu jamais tornar-se um monstro como o assassino que matou-a. 

— Ei, olha pra mim. - Marília pediu levando sua mão até um lado do rosto dela. — Eu sei que é duro pra você, mas saiba que você não está sozinha. Mesmo nosso casamento sendo meio que de fachada, você não deixa de ser minha esposa e eu vou estar do teu lado pra tudo, tudo. 

Maraisa totalmente inebriada com as palavras que ouviu, abraçou forte a autora delas. Sentiu seu coração bater mais rápido e um calafrio lhe percorreu o corpo. Estaria Maraisa começando a sentir ainda mais forte os sintomas do ócsio? Marília sorriu ao se afastar constatando que ela também está sentindo as mesmas coisas que ela, foi impossível não sentir o leve tremor que seu corpo deu. 

— Eu preciso te levar pra casa e ir para a divisa lutar contra os vampiros. - Ela faz carinho em suas mãos. — Confesso que me dói te deixar sozinha novamente, Mara. 

— Deixe-me aqui. Lá não servirei pra nada e aqui posso ficar cuidando da minha irmã. - Sugeriu esperançosa. — Assim que conseguir sair de lá, venha buscar-me. 

— Certificarei a quantidade de lobos que a protegem ao sair. - Ela sela os lábios de Maraisa. — Se cuida, marrenta. Eu volto pra te buscar, não demoro. 

Marília levanta-se e volta ao quarto de Maiara para despedir-se de Marcos. Encarou Maiara deitada na cama e verdadeiramente torceu para que a recuperação dela fosse rápida. 

— Irei para a divisa ajudar os lobos que estão lá, Sr. Marcos. - Estendeu a mão em cumprimento. 

— Está certo. - Apertou a mão da nora olhando bem dentro dos seus olhos. — E trate de contar para a Maraisa o que está acontecendo entre vocês as duas. Não é justo ela ser a última. 

Marília assente e sai do casarão Pereira prometendo a si própria que iria ser corajosa e contar antes que ela se transforme. Assim que Marília saiu do quarto de Maraisa, Andressa entrou com um sorriso imenso no rosto.

— Vocês são tão lindas juntas, menina. - Ela faz uma cara boba e sorri. — De longe se vê que a Deusa da lua escolheu uma para a outra. 

— Que nada, Andressa. Não se iluda assim, a Marília é uma mulherenga que sabe ser uma cavalheira na hora certa. - Meneou a cabeça levemente para o lado pensando no beijo desesperado que deu nela. — Mas admito que ela está mexendo comigo... 

— Ela é sua mulher, Isa. Vocês vão conviver juntas um bom tempo e quem sabe para sempre. É natural nascer um sentimento entre vocês, não se martirize, você é jovem. Bom, vou preparar o almoço, qualquer coisa é só chamar. 

Andressa saiu do quarto deixando Maraisa afogada em seus pensamentos. Pensamentos esses que estavam totalmente voltados para sua mulher. Uma dúvida lhe corroía: Seria possível estar apaixonada pela Marília? 

Chacoalhou a cabeça e passou o dorso da mão nos lábios tentando esquecer a sensação de ter seus lábios nos dela pela segunda vez só hoje. Levantou-se e olhou pela janela desejando saber se um alguém especial estava na missão de protegê-la. Saiu do quarto descendo às escadas indo atrás do seu amigo, o querido Hugo. 

Prometida à alfa - Malila g!pOnde histórias criam vida. Descubra agora