5 - Jantar

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Marília finalizava seu cabelo enquanto ouvia seu pai avisando que ela já deveria ter saído de casa. 

— Calma, pai. Eles irão me esperar, tenho certeza. 

Larissa observava da porta a irmã olhar milhares de vezes o cabelo e o corpo. 

— Até parece que vai casar hoje. - Larissa debochava. — Você está ótima, vai embora. 

— Não quero aparecer parecendo uma mendiga. - Marília alisa mais uma vez seu cabelo. — Acho que está bom. Até a volta, molenga. 

Marília vai até a carruagem que a levaria pedindo para o cocheiro não correr muito por causa do seu cabelo. Preferiu não transformar-se para não bagunçar seu traje. No meio do caminho, exatamente como combinaram, encontra Lauana a esperando. 

— Você realmente está deslumbrante, Lau - estende a mão ajudando-a a subir. 

— Eu te elogiaria se você parasse de me chamar assim. Odeio esse apelido. 

O cocheiro olhou de relance quando Lauana beija Marilia alvoroçadamente. Ele ainda não se acostumou com esse comportamento do futuro líder da alcatéia. 

Chegaram à Mansão Pereira em pouco mais que 50 minutos. Marília fez Lauana prometer que iria se comportar pois mesmo contra sua vontade, esse casamento vai ser benéfico para as duas famílias. 

A morena entendeu e prometeu tal coisa. 

Ao saírem da carruagem, um homem aproxima-se das duas pedindo para o seguirem.                                    

xXx 

Maraisa encarava uma estátua que enfeitava a sala tentando conter o nervosismo. Marcos e Maiara bebiam algo aguardando a visitante da noite. 

Logo ouvem as rodas de uma carruagem parando ao longe. 

— Ela chegou. - Marcos levanta-se assumindo uma postura ereta. — Até que enfim. 

A garota engoliu seco quando Hugo entra na sala anunciando as convidadas da noite. Maraisa estranhou pois pelo que sabia era só a filha mais velha que viria. 

— Sejam bem vindas. - Marcos as saúdam. 

Maraisa encara a mulher mais corpulenta que entra acompanhado de uma outra mulher bastante bonita. Por poucos segundos, os olhos das duas se cruzaram e permaneceram admirando-se. Maraisa desvia o olhar ajeitando seu longo vestido azul escuro. Algo no olhar de Marília era familiar. 

— Deixe-me apresentar-nos. - Marília toma a frente. — Sou Marília Mendonça, futura líder da alcatéia Crescente. Essa é Lauana Prado, amiga da família e futura membro da nossa alcatéia. 

— Um prazer conhecê-las. - Marcos aperta a mão de Marília e beija a de Lauana. — Esse é minha filha Maiara Pereira e essa é a minha filha e sua noiva, Carla Maraisa Pereira. 

Maraisa as cumprimenta com uma reverência perfeita. Encara mais uma vez o castanho claro hipnotizante dos olhos de Marília e dá um sorriso contido. Marília faz o mesmo reconhecendo a garota assustada que encontrou da última vez que esteve naquele lugar. 

— Venha, vamos nos sentar à mesa. 

Marcos e Maiara vão na frente, Marília e Lauana vão logo depois. Maraisa permanece parada tentando compreender tamanha beleza que sua futura esposa tem. Repreendeu-se por admira-la indo rapidamente até a sala de jantar. Sentou-se de frente para sua noiva tentando desviar de seu olhar. 

— Como vai seu pai, Marília? Aguardávamos você aqui ontem mas seu pai nos explicou que você ficou ocupada. 

Marília quase solta uma gargalhada ao lembrar que farreou a noite inteira e por não ter chegado em casa na hora certa, seu pai teve que inventar essa desculpa. 

— Ele está bem, obrigado. E realmente eu fiquei ocupada tratando de uns assuntos da alcatéia. 

Lauana também ficou tentada a sorrir, então preferiu bebericar um pouco de água pra fazer a vontade passar. 

Maraisa ficou pensando no quanto vai ser sozinha na futura casa que irão morar já que ela é bastante ocupada com negócios da alcatéia. Melhor assim, pensou ela. 

— Bom, vamos jantar que já passou da hora. - Marcos ordena que comecem a serem servidos. 

Por baixo da mesa, Lauana apertava levemente a coxa direita de Marília. Ela tentava fazê-la parar, mas estava gostando dessas trocas de carícias às escondidas. 

— Algum problema, Marília? - Marcos pergunta estranhando as vezes que ela pareceu sussurrar algo. 

— Não, não é nada demais. Só essa comida que está maravilhosa. 

Maraisa sorriu pois ao voltar do vilarejo, se dispôs a ajudar Andressa com a comida. Temperou boa parte do que foi servido então aquele elogio era pra ela também. 

Durante o jantar, Marília e Marcos eram os que mais conversavam. Lauana ficava provocando Marília, Maiara só comia calada e Maraisa estava imersa em seus pensamentos. 

— Não é, filha? - Marcos parece fazer Maraisa tornar a si com a pergunta. 

— Desculpe, não ouvi. - Ela diz totalmente sem graça. 

— Estava dizendo o quanto você toca piano lindamente. É uma coisa maravilhosa de se ouvir. 

— É, toco sim. Aprendi com a minha professora de música aos 11 anos. 

A sobremesa foi servida arrancando elogios a toda hora. Marília já estava louca pelas provocações de Lauana. 

— Posso tomar um ar lá fora rapidinho? - Lauana faz uma cara de que está passando mal. — Não estou muito bem. 

— Eu te acompanho. - Marília levanta amparando sua "amiga". — Voltamos logo. 

Marcos assente concluindo sua sobremesa. Maraisa preocupa-se com Lauana, será que foi a comida? 

Ao pisar o pé fora da mansão, Lauana arrasta Marília para um cantinho escuro e começa a beija-la. A troca de carinho entre as duas já estava tão intensa que gemidos involuntários saíam de suas bocas. 

Maraisa, preocupada, vai até a cozinha preparar um chá para Lauana. Ela era uma visita, então era dever dela trata-la bem. Depois de pronto colocou em uma xícara, pediu para seu pai aguardar e saiu em busca das duas. 

Assim que passou pela porta, ouviu sussurros vindo de um canto perto das roseiras. Aproximou-se vagarosamente contemplando a cena de Marília mordendo o pescoço de Lauana que estava com o vestido quase todo aberto. 

— Oh. - A xícara escapa de suas mãos. — Perdoem-me, não quis bisbilhota-las. Eu... Eu... Desculpem-me. 

— Maraisa. - O nome da jovem saiu como um sussurro da boca de Marília. — Não é nada do que... 

— Não precisam se explicar. - Maraisa alivia sua expressão contemplando Lauana ajeitar o vestido. — Eu já entendi que por causa desse casamento o namoro de vocês precisam ser às escondidas. Isso não é problema pra mim, Marília. 

— Mas eu não... 

— Devido ao casamento, não podemos viver o que sentimos uma pela outra em paz. - Lauana começa a jogar de acordo com o que Maraisa fala. — Você entende, Maraisa? 

Marília encara Lauana com fúria não entendendo por que ela está dando corda aos pensamentos de Maraisa. 

— Fique tranquila, Lauana. Esse casamento é totalmente contra a minha vontade e provavelmente contra a da sua namorada também. - Maraisa começa a pegar os cacos da xícara do chão. — Vocês podem continuar. Direi que derrubei a xícara sem querer mas que você já está bem, Lauana. Não precisa mais do chá. 

Em passos rápidos e engolindo o choro, Maraisa entra na casa indo diretamente para a cozinha. Deposita os cacos no lixo e passa o dorso da mão no nariz, fungando. 

— Onde fui me meter? - Perguntou limpando as lágrimas que insistiam em descer.

Prometida à alfa - Malila g!pOnde histórias criam vida. Descubra agora