29 - Gerando um bebê

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Marília saiu correndo atrás da sua amada, aquela que ela esperou desesperadamente ansiando pelo seu beijo mais uma vez. Ela prometeu a si mesmo não sentir-se culpada por não levar o dendê pra Luísa, ela saberia esperar. Transformada, saiu desviando das árvores louca para vê-la. No tempo que ficaram longe, Marília só pôde vê-la duas vezes. E essas vezes foram rápidas, muito rápidas. O coração de Marília estava quase saltando do peito, era tamanha a euforia que sentia. Por vezes uivou alto como se quisesse avisar a sua esposa que estava chegando. Ao chegar na divisa, Marília foi diretamente para uma casinha um pouco escondida entre as árvores. Sentiu o cheiro enlouquecedor de Maraisa, não hesitou em abrir a porta rapidamente.

— Maraisa!

Chamou-a na intenção de vê-la vir até ela como das outras vezes, mas reparou que ela não se mexeu. Aproximou-se contemplando sua esposa tremendo muito e bastante suada.

— Meu amor... - Sussurra pegando no rosto de Maraisa e constatando que ela ardia em febre.

Marília enrolou Maraisa no lençol que forrava a cama e então a colocou em seus braços. Teve medo de transporta-la na forma de lobo, teria que andar. Ela temeu deixar para socorrê-la ao amanhecer, ela estava tremendo muito.

— Marília... - Maraisa sussurra em puro delírio. — Não me deixe...

Marília sentiu seu coração partir em mil pedaços ao ouvir o delírio de Maraisa. Ela estava sonhando que Marília a deixava, coisa que ela jamais iria fazer por vontade própria. Abriu a porta e saiu caminhando com a sua mulher nos braços. Tentou ir o mais rápido que podia, mas sabia que tinha que carregá-la com cuidado. Maraisa tinha a pele tão clara que assemelhava-se a uma boneca de porcelana. Minutos depois, Marília ofegava carregando Maraisa. Andando, o vilarejo ficava muito distante. Era exaustivo andar tanto, ainda mais carregando alguém. Sua visão ficou um pouco embaçada, acabou encostando em uma árvore. Não estava se alimentando bem, seu corpo começava a demonstrar fraqueza.

— Marília! Marília! - A voz de Hugo fez Marília suspirar aliviada.

— Venha logo, me ajude a carrega-la. - Ordenou exausta. — Eu estou exausta e carrega-la na forma sobrenatural pode ser perigoso.

— Deixe-me ajudá-la, Marília. - Sugeriu pegando Maraisa dos braços de Marília. — Você realmente está exausta.

— Estou indo logo atrás, vai logo.

Hugo assentiu e então se pôs a andar. Marília transforma-se e foi caminhando atrás de Hugo afim de protegê-los de qualquer ataque. Ela sabia que levá-la para o vilarejo era errado, afinal ela foi expulsa. Mas uma outra regra de qualquer vilarejo era nunca negar ajuda a alguém que precise, esse era o caso de Maraisa.

Em poucos minutos, Marília e Hugo chegaram ao vilarejo Nascente. Maiara abriu o grande portão tirando Maraisa dos braços de Hugo, depois indicou um lugar onde tinha roupas para Marília se vestir. Maiara carregou a irmã até o sofá deitando-a delicadamente, o corpo de Maraisa queimava.

— Chame um médico, Andressa. Corra! - Maiara ordena nervosa. — Alguém pode dizer o que está acontecendo com a Maraisa?

— Ela vem passando mal faz uns dias, mas se recusou a ir ao médico. - Hugo responde. — Suspeito de algo, mas é melhor esperarmos o médico chegar.

— Deixe-me ficar perto dela. - Marília aproxima-se de Maraisa. — Cadê o Marcos?

— O Sr. Marcos está chegando. Precisará sair da batalha sem chamar muita atenção. - Hugo intervém outra vez. — Agora só nos resta esperar.

Os minutos se passaram como se fossem horas, todos na sala estavam impacientes. A porta é aberta com um estrondo, Marcos entra correndo até onde vê sua filha. O médico do vilarejo, doutor Hélio, entra logo depois de Marcos.

— Veja a minha filha logo, Hélio. - Marcos dizia extremamente nervoso.

O doutor aproximou-se seriamente de Maraisa, pediu que levassem ela para um quarto imediatamente. Depois que Marília deitou-a na cama do seu quarto anterior, ela começava a tremer mais forte. Hélio averiguou a condição física da garota com cuidado, ela parecia muito exausta. Depois olhou sua boca, glóbulos oculares, ouvidos, partes do corpo em geral, limitando-se apenas ao que estava exposto.

— A Sra. Maraisa está parecendo exausta, seu corpo possui algumas marcas de luta. - Hélio começa a sua avaliação.

— Hugo, o que você fez com ela? - Maiara avança em cima de Hugo querendo esmurra-lo, mas é impedido por Marcos. — Eu vou matar esse desgraçado que não cuidou direito da minha irmã!

— Apenas treinamos para melhorar as habilidades de luta dela. - Hugo engole seco. — Ela insistiu muito.

— Depois cuidamos do Hugo, continue, doutor. - Marília diz ignorando a situação.

Hélio remexe em suas coisas pegando alguns vidros com substâncias. Chacoalha o conteúdo de alguns potes e depois mistura algumas substâncias dentro de um pote moendo suas estruturas.

— Ela vem demonstrando algum sintoma? Ela não pode ter caído doente por nada. - Hélio continua empenhando em preparar sua mistura.

— Vem estado muito enjoada, sonolenta e desejando certas comidas. - Hugo explica. — Suspeito de algo, doutor Hélio, mas só o senhor poderá confirmar.

— Hum, entendo. - Ele passa o pote com as substâncias moídas para Andressa. — Coloque isso para ferver, agora.

Marília ficou encarando Hugo tentando entender o que ele estava sugerindo. Chacoalhou sua cabeça ao perceber que estava pensando demais. Andressa sai do quarto para ferver o que lhe foi dado, Marcos controlava Maiara que ainda não engoliu essa história de Hugo ensinar Maraisa a treinar como uma condenada. Hélio continuou observando Maraisa minuciosamente, ele já tinha detectado vários problemas na garota. Mas precisaria do chá para detectar o único que lhe preocupa, o que Hugo sugeriu.

Minutos depois, Andressa entra no quarto segurando uma xícara com o líquido fervente, a tal mistura. Entrega para Hélio e se afasta enxugando as lágrimas que derramava. Já era quase madrugada, um vento frio entrava pela janela fazendo as cortinas balançarem. Hélio pede ajuda a Marília para espalhar aquele conteúdo da xícara no corpo da garota.

— Coloque dois dedos dentro da xícara e passe-os em cantos expostos. - O doutor explica fazendo o que diz. — Isso irá eliminar a dúvida que Hugo colocou em minha cabeça.

Os dois começaram a espalhar o líquido amarronzado no corpo de Maraisa. Depois de acabarem todo o líquido, Marília se afasta.

— Só mais alguns minutos... - Hélio fica encarando as marcas deixada pela mistura na garota.

Aos poucos, a mistura tornou-se avermelhada fazendo os olhos de Hélio arregalarem-se. Um tremor passa pelo corpo de Marília fazendo a mesma abraçar-se.

— Se o líquido ficasse avermelhado no corpo dela, significaria que... - Ele suspira e olha pra Marília. — Ela está grávida, Marília. Sua esposa está gerando um bebê.

Prometida à alfa - Malila g!pOnde histórias criam vida. Descubra agora